CINEMA

Documentários musicais sobre manguebeat e Cafi venceram In-Edit Brasil

Festival premiou "Manguebit", de Jura Capela, e "Cafi", de Lírio Ferreira e Natara Ney

Cadastrado por

Romero Rafael

Publicado em 28/06/2022 às 14:47 | Atualizado em 28/06/2022 às 14:49
RARIDADE Chico Science e Nação Zumbi no estúdio Nas Nuvens, no Jardim Botânico, Rio - DANIELA HALLACK DACORSO/DIVULGAÇÃO

Manguebit, documentário do diretor recifense Jura Capela, venceu a 14ª edição do In-Edit Brasil — Festival Internacional do Documentário Musical. O resultado foi anunciado no fim de semana.

Aclamado no festival daqui, Manguebit será exibido no In-Edit Barcelona, a ser realizado entre 27 de outubro e 6 de novembro, com a presença do diretor. O filme retrata a história do manguebeat com depoimentos de pessoas que o criaram ou estiveram ligadas a ele.

"O prêmio vai para um filme que, com um trabalho magistral de recuperação de acervo e montagem, eterniza um movimento não apenas musical, mas cultural, que uniu os sons pernambucanos com a música do mundo e criou um estilo único: o manguebeat", destacou o júri do In-Edit Brasil em comunicado.

Participaram da eleição André Barcinski, jornalista, roteirista e diretor de TV; Andréa Alves, produtora cultural; Beth Formaggini, diretora, roteirista e produtora documentarista; e Juliana Vicente, cineasta.

O cineasta Jura Capela, que integrou os coletivos artísticos Canal 03 e Telephone Colorido, viveu a efervescência do manguebeat e fez ele mesmo registros da época. Muitos dos arquivos de Manguebit são inéditos.

"Fomos da cultura popular até o momento em que as bandas começaram a fechar contrato com as gravadoras", disse o diretor ao Jornal do Commercio em entrevista recente, sobre o que o documentário abrange.

"Passamos pelo bar Soparia, onde Roger de Renor era um mestre que reunia todo mundo. Também trazemos o olhar da MTV, que tinha acabado de chegar no Brasil. A MTV foi uma peça bem importante na divulgação do manguebeat no Brasil."

Cafi

Também de realizadores pernambucanos, Cafi, de Lírio Ferreira e Natara Ney, sobre o fotógrafo recifense Carlos Filho, morto em 2019, saiu do In-Edit Brasil com um prêmio especial "pela beleza de suas imagens e a liberdade narrativa desse tributo a um grande criador de imagens, muitas delas dedicadas a artistas e capas de discos icônicos da música brasileira". É de Cafi, entre outras, a capa emblemática do disco Clube da Esquina, com dois meninos na foto.

Cafi com o disco "Clube da Esquina", que tem na capa fotografia dele - REPRODUÇÃO

Cafi é o segundo longa-metragem de Natara Ney como diretora. A pernambucana, radicada no Rio de Janeiro desde os anos 1990, lançou recentemente o documentário "Espero que Esta te Encontre e que Estejas Bem", que está em cartaz nos cinemas.

"'Cafi' é um projeto de doação, que a gente abraçou para realizar, porque não teve um edital [patrocinando], ele foi feito com a cumplicidade dos amigos de Cafi, da Deborah [Colker, coreógrafa, com quem o fotógrafo foi casado]. É um presente para ele, de todos os amigos, de todas as pessoas que cruzaram a vida dele. A maioria dos compositores cedeu as músicas, então eu encaro como um trabalho de coletivo", conta Natara Ney sobre a obra, que ainda vai percorrer mais alguns festivais até ser distribuído.

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