O setor industrial em Pernambuco está preocupado com o reajuste médio de 39% no gás natural para as distribuidoras, anunciado pela Petrobras nesta segunda-feira (5). O receio é que o aumento pressione ainda mais os custos das empresas e se reverta em perda de competitividade e comprometimento do fluxo de caixa. Ainda não foram divulgados os percentuais por setor, mas a expectativa é de que o repasse para a indústria seja de 18%.
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A Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), que compra o gás da Petrobras e distribui com diversos setores no Estado, tem 106 clientes industriais. O número é pequeno diante de um parque industrial de 15 mil empresas, mas são grandes consumidores. Além da indústria, a Copergás atende a 774 clientes comerciais, 52.812 residenciais e 82 postos de combustíveis com 69.304 usuários de GNV (Gás Natural Veicular).
O gerente de Relações Industriais da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Maurício Laranjeira, diz que o setor já tinha informação de que o aumento viria, só não esperava que fosse tão alto. "Um reajuste médio de 39% vai ser pesado, porque a indústria já vem tendo seus custos pressionados pela matéria-prima dolarizada e pela escassez de produtos. Essa alta do gás poderá implicar na perda de competitividade e complicar o fluxo de caixa. Geralmente as grandes indústrias que utilizam o gás natural são exportadoras e os concorrentes internacionais não estão enfrentando a mesma desvalorização de suas moedas como o real. Dessa forma, acabamos ficando menos competitivos", observa.
O executivo também destaca que tem sido difícil para a indústria repassar os custos para o preço final porque o mercado já está retraído. Todo esse cenário se reflete no índice de confiança do empresário e na retomada da economia. "O aumento no ritmo da vacinação poderia refletir no índice de confiança, que reflete a possibilidade de realizar investimentos e apostar em contratações", afirma. No setor continuam faltando matérias-primas como plástico, embalagens, produtos químicos e tantas outras.
O setor compartilha da proposta do secretário da Fazenda de Pernambuco, Décio Padilha, de que a política de reajuste de combustíveis da Petrobras não fosse 100% atrelada ao dólar. Na segunda (5), o secretário afirmou que a culpa do aumento dos combustíveis era da Petrobras e sugeriu uma equalização da produção nacional (60%) e da importação (40%) de combustíveis com o dólar.
"Como a Petrobras tem uma produção local expressiva, não seria necessária essa indexação tão grande com o dólar", também defende Maurício Laranjeira. Diante de tantos desafios, a expectativa é que a indústria tenha uma trajetória de recuperação a partir do segundo semestre. Em Pernambuco, apesar da pandemia em 2020, a indústria fechou o ano com crescimento de 1%.