A retomada das operações do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape, contribuiu para animar o resultado da produção industrial de Pernambuco em março, na comparação com igual mês do ano passado. A taxa de crescimento de 7% no período foi puxada pelo setor de equipamentos de transporte, ancorado pelo estaleiro, que avançou 39,5%. O EAS estava com suas atividades suspensas desde agosto de 2019, depois entrou em recuperação judicial e voltou a funcionar em outubro do ano passado.
Mesmo sem ter retomado a fabricação de navios, só o retorno com os serviços de reparação naval já foram suficientes para movimentar a indústria e influenciar no resultado geral do Estado. Além de crescer sobre março de 2020, os equipamentos de transporte também cresceram 12,4% no acumulado do ano, de janeiro a março. Os números foram divulgados nesta terça-feira (11) na Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM-PF Regional) do IBGE.
O Plano de Recuperação Judicial do estaleiro prevê o pagamento de uma dívida de R$ 2,3 bilhões com os credores, num prazo de até 35 anos. Para voltar a trazer dinheiro ao caixa foi definido um plano de reestruturação financeira baseado em quatro pontos: operação de reparos navais, renegociação das dívidas, projeto industrial com infraestrutura marítima e continuidade do modelo de negócios.
Os dois primeiros contratos de reparação foram fechados com a Flumar Transporte de Químicos e Gás Ltda. para reformar as embarcações Bow Atlantic e Flumar Brasil e realizados no ano passado. Para 2021, o EAS relata no relatório mais recente da RJ (de março) que firmou três contratos de reparos junto a Login e um junto a Flumar, com realização dos trabalhos entre abril e agosto de 2021. Os negócios vã gerar uma previsão de faturamento de R$ 26,32 milhões e a contratação de 300 funcionários. Além disso, estão sendo consultados para a construção naval de um navio contêiner e navios PLSV com tecnologia verde. Atualmente possuem 11 negociações em andamento.
Os dados do IBGE mostram que a produção industrial pernambucana vai bem na análise de diversos períodos, com queda apenas na comparação de março com fevereiro, quando houve uma queda de 2,6%. Na avaliação entre março de 2020 e março de 2021 houve um avanço de 7%, enquanto no acumulado do ano a alta foi de 4,5% e nos últimos doze meses a taxa foi de 3,4%.
No acumulado de janeiro a março de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado, a fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos teve o melhor desempenho, com avanço de 24,1%, enquanto a fabricação de produtos alimentícios (-6,4%) foi a única categoria que apresentou índices negativos.
No balanço dos últimos 12 meses, a maior alta foi registrada na fabricação de produtos de borracha e de material plástico, com avanço de 10,5%, seguido pela fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (7,5%) e da fabricação de sabões, detergentes, produtos de higiene e limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal (7,1%).