Lázaro Ramos falou sobre a sua decisão de sair da TV Globo durante a pré-estreia do filme "Medida Provisória" no Recife, nesta segunda-feira (4). O diretor participou de um debate ao lado do ator Alfred Enoch, que protagoniza o longa-metragem, e do psicanalista Érico Andrade após a sessão no Cinema São Luiz.
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"Troquei a Globo pela Amazon por estar um pouco cansado de pedir, como se eu fosse um pedinte, como se eu tivesse de implorar por uma coisa que é poderosa, que são os nossos profissionais, a nossa história", disse, em resposta a uma pergunta da roteirista Juliana Lima sobre falta de oportunidades para realizadores negros.
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"Eu mudei justamente por isso. Acho que o que fazemos é muito válido. Pena que o mercado está atrasado, mas na hora que eles enxergam a gente, podemos nos juntar e fazer um 'Medida Provisória'. Isso para mim é muito importante hoje em dia. Em tudo o que eu fizer, a capacidade e a qualidade dessa gente toda que tem no nosso país será vista."
Lázaro Ramos anunciou a não renovação do contrato com a TV Globo em setembro de 2021. Logo em seguida, ele assinou um contrato de exclusividade com a Prime Video, streaming da Amazon para desenvolver projetos na função de diretor.
Ele estava na emissora desde 2002, quando estreou na microssérie "Pastores da Noite", baseada na obra de Jorge Amado. Na emissora, viveu papéis marcantes como Foguinho, de "Cobras & Largatos" (2006), pelo qual foi indicado ao Emmy, em 2007.
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Ainda no debate no Recife, Lázaro afirmou que, para que mudanças sejam possíveis no audiovisual, existe uma necessidade da mudança da gestão do governo federal. Ele também defendeu a regulamentação do streaming. "É uma área sem regulamentação. Estão produzindo, mas ainda existe muita coisa a ser negociada. Essa é uma luta que vai demorar um pouco".
Baseado na peça teatral "Namíbia, Não!", do baiano Aldri Anunciação, "Medida Provisória" mostra um Brasil distópico em que uma campanha do governo, com argumento de justiça social, obriga negros a imigrarem para países da África. O longa ainda conta com nomes como Taís Araújo, Seu Jorge, Adriana Esteves e Renata Sorrah no elenco de peso.
Justamente pelo enredo (e pelo tom militante da direção), a noite no Recife foi marcada por posicionamentos políticos. "A história desse filme começou em 2011, mas a base da história é de 2015. Na época, estávamos pensando em coisas que não gostaríamos que acontecessem no Brasil. Parte das coisas que ocorrem neste filme já aconteceram", disse Lázaro Ramos, em fala ao público da pré-estreia.