Um trabalho minucioso, de muita pesquisa, contatos estratégicos e acertos precisos. O headhunter é um recrutador especializado em achar o profissional perfeito para a vaga certa. Diferentemente das seleções comuns, eles são chamados para encontrar talentos para posições bem específicas, de funções pouco exercidas a cargos da alta liderança.
O trabalho em si é de formiguinha com um quê de agente secreto, pois é baseado em uma investigação detalhista e sem alarde. A abordagem é discreta e o nome de candidato e empresa, geralmente, só são revelados depois de algumas conversas. Isso porque é muito comum que a pesquisa comece na concorrência, por exemplo.
“Acho que tem uma mística em torno deste trabalho, mas, na verdade, é uma grande responsabilidade”, afirma o headhunter Felippe Pessoa, titular da coluna Carreiras e Mercado de Trabalho, no JC Online.
O especialista, sócio da Audens, empresa de recrutamento de pessoas, pondera que nesse tipo de busca tão essencial quanto escolher o candidato ideal é conhecer a cultura da empresa e identificar o que ela realmente busca e precisa. “A primeira etapa, e a mais importante, é quando fazemos um bom levantamento. Nós fazemos um mergulho na empresa, em sua área de atuação e cultura, desenvolvimento e remuneração para, a partir de então, definir o perfil profissional que iremos buscar”, conta Felippe.
“O trabalho do headhunter é quase de alfaiataria, porque você ajuda a entender as necessidades dos dois lados para fazer a conexão. Não é só o que se quer, mas o que se encaixa. Fazer as amarrações é ajudar a empresa a, de fato, entender se o que traz como desejo é o que realmente precisa”, define Andréa Biazatti, especialista em Gestão de Pessoas e professora do Unit-PE.
Sabendo o perfil de quem se busca, o próximo passo, diz, é definir onde encontrá-lo. Pode ser na concorrência, na mesma cidade, em outro estado. Os detalhes dependem da necessidade e disposição da empresa.
Uma diferença no recrutamento feito pelo headhunter é que, por ser muito específico, pode durar mais tempo que o comum, de um mês a um ano, sendo a média de três meses. Nas entrevistas, além do histórico, faz parte questionar sobre resultados e olhar a capacidade de liderança se os valores estão alinhados ao da empresa. “No caso de sondar no mercado, perguntas ao empregador, por exemplo, e colegas atestam que ele ou ela é a pessoa perfeita para a vaga”, diz Patrick Gouy, sócio da Recrut.Ai.
Para quem quer ser visto por eles, o Fábia Junqueira, que foi recrutada por um headhunter e hoje trabalha em uma das maiores empresas do ramo de logística em Pernambuco, afirma que uma das principais fontes de pesquisa são as redes sociais, principalmente o LinkedIn, que é voltado para a carreira. “Foi assim que fui recrutado. Os headhunters procuram o perfil, descobrem uma pessoa e vão atrás de mais informações. Por isso, a dica que dou é: mantenha seu LinkedIn atualizado”, aconselha, lembrando da importância em se criar e manter o networking.
Abordar e se conectar com um headhunter também é válido, mas é importante bom senso. Isso porque uma das formas de encontrar o tesouro é justamente através dos contatos. Para eles, a rede de relacionamentos é fundamental.
Os recrutadores especializados explicam que não fica feio ou deselegante abordá-los, mas o contato tem que ter alguma coerência, como um contato comum ou o conhecimento de uma vaga aberta. “A grande questão é ser uma conexão que agregue valor a mim e não só a você”, diz Lauro Buarque, diretor da Consult Human, empresa especializada em consultoria e recrutamento.
Ao entrar em contato com o headhunter, se apresente, fale do seu contato comum, se houver, e da sua bagagem. A dica de ouro é pesquisar também sobre o recrutador. Saiba qual a área que ele atua, o que faz, a empresa que trabalha e aí não fica chato a abordagem. Tem que ter a ver e ter uma postura profissional. “Não há o problema de abordar, mas deve ser de uma forma assertiva. O profissional deve se aproximar, e não panfletar”, pontua Buarque.
Uma ressalva importante é sobre uma dúvida recorrente dos profissionais: o headhunter pode cobrar algo ou o primeiro salário do candidato? A resposta de todos é não! Todos eles são enfáticos em afirmar que se um headhunter pedir parte do seu salário, desconfie. “Em hipótese alguma o headhunter pode cobrar financeiramente do profissional que ele selecionou”, assegura Andréa Biazatti.
“Se o headhunter pedir o pagamento do primeiro salário há algo errado. Pois esse tipo de profissional, por via de regra, não cobra salário de profissional, já que quem paga é a empresa”, reforça Felippe Pessoa.
1 - Construa uma boa reputação ao longo da carreira para ser lembrado pelos colegas;
2 - Use as redes sociais para escapar das indicações e dos bancos de currículos;
3 - Atualize as redes sociais com frequência, mas de forma discreta;
4 - Não se esqueça de que é melhor ter poucos bons amigos que mil conexões nas redes sociais;
5 - Use as redes para mapear também quem são os principais gestores em sua área;
6 - Lembre-se de que o headhunter também pega referências com pares e subordinados;
7 - Mostre-se aberto para novas conversas, mesmo que a primeira proposta não valha a pena; e
8 - Vale abordar os headhunters, mas sem pedir entrevistas de cara.