A paixão é um sentimento arrebatador. Paixão de fã é ainda maior. E a paixão de um fã do Rush ficou conhecida pela intensidade gigantesca, fora do comum.
O trio canadense de rock, formado por Alex Lifeson, Geddy Lee e Neil Peart (falecido em janeiro de 2020), ganhou milhares de adoradores durante os 50 anos de estrada e de rock.
E foi no Brasil que eles tiveram o maior público registrado em toda a carreira: mais de 100 mil pessoas viram o Rush tocar em 2002 em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Mesmo com tantos seguidores no país, os fãs brasileiros ainda não tinham nenhuma biografia escrita em português. A espera acabou.
A editora Belas Letras detém, agora, os direitos autorais da trilogia mais completa sobre a banda, os livros "Anthem", "Limelight" e "Driven", com previsão de lançamento para dezembro deste ano.
E mais: a editora também fechou a compra dos direitos para lançar a autobiografia de Geddy Lee, que deve chegar ao público no próximo ano.
Tantas novidades foram divulgadas durante o Rush Fest , em Criciúma, Santa Catarina, considerado hoje o maior encontro de fãs do mundo. Superando, inclusive, o RushCon, evento anual que acontecia no Canadá. Por lá passaram mais de 1.300 fãs de vários lugares do Brasil, em março passado.
Gente que não mede esforços para homenagear um dos maiores trios da história do rock. Como mostrado, também, no Portal Rush Brasil, recém-repaginado e um lugar obrigatório para todo fã da banda.
“É um momento histórico em se tratando de Rush, não tenho dúvidas. É realmente incrível que uma banda com essa dimensão não tivesse ainda a atenção (através de livros) que merecia no Brasil”, explicou Gustavo Guertler, publisher e CEO da editora Belas Letras.
“Espero que a gente consiga fazer o legado do Rush crescer, porque não estamos falando apenas da importância musical e histórica da banda, mas da relevância dentro da cultura e da filosofia também”, disse.
Gustavo confirmou a data de lançamento: 21 de dezembro, ou 21.12, referência a um dos discos mais conhecidos da banda, o clássico "2112".
Numa entrevista exclusiva ao JC, o autor da trilogia, o jornalista canadense Martin Popoff, disse estar muito feliz que a obra chegue agora ao Brasil, em português. "Acredito que será bem recebida. É famoso o bom gosto dos brasileiros para música”, disse Popoff.
“Os brasileiros gostam do Rush, gostam de rock pesado e heavy metal, e de tudo que rola no Rock’n Rio, que toda vez tem seus shows legendários”, lembrou o jornalista. “Então, acho que será bem recebido, pois são reconhecidamente fãs de rock. Há também no Brasil muitos colecionadores apaixonados. Estou ansioso”, afirmou.
Autor de outras biografias do trio canadense, além de obras sobre outras bandas ícones do rock mundial, Martin Popoff afirma que os livros são os definitivos.
"É definitivamente o mais completo registro sobre a história do Rush. Há outros livros, mas esta trilogia é bem mais longa. Outros relatos escritos (sobre a banda) têm coisas diferentes que estes não têm, o que é muito legal também. Mas, atualmente, este é o mais completo trabalho sobre eles”, detalhou.
Anthem, Limelight , Driven
Os três livros serão lançados simultaneamente no Brasil e cada um registra um período específico do Rush. O primeiro volume, com o título “Anthem”, traz extensas reflexões em primeira pessoa de Geddy, Alex e Neil. Além de depoimentos de familiares e amigos músicos.
É um retrato detalhado dos maiores embaixadores do rock do Canadá.
"Anthem" , como cada volume desta série, celebra a perseverança de três homens que mantiveram seus valores, enquanto operavam em uma base canadense, ao longo de anos de vacas magras, tragédias pessoais e o eventual sucesso mundial da banda.
O segundo volume, “Limelight”, mostra uma análise sobre o contexto cultural e extensas entrevistas, celebrando o trio no auge de seu poder de persuasão.
Na metade dos anos 1980, quando o Rush adota a tecnologia de teclado, há um alvoroço entre fãs e crítica, mas a banda encontra uma nova safra de ouvintes. “Limelight” traça um período vertiginoso na carreira da deles, construído com uma excitação explosiva.
No último volume da trilogia, “Driven”, Popoff nos leva por três décadas de “vida no topo” para Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart. Começando com o sucesso de vendas do disco “Roll the Bones” , registra as multidões de fãs esgotando turnês internacionais.
Em certo momento, impossível não falar sobre uma tragédia inimaginável, com Peart perdendo sua filha e sua esposa no espaço de dez meses e, duas décadas depois, sucumbindo para um câncer.
No meio do caminho, no entanto, há um álbum lindo e comovente de reflexão e luto, bem como uma viagem triunfante ao Brasil, a entrada no Rock and Roll Hall of Fame e - alguns dizem surpreendentemente - o primeiro álbum conceitual da banda a encerrar uma imensa carreira marcada pela integridade e idealismo.
Autobiografia de Geddy Lee
Desde que anunciou estar escrevendo sua autobiografia, Geddy Lee deixou fãs e amantes da música ansiosos. Tudo começou sem querer, durante o isolamento por conta da Covid.
"Mal sabia eu que, em março de 2020, estaria trancado por mais de um ano e meio, tempo mais longo que passei em Toronto desde os dezenove anos, quando fiz o circuito de bares do norte de Ontário com o Rush", disse Geddy.
Durante essa reclusão forçada, além de curtir o neto, o beisebol (esporte favorito do músico) e observar pássaros (outro hobby), ele começou a escrever.
"Um amigo viu como eu vinha lutando após a morte de Neil e tentou me convencer a sair da depressão, contando algumas passagens engraçadas, desafiando-me a compartilhar minhas próprias histórias".
Com o tempo, o livro foi tomando forma. "Meu amigo disse: 'Acho que você está escrevendo um livro. Um livro de memórias, na verdade.' Ao que eu respondi: “É...Acho que sim", explicou.
A autobiografia ainda não ganhou um título, mas a editora Belas Letras se antecipou e comprou o direitos para lançar essas histórias de Lee no Brasil, em português.
"Já assinamos contrato com o Geddy", explicou Gustavo Guertler. "Com previsão de lançamento para dezembro deste ano, ou para março de 2023. Vai depender da data em que ele entregar o texto, que ainda está sendo produzido". disse.
A ideia é que a obra seja lançada no Rush Fest 2023, com a presença de Geddy Lee, para deleite dos fãs apaixonados pela música do Rush.
Todos os livros terão a tradução de Candice Soldatelli, que já traduziu os livros escritos pelo baterista Neil Peart e já lançados no Brasil pela Belas Letras.
Afinal, são mais de 40 milhões de discos vendidos em todo o mundo. Incontáveis shows esgotados. Uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood. A entrada no Rock and Roll Hall of Fame. Foram também condecorados como Oficiais da Ordem do Canadá.
Mas, como eles costumam dizer, é tudo sobre a música, sua amizade e os fãs.
*Com a colaboração da jornalista Flávia Carvalho.