*Atualizada às 21h34
Mais uma imensurável perda abala a música nacional. Morreu, nesta quarta-feira (27), em Salvador, o maestro Letieres Leite, aos 61 anos. A informação foi confirmada pela produção do músico ao portal G1 Bahia, mas a causa da morte ainda não foi divulgada. Sabe-se apenas que o artista passou mal, falecendo pouco depois, na casa em que morava, na capital baiana.
Nome importantíssimo para a cultura nacional, Letieres Leite nasceu em Salvador, em dezembro de 1959. Era arranjador, compositor, diretor musical e multi-instrumentista, além de estar à frente do Instituto Rumpilezz, nomenclatura que batiza também a orquestra de percussão e sopros criada há 15 anos. Nela, era regente e responsável por toda a ambientação - sonora e visual - dos espetáculos.
Governador do estado da Bahia, Rui Costa (PT) lamentou a morte do maestro. "Letieres revelou talentos com o projeto Rumpilezz e levou nossa percussão para o mundo. Sua morte é uma enorme perda para a cultura da Bahia e para todos nós que admirávamos a sua genialidade. Que Deus conforte o coração dos seus familiares", declarou em sua conta no Instagram.
PARCERIAS
Um dos trabalhos mais recentes de Letieres foi a criação dos arranjos para Noturno, álbum de Maria Bethânia lançado em julho, mas as contribuições para a obra de artistas brasileiros foram inúmeras. Só com a conterrânea Ivete Sangalo passou mais de 12 anos como percussionista e saxofonista, elaborando arranjos de hits como Festa, Tô na Rua e Abalou.
Gilberto Gil, Caetano Veloso, Elba Ramalho, Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Olodum, Ilê Aiyê e Larissa Luz são outros dos muitos que integram a lista de parceiros do músico.
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GRUPO BONGAR
Letieres Leite foi grande parceiro de trabalho de outro nome fundamental do qual nos despedimos este ano, Guitinho da Xambá, fundador e vocalista do Grupo Bongar, que faleceu em fevereiro, com apenas 38 anos. Letieres produziu o álbum Ogum Iê, lançado pelo Bongar em 2017. O baiano foi incentivador da nova sonoridade experimentada pelos músicos pernambucanos, estimulando que tocassem outros instrumentos além dos tambores. Como resultado, Thulio e Beto da Xambá criaram preciosidades como o arranjo de cordas para Sete Caminhos, que contou ainda com a flauta do maestro.
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“Com todo respeito a Juliano Holanda e Benjamin Taubkin (que produziram a banda nos CDs anteriores), não poderia ter melhor opção que ele. Como o disco é uma fusão das minhas poesias com cantos iorubanos que ouvi desde menino, precisava ser alguém que vivesse o mundo da composição erudita mas com um pé fincado na questão afro. Ele ficava como babalorixá, no centro dos músicos. Pulando, dançando, conduzindo. Ele fazia gestos que a gente sabia, de um babalorixá quando quer que o ogan faça determinado toque", comentou Guitinho, em entrevista ao JC, à época do lançamento.
Em resposta, o maestro afirmou: “o som do Bongar é único. Fiquei impactado com a consciência que todos têm de conhecer o seu lugar e o sentimento de pertencimento do grupo na comunidade. É impressionante e lindo de ver".
VELÓRIO
O perfil oficial do Instituto Rumpilezz no Instagram informou que o corpo de Letieres Leite será velado amanhã (quinta-feira, 28), no Cemitério Bosque da Paz, em Salvador. Depois, seguirá para ser cremado no mesmo local. Devido às restrições impostas pela covid-19, a cerimônia será restrita aos familiares.
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