Enquanto o número de empregos no país caiu 3,9% entre janeiro e julho, em comparação com o mesmo período de 2019, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), as vagas de tecnologia aumentaram em 1,18%, o que representa cerca de 14 mil postos de trabalho. É o que aponta um levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).
Ao todo, o segmento acumula um total de 1,56 milhão de vagas e movimenta R$ 494 milhões por ano, representando 6,8% do PIB brasileiro. E a expectativa é de crescimento com investimentos em tecnologias de transformação digital que devem chegar a R$ 466 bilhões até 2023. Com isso, cerca de 70 mil vagas de trabalho devem ser abertas anualmente até 2024.
Apesar do “futuro promissor”, o setor ainda enfrenta um problema sério: o déficit de mão de obra qualificada, que pode passar de 24 mil funcionários nos próximos anos, segundo estimativas da associação. "Estimamos esse déficit profissional com base nas expectativas de investimento em transformação digital", explica Sergio Paulo Gallindo, presidente executivo da Brasscom.
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Ratificando os dados, uma pesquisa feita pelo LinkedIn Brasil mostrou que nove das 15 profissões emergentes em 2020 estão diretamente relacionadas à Tecnologia da Informação. Entre as carreiras destacadas pelo estudo, ter conhecimento em linguagens de programação ou softwares específicos é considerado primordial em pelo menos cinco: Cientista de dados, Engenheiro de Dados (engenheiro de software especializado em back-end), Especialista em Inteligência Artificial, Desenvolvedor para Salesforce e Programador de JavaScript. Para o Engenheiro de cibersegurança, top 2 da lista, é considerado imprescindível o conhecimento em DevOps.
Além dessas, completam a relação as profissões de gestor de mídias sociais, assistente de mídias sociais e recrutador especialista em Tecnologia da Informação.
E as vagas não param de crescer. É o que defende a desenvolvedora e analista de sistemas Débora Muniz. “Se pararmos para observar o mercado de TI, vamos encontrar muitas vagas abertas, com bons salários, porque está faltando profissional. E não para de surgir novas oportunidades”, afirma ela, que conseguiu um emprego no área no segundo período do seu curso superior, graças ao seu entusiasmo durante as aulas e a uma parceria entre o Centro Universitário Tiradentes (Unit), onde estuda, com o Porto Digital. A jovem começou a trabalhar, no começo deste ano, em umas maiores empresas do ramo, a Accenture.
Há, também, vagas para brasileiros no exterior. Com diversos cursos na área de Tecnologia da Informação no currículo, Waldson Cabral, 32, atua no ramo desde 2006. Segundo ele, que trabalha para uma empresa com sede no Canadá, o mercado de TI é carente, e essa realidade não é vivida apenas no Brasil. “O mercado norte americano e europeu tem uma demanda muito grande na área, mas antes da pandemia ainda havia a necessidade de estar fisicamente presente. Agora, as empresas estão vendo que dá pra suprir boa parte dessa demanda com trabalho remoto”, afirma ele que aposta na abertura de mais vagas no setor. “Com certeza vai crescer muito e dar muito mais oportunidades”, assegura.
Na tentativa de reter talentos, empresas passaram a oferecer salários cada vez mais altos, mesmo para os cargos técnicos. Isso fez com que a média salarial do setor ficasse 2,8 vezes superior ao salário médio nacional. Um empregado desse ramo ganha em média R$ 5 mil, enquanto o funcionário médio brasileiro, com carteira assinada, recebe R$ 1,8 mil. “Quem escolhe trabalhar com TI tem um salário muito bom, que pode dar um poder aquisitivo quase três vezes maior que a média da população”, afirma Rodrigo Vasconcelos, presidente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação em Pernambuco e na Paraíba (Assepro PE-PB)
Mesmo com muitas vagas e vantagens, ingressar neste mercado não é tão simples quanto pode parecer. Para conseguir inserção no mundo de TI, os profissionais devem estar cada vez mais preparados. É o que aconselha Carla Abgail, diretora de educação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em Pernambuco. “Quem busca entre nesse setor deve se ver em plena necessidade de renovação e qualificação constante, só assim estará preparado para o futuro de muitas oportunidades na área”, diz.
A educação profissional abriu as portas para o estudante de Rede de Computadores, Rafael Cavalcante, de 27 anos.”O mercado de tecnologia está sempre em expansão, é algo que não tem mais volta e vai contemplar quem estiver qualificado para esse mercado”, afirma o jovem, que já atua no setor de TI. “É preciso estar sempre se atualizando. Novas tecnologias são desenvolvidas diariamente e nessa área não se atualizar pode te deixar fora do mercado”, completa ele.
Como prova de que o segmento está na contramão do difícil cenário trazido pela pandemia, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) está selecionando profissionais para a área de tecnologia. São ofertadas mais de 100 vagas diversos cargos e com diferentes níveis hierárquicos para o Recife, Manaus, Rio de Janeiro e na modalidade remoto. Os interessados podem se candidatar pelo site vagas.cesar.org.br. “Não há prazo para preenchimento das vagas e novas podem ser abertas no decorrer do processo”, conta Andrea Queiroz, gerente de gente e gestão do Cesar.
Gigante da tecnologia, A Pitang Agile IT, uma empresa pernambucana, referência no Nordeste, conta atualmente com mais de 40 vagas em aberto. As oportunidades são para profissionais da área de tecnologia da informação que moram em todo o país. São vagas para trabalhos presenciais, em Recife e São Paulo, e também para os serviços remotos, nos quais os contratados não precisarão sair de casa para desempenhar as suas funções. As vagas disponíveis são para cargos como Desenvolvedor de Back End, Cloud Architect, Desenvolvedor Node Sênior, Front End Junior, Engenheiro de testes, entre outros. Para conferir todas oportunidades e enviar o currículo, o candidato pode acessar o link pitang.solides.jobs/. “A busca por profissionais na área de tecnologia da informação não parou, mesmo durante o período de isolamento social”, afirma o CEO da Pitang, Antonio Valença.
A Kroton, braço B2C de ensino superior da Cogna, maior grupo educacional do País, também está com oportunidades na área de TI. São vagas para desenvolvedores NodeJS, React,.NET, Java e para Scrum Master, de diferentes níveis de experiência. Os salários chegam a R$ 8 mil, dependendo da vaga, e incluem participação nos lucros.
De acordo com a companhia, a seleção é dividida em três etapas: entrevista com o RH, desafio técnico e entrevista com o gerente do setor. E o candidato não precisa sequer sair de casa para participar, já que todo o processo está sendo feito via plataforma online. Para saber mais detalhes sobre as vagas e se candidatar pelo endereço jobs.kenoby.com/kroton.
“Demanda não falta. O que falta são profissionais qualificados para a área. Quem se preparar vai ter a chance de escolher onde vai trabalhar, porque há muitas oportunidades no mercado”, assegura Rodrigo Vasconcelos, da Assespro PE-PB.