Após 10 anos fechado para reformas, o Teatro do Parque, no Centro do Recife, teve a sua reinauguração em um momento crítico da pandemia: dezembro de 2020. Com a retomada gradual das atividades culturais da cidade, o teatro centenário finalmente pôde se converter num dos espaços mais disputados da agenda recifense.
De acordo com o Secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello, houve um aumento de procura em todos os teatros, mas o Parque teve o dobro de solicitações para uso. Só no mês de abril, por exemplo, foram realizados shows de Alessandra Leão (1º), Mombojó (2), Marcelo Jeneci (7 e 8), Banda de Pau e Corda (9) e Platônicca (10), além da Semana do Audiovisual Negro (5 e 6) e do Festival des 3 Continents (12 e 13).
Para este mês, ainda estão previstos shows de Isadora Melo (23) e Ilê Aiyê - "Que Bloco é Esse?" (30). Em março, passaram por lá veteranos da cultura pernambucana como Lula Queiroga e Geraldo Maia, assim como a estreia do documentário "Som na Rural: a Palma, o Palco, a Festa", de Helder Lopes, e o espetáculo de dança "Anamauê", inspirado no manguebeat, do grupo Pantomima.
"Temos um maior desafio com o Parque por conta dessa procura muito grande hoje, pelo significado e simbolismo que ele tem. São demandas dos próprios proponentes, pois às vezes existe uma história do artista com o espaço, como foi com o Lula Queiroga", diz Ricardo Mello, secretário de cultura do Recife.
"Aprovamos mais de mil projetos recentemente com os editais do Lab PE e do Recife Virado, nem todos vão ocupar o Parque", continua. "Conversamos com os proponentes para sugerir outros espaços, pois queremos ter todos os teatros ocupados permanentemente. A equipe precisa segurar essa onda, pois é preciso manter uma programação quando essa fase de pico passar, criando um sentimento de apropriação do local".
O gestor ainda ressalta que cada teatro tem uma espécie de "perfil". O Apolo seria a mais "intimista", ideal para formação de plateia. Já o Teatro Luiz Mendonça também tem sido procurado para solenidades como formaturas.
Quando teremos cinema no Cineteatro do Parque?
Em 1929, o Teatro do Parque se tornou o primeiro teatro equipado para receber filmes sonoros na história do Nordeste. Desde a reinauguração, recebeu festivais de cinema como 11º ANIMAGE - Festival Internacional de Animação de Pernambuco; o 25º Cine PE - Festival do Audiovisual; o 8º Recifest - Festival da Diversidade Sexual e de Gênero e a 6ª MARÉ - Mostra Ambiental de Cinema do Recife.
A programação fixa de cinema, no entanto, ainda não foi estabelecida. Mas já se sabe quem será o programador: o jornalista e pesquisador Luís Fernando Moura, conhecido por atuar na coordenação de programação do Janela Internacional de Cinema do Recife, criado por Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux em 2008.
Cinema no Teatro Apolo?
O Teatro Apolo, o equipamento cultural mais antigo do Recife (fundado em 1839), já foi um Cine-Teatro em 1996, com a revitalização do Recife Antigo. O secretário de cultura Ricardo Mello afirma que vem discutindo sobre reativar o cinema do espaço.
"Seria mais um cinema de rua que se juntaria ao São Luiz, tendo uma cultural de cinema espalhada pela cidade. Reconquistar esse local do Cinema. Estamos fazendo um levantamento para saber o que fazer, para ter uma sala que abra possibilidades de pautas para o audiovisual. Não como está o Parque hoje, que está com tudo em cima. Mas queremos pensar em espaços, novas centralidades. Quanto mais tiver cinema ou teatro perto, mais vamos ter chances de fazer as pessoas entrarem."
Atualmente, o Apolo, juntamente com o Teatro Hermilo Borba Filho, instalado no mesmo endereço, integra o Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo-Hermilo, voltado para desenvolver projetos de formação e incentivo às artes cênicas. O espaço conta com programação alternativa, de segunda a quarta, a preços populares.
Caso se tornasse um cine-teatro, seria a segunda sala do Recife Antigo, que já conta com o Cinema do Porto, parceria do Porto Digital com a Fundação Joaquim Nabuco.