Apenas dois dias após cobrarem publicamente do governo de Pernambuco maior transparência na elaboração de medidas restritivas para o combate à covid-19 no Estado, representantes do Movimento Pró-Pernambuco (MPP) reúnem-se, às 15h desta quarta-feira (17), com o secretário de Desenvolvimento Econômico estadual, Geraldo Julio (PSB). O MPP é um coletivo empresarial que reúne dezenas de organizações com atuação em Pernambuco, como Fecomércio-PE, Fiepe, Abrasel, Apesce, CDL Recife, Ademi-PE, entre outras.
Na última terça-feira (16), membros do MPP se encontraram virtualmente com a secretária executiva de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Ana Paula Vilaça, e com o secretário do Trabalho, Emprego e Qualificação, Alberes Lopes, para iniciar o processo de diálogo reivindicado pelo grupo. O ex-prefeito do Recife não teria participado desta primeira reunião porque, de acordo com o MPP, estaria em Brasília cumprindo agenda relacionada à pasta.
"Os secretários nos passaram várias informações e conseguimos abrir um canal de diálogo mais permanente com o governo do Estado. Isso ajuda muito na legitimidade das decisões que o governo tem tomado e também ajuda na eficácia das ações, porque a partir do momento que o setor produtivo é ouvido e passa a ajudar com a sintonia fina, não com as diretrizes gerais, conseguimos reduzir bastante os impactos desnecessários das medidas mais restritivas", afirmou Avelar Loureiro Filho, presidente do MPP, frisando que o coletivo não é contrário à implementação da quarentena em Pernambuco.
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Além de Avelar, estiveram no encontro com os secretários os presidentes da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger; da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), Bernardo Peixoto; da Associação Pernambucana de Shopping Centers (Apesce), Paulo Carneiro, e representantes de algumas Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado.
Na segunda-feira (15), ao criticar o posicionamento do governo com relação à divulgação de medidas restritivas junto ao setor produtivo, o MPP cobrou também um assento para o grupo no comitê estadual que analisa as questões relativas à evolução da covid-19 em Pernambuco. Segundo Avelar, esse também foi um tema abordado na reunião com os secretários ontem e que deve voltar a entrar em pauta hoje, com Geraldo.
"Eles (os secretários) disseram que vão levar isso (o pedido de assento) para o governador. Esse foi só um primeiro momento, a gente não quer só esse assento no comitê, mas também participar mais ativamente do planejamento do futuro do estado de Pernambuco. A gente acha que o planejamento do Brasil, como um todo, deixou de ser feito há mais de 50 anos, e precisamos retomar isso de forma urgente pra podermos sonhar com um futuro após a pandemia", observou o presidente do MPP. Hoje, conforme informações repassadas por Avelar, o grupo deve também "reforçar o apoio do setor produtivo de Pernambuco às medidas adotadas ao enfrentamento da pandemia".
Planejamento
No início da semana, durante coletiva de imprensa para divulgar os detalhes da nova quarentena pela qual o estado vai passar a partir desta quinta-feira (18), o secretário de Planejamento e Gestão de Pernambuco, Alexandre Rebelo, em resposta às queixas do MPP, afirmou não haver falta de diálogo do Executivo com "nenhum segmento", mas disse que o Estado não tem condições de atender aos pleitos de todos os setores que vão à mesa com a gestão. "A gente tem, de forma reiterada, conversado com segmentos econômicos, segmentos sociais, associações, sindicatos ou qualquer entidade que precise e deseje conversar com o governo de Pernambuco. O que ocorre, na verdade, é uma divergência de agenda. A gente compreende os pleitos que são apresentados, mas muitas vezes esses pleitos não podem ser atendidos e isso acaba gerando uma frustração por parte de quem o fez", declarou Rebelo.
Na ocasião, o secretário também informou algumas ações que já foram adotadas pela administração estadual para tentar amenizar os impactos da pandemia junto ao setor produtivo. "Nós estamos fazendo tudo o que é possível para auxiliar o setor. Postergamos o pagamento de impostos de micro empresas; mandamos agora um projeto de lei para a Assembleia Legislativa para fazer o Refis, que é a redução de juros e multa de pagamentos em atraso; fizemos créditos específicos para empresas em dificuldade; conseguimos pagar o 13º do Bolsa Família, que é um valor significativo de recursos, mais de R$ 150 milhões para o conjunto mais vulnerável da população, nós estamos no limite do nosso esforço de, por um lado, ampliar o sistema de saúde, e do outro lado, criar a maior rede de proteção social possível", detalhou Alexandre Rebelo.