Crise causada pelo coronavírus impactou negativamente 89% das empresas de Pernambuco

Levantamento da TGI Consultoria em Gestão aponta que 63% das companhias do Estado acreditam que os problemas devem continuar sendo enfrentados no pós-pandemia
Marcelo Aprígio
Publicado em 13/07/2020 às 18:47
O Grupo Trino perdeu contratos bem no começo da pandemia e viu sua receita cair drasticamente durante o isolamento social. Foto: DIVULGAÇÃO


Desde a segunda quinzena de março, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia do novo coronavírus, o Grupo Trino, especializado em logística e terceirização de serviços, já perdeu contratos, viu as despesas aumentarem e a receita cair drasticamente. “No dia em que o governador anunciou as medidas de isolamento social, perdemos um grande cliente”, conta a gestora de negócios da empresa, Claudia Dowsley.

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De acordo com ela, com o passar dos dias, a situação foi se agravando, clientes foram fechando as portas e os funcionários que atuavam nesses locais precisaram ser remanejados para os parceiros que ainda permaneciam ativos. “Fizemos um esforço para realocar nossos colaboradores para outros lugares, e isso teve um custo, porque era necessário investir na segurança para eles”, afirma Claudia, lembrando que, além dos cuidados para evitar a contaminação pela doença nos ambientes de trabalho, a empresa montou uma rota especial de ônibus para buscar os funcionários. “Isso impactou nossa receita, porque foi um gasto alto, porém necessário”, declara ela. 

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Essa difícil realidade não é exclusiva do Grupo Trino. Uma pesquisa realizada pela TGI Consultoria em Gestão revela que 89% das empresas pernambucanas foram impactadas negativamente pela crise causada pela pandemia. Segundo o levantamento, as principais perdas estão relacionadas à diminuição da receita e da demanda, além da mudança na dinâmica do trabalho.

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Batizada de “Crise Covid-19 & Inovação”, a pesquisa ouviu, ao todo, 345 empresários e executivos, durante o mês de junho deste ano. Eles representam companhias de 13 setores da economia, como varejo, turismo, transporte e educação. Segundo o levantamento, 65% das empresas ouvidas são do Grande Recife, 29% do interior do Estado e outros 6%, apesar de atuarem em Pernambuco, suas sedes ficam em outras partes do Nordeste.

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Segundo a coordenadora da pesquisa e sócia da TGI, Carolina Holanda, a sondagem foi feita visando conhecer a realidades das companhias no Estado e ajudá-las a vencer os desafios desse período. “Com a pesquisa, esperamos contribuir para apoiar as empresas pernambucanas na construção de alternativas no caminho de superar mais uma crise”, diz ela, afirmando que entre as organizações que foram impactadas negativamente, 47% tiveram impactos muito fortes e apenas 6% declararam baixo impacto.

Do outro lado, houve quem encontrou, durante o isolamento social, espaço para crescer. De acordo com o levantamento, 11% dos empresários e executivos que responderam a entrevista dizem ter sido afetados positivamente. As principais repercussões foram a ampliação da demanda, mas ao mesmo tempo com a necessidade de ajustes na dinâmica de trabalho da equipe e mudança de comportamento dos consumidores. “Diferente dos impactos negativos, os positivos alcançaram menos intensamente o grupo que sentiu seus efeitos”, afirma Carolina Holanda, segundo quem, das empresas que sentiram reflexos positivos da crise, apenas 8% notaram esses impactos de maneira forte.

MARCELO APRÍGIO - Impacto da covid-19 nas empresas de Pernambuco

“Mesmo nas que foram afetadas positivamente, a gente pôde identificar dificuldades”, pontua Holanda, afirmando que as empresas que tiveram impactos positivos são aquelas ligadas a serviços ou produtos considerados essenciais. “Aí que surgem os problemas, porque por terem alta demanda nesse período, essas empresas viram o custo dos seus insumos subir, também sentiram a concorrência aumentar e a inadimplência atingir patamares nunca vistos antes”, conta a coordenadora da pesquisa.

Pós-pandemia com pouca esperança

Para 37% será possível de crescer ou potencializar o avanço tido durante o período da crise no pós-pandemia. Por outro lado, a maior parte das empresas (63%) acredita que os problemas devem continuar sendo enfrentados mesmo após o controle da covid-19.

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Apesar dos resultados negativos, 92% das empresas implantaram ou estão desenvolvendo ações de inovação nas suas atividades. Além disso, algumas práticas foram adotadas para enfrentar a pandemia, como a implantação de monitoramento sistemático, mudança na forma do gerenciamento da equipe e uso intensivo das mídias digitais. “Esse é o caminho a seguir”, defende Carolina Holanda, da TGI. “Inovar nesse momento de pandemia é essencial para a sobrevivência e manutenção dos negócios”, alerta ela.

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