O ano corrente tem sido um desafio, em vários aspectos, para a humanidade. O setor cultural, especificamente, ainda tenta se adaptar às medidas de segurança contra a covid-19 e permanece sem muita certeza de como o período em suspensão das atividades vai impactar o futuro do seguimento.
Mas, para alguns, 2020 também teve sua parcela positiva e significou um instante de retomada no projeto de carreira. É o caso da Duque de Arake, banda formada há quase duas décadas no bairro do Ibura, na zona sul da capital pernambucana.
O grupo lançou hoje (12/11) nas plataformas de audição por streaming o álbum Na Estação, símbolo de dupla comemoração: pelo aniversário de 18 anos e também pelo retorno da banda, após 11 anos sem levar músicas inéditas para o público. Por telefone, o vocalista e compositor Guga Milfont falou sobre a decisão de investir nessa dupla novidade.
"Aconteceu uma compilação de coisas que culminaram com esse tempo de estagnação. A gente vinha ensaiando, se apresentado, mas sem gravar algo novo, embora estivéssemos compondo durante os ensaios", conta Guga. "Na metade do ano passado, retomamos o trabalho de forma mais forte e com muita vontade de gravar, sabíamos que estava na hora", diz.
O vocalista detalha ainda que o processo de produção também foi bem mais fácil devido à dinâmica de seleção das músicas escolhida pela banda, já que das 12 faixas integrantes de Na Estação, cinco são inéditas e outras sete são novas roupagens para músicas gravadas em discos anteriores (O Menino que queria falar, de 2004, e Um, lançamento de 2009).
"O Anjo e o Furacão, por exemplo, single que lançamos em outubro, já estava pronta há oito anos. Então o trabalho maior foi de revisão do que fazer (como conjunto)". Uma das poucas exceções é a derradeira Santa Noite, composta recentemente e sobre este momento de pandemia. No "faixa a faixa" divulgado pela banda, Guga Milfont analisa Santa Noite como "uma canção que trata do convívio de um casal no período da quarentena, 'egoístas pós-modernos', mostrando a preocupação apenas consigo, isolando-se do mundo sem saber que lá fora o 'mundo também estava morrendo'".
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Já as releituras nasceram do que a banda vinha experimentando ao vivo, resultando em versões mais orgânicas, segundo Guga, o que foi adubado pela chegada de Kennedy Albuquerque, há dois anos. O tecladista toca também acordeon e escaleta, instrumentos acrescentados ao repertório.
"Colocamos o nome desse disco de Na Estação justamente por ele ser um trabalho de transição. Sempre fomos influenciados pela música pernambucana, porque somos pernambucanos e porque andamos na rua, respiramos isso o tempo todo. Kennedy tem isso ainda mais à flor da pele, é nativo de Glória do Goitá, e quando se juntou à gente, marcou mais ainda esse momento (de maior ligação com a cultura popular regional)".
Além disso, o novo instante de experimentações da banda tem funcionado como uma espécie de laboratório para mais um álbum, previsto para 2021. Antes, a Duque de Arake disponibilizará mais singles inéditos para audição. O primeiro deve chegar já nos primeiros meses do ano que vem.
Por enquanto, a divulgação de Na Estação tem sido majoritariamente feita pelas redes sociais. A banda está articulando a realização de um pequeno show acústico para marcar o momento, em um bar da Região Metropolitana do Recife, respeitando todas as normas de distanciamento e prevenção ao contágio pelo novo coronavírus, mas os detalhes ainda estão sendo acertados.
Junto ao Na Estação, também estão disponíveis a partir de hoje o lyric video da segunda faixa, Quarto (assista abaixo), e o website oficial da Duque de Arake. O álbum pode ser ouvido nas principais plataformas de streaming e deve ganhar uma tiragem limitada de cópias físicas.