MÚSICA

Duda Beat: 'Ainda luto para tocar numa rádio do Sudeste'. Confira a entrevista

Cantora faz primeiro show no Recife desde o começo da pandemia e compartilha êxitos, desafios e próximos passos da carreira: 'Precisamos ser pioneiras também nas coisas que colocamos no mundo'

Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 07/07/2022 às 15:21 | Atualizado em 08/07/2022 às 11:52
MÚSICA Duda Beat roda o Brasil com a "Duda Beat On Tour", turnê do álbum "Te Amo Lá Fora" - GABRIELA SCHMIDT/DIVULGAÇÃO

Duda Beat fará, neste sábado (9), seu primeiro show no Recife desde o início da pandemia. Nesse meio tempo, a recifense lançou um novo álbum, "Te Amo Lá Fora" (2021), e colheu diversos frutos do trabalho - uma turnê na Europa com ingressos esgotados e um convite para cantar no Rock in Rio, em setembro, são exemplos.

A cantora e compositora — que depois do show deste sábado voltará em breve a Pernambuco como atração do Festival de Inverno de Garanhuns, dia 23 — se apresentará na cidade natal pela primeira vez com balé. Esta é uma novidade da "Duda Beat On Tour", turnê desenhada com iluminação de Arthur Farinon e Julien Katona, mais cenografia de Ludmila Machado.

"Acho que essa Duda volta muito forte, muito potente, muito segura de si e das coisas que colocou no mundo. Passar pela minha terra natal é maravilhoso, não apenas por ver minha família na plateia, mas os meus conterrâneos", diz ao JC.

Duda Beat conta que, para voltar à terrinha, esperou por uma data e uma parceria ideais. O show acontecerá no Clube Português, sendo a atração principal da festa Bailinho Goxtoso, que também contará com os pernambucanos Michelle Melo, Uana Mahin, Benza e os DJs Iury Andrew e Mau Lopes.

"Eu frequentei muito o Clube Português quando era mais nova e o line-up conta com outras pessoas que admiro muito também", continua a artista, afirmando conhecer os trabalhos de Benza e de Michelle Melo.

"Desde que eu ia para escola e a via nos programas de brega no meio-dia. Sou muito fã dela, é uma honra para mim estar no mesmo palco que ela", conta, sobre Michelle.

"Acho que o brega tem essa coisa do drama e da sofrência, né? É muito explícito. É algo que está nas minhas canções, letras e trajetória de vida. Tudo o que ouvi no Recife é referência, assim como o frevo, maracatu, forró. Eles regam minha arte de uma forma muito bonita, mas sobretudo o brega na questão do drama, da sofrência que existe no desabafo que ele tem."

Pernambuco 'tipo exportação'

MÚSICA Duda Beat roda o Brasil com a "Duda Beat On Tour", turnê do álbum "Te Amo Lá Fora" - GABRIELA SCHMIDT/DIVULGAÇÃO

Duda Beat é um nome atual que seguiu um roteiro um tanto clássico — outros artistas pernambucanos migraram para o Rio de Janeiro, onde construíram a base da carreira e conseguiram fama nacional. Prova disso foi a presença da cantora na festa carioca "Viva Recife", ao lado de Alceu Valença e Lenine, dois conterrâneos fincados em terras fluminenses.

Quando o manguebeat completa 30 anos, a música pernambucana segue produzindo experimentações e buscando abrangência nacional. Duda, por exemplo, chamou Cila do Coco para abrir seu disco mais recente, em participação na faixa "Tu e Eu".

"Eu misturei as minhas referências de vida, que são coco, maracatu e forró, com as coisas do mundo. Isso foi algo que consegui equilibrar para poder ter uma sonoridade diferente. Acho que pode ser um bom conselho, talvez: tentar equilibrar as coisas pra poder ir pegando cada vez mais o seu espaço", diz Duda, quando questionada sobre o que diria para novos artistas da terra.

"O maior conselho que posso dar, de fato, é acreditar na sua verdade, colocar a sua verdade na música e não seguir fórmulas. É muito fácil seguir uma fórmula que está dando certo, mas precisamos ser pioneiras também nas coisas que colocamos no mundo."

Apesar de todo o sucesso, a cantora admite que ainda luta para abrir algumas portas. "É uma luta diária para conquistas. Eu ainda hoje luto para tocar numa rádio do Sudeste, por exemplo."

Turnê internacional e próximos passos

MÚSICA Duda Beat roda o Brasil com a "Duda Beat On Tour", turnê do álbum "Te Amo Lá Fora" - GABRIELA SCHMIDT/DIVULGAÇÃO

A turnê de Duda Beat na Europa ocorreu em abril, passando por sete cidades: Berlim, Paris, Londres, Lisboa, Porto, Madri e Barcelona.

"O tratamento do público é bem diferente. O negócio de prestar atenção, acho que porque eles passam muito tempo sem ouvir a nossa língua. É como se fosse um reencontro de almas. É uma sensação que parece um pouco quando eu volto pro Recife. Existe um olhar de pertencimento", reflete.

Ao ressaltar um episódio da viagem, ela diz que conseguiu levar a mãe e irmã para conhecer Paris. "Foi um presente ter a possibilidade de proporcionar isso. No show, eu olhava pro lado e 'tava' minha mãe e irmã. Foi uma das coisas mais especiais da viagem."

Duda Beat lançará várias parcerias com artistas que admira, incluindo um feat. com Pabllo Vittar, ainda neste ano. Em outubro ou novembro, será lançado um novo projeto que deve ter algumas músicas inéditas. Mas disco novo só em 2023.

"Quero continuar rodando com a turnê do "Te Amo Lá Fora", pois lancei meu disco num momento em que não tínhamos shows. Esse é um disco super especial para mim", finaliza.

SERVIÇO
Bailinho Goxtoso com Duda Beat, Uana Mahin, Benza, DJ Iury Andrew e DJ Mau Lopes
Onde: Clube Português do Recife (Av. Conselheiro Rosa e Silva, 172, Graças)
Quando: neste sábado (9), a partir das 20h
Quanto: 240, R$ 120 (meia entrada), R$ 130 (entrada social com doação de 1kg de alimento não perecível) e R$ 200 (duo de ingressos), à venda no Doity, no Ingresso Prime e no Ingresso Prime nos shoppings RioMar Recife, Tacaruna, Recife, Patteo Olinda e Difusora (Caruaru).

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