SAUDADE

Um mês de saudade: relembre a trajetória do cantor pernambucano Augusto César

Vítima de complicações da covid-19, segundo familiares, o cantor faleceu no dia 20 de abril de 2021, aos 61 anos de idade, e já deixa saudades - um sentimento recorrente em suas letras

Cadastrado por

Katarina Moraes, Vanessa Moura

Publicado em 21/05/2021 às 11:43 | Atualizado em 21/05/2021 às 11:54
Augusto César - TOM CABRAL/ ACERVO JC IMAGEM

Há um mês Pernambuco chora a morte daquele que começou a carreira como cantor de rádio, mas que alcançou os palcos, as ruas, e o coração de muita gente. Augusto César, esse é o nome. Vítima de complicações da covid-19, segundo familiares, faleceu no dia 20 de abril de 2021, aos 61 anos de idade e já deixa saudades — um sentimento recorrente em suas letras.

Augusto era diabético e passou mal em casa. Inicialmente, foi socorrido para um hospital público, mas o quadro foi se agravando. "Ele estava com alguns quadros (sintomas), mas era muito teimoso. Tentei levá-lo para fazer exames e ele não quis. Só quando ficou muito ruim, conseguimos levá-lo. Chegando lá, o médico detectou que provavelmente era covid, e que os problemas que ele tinha foram agravados pelo vírus", contou o filho do artista na época.

Levado para o Hospital Hapvida, Augusto César passou de um leito semi-intensivo para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi, posteriormente, intubado. "Foi tudo muito rápido. Em um piscar de olhos, painho foi embora cantar no céu", lamentou o filho.

A despedida, infelizmente, não pôde ser a altura. Para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, o sepultamento do cantor teve a presença apenas de familiares. A legião de fãs do artista pernambucano, por sua vez, prestou homenagens de forma virtual. Ele foi enterrado no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife.

A missa de sétimo dia em homenagem ao cantor também foi transmitida através das redes sociais. A cerimônia aconteceu às 19h do dia 26 de abril, na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, no bairro da Torre, Zona Oeste do Recife. A transmissão foi assistida por muitos dos que o amavam e admiravam como artista, que também lotaram as redes sociais com mensagens póstumas de carinho.

Augusto começou a carreira na rádio, ainda criança em programas como Tia Linda, Jorge Chau Show. Foi como calouro do programa de Paulo Marques que ele falou com Roberto Carlos pela primeira vez — um ídolo e uma inspiração para Augusto. Ele também foi amigo pessoal de Reginaldo Rossi, com quem fez grandes parcerias.

Seu álbum de estreia, no entanto, demorou a ser gravado, em 1985. Dois anos depois, estourou com "Escalada", sucesso nacional, pela gravadora 3M, com direito a Disco de Ouro (na época por cem mil cópias vendidas). Depois de uma breve passagem por São Paulo, voltou para o Recife e aqui, construiu uma obra de 23 discos, entre LPs e CDs, dois DVDs, um deles gravado no histórico Teatro de Santa Isabel.

"Não se sabe onde começa Augusto César e onde termina o Recife", descreveu um internauta no Twitter. Pelos fãs, Augusto César é lembrado por encher o Centro do Recife de ritmo e alegria. Afinal, eram nas ruas da capital pernambucana que ele vendia os próprios CDs há cerca de 20 anos. "Lembro de vê-lo vendendo seus CD's no centro do Recife, apesar de ser um cantor renomado, sempre foi carismático e acessível às pessoas", revela uma outra internauta.

Com toda essa história de pertencimento com as ruas do centro do Recife, um projeto de lei foi criado, solicitando a alteração do nome da Rua Nova, no bairro de Santo Antônio, no Centro do Recife, para homenagear o artista. A PL foi criada pelo vereador Fabiano Ferraz (Avante), e ele justificou o projeto citando a relação histórica do artista com a rua, onde com uma caixa de som, Augusto interpretava seus sucessos, interagindo com o público que passava por ali.

"Cantava no meio do povo, mostrando que seu talento ia além do palco. Augusto César era mais visto e celebrado no cruzamento entre a Rua Nova e a Rua da Palma, daí a escolha do local para prestar uma Homenagem a esse grande artista", argumentou Fabiano Ferraz.

O projeto, no entanto, ainda está longe de ser aprovado, já que personalidades só podem ser homenageadas após um ano do falecimento, requisito que Augusto César ainda não atende. Com nome de rua ou não, o estilo galã e as melodias românticas de Augusto César, que conquistaram Pernambuco, jamais poderão ser esquecidos. 

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