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Brasil avança em licitação de 5G, que pode alcançar R$ 50 bilhões

A licitação inclui uma rede paralela para uso exclusivo do governo, na qual não será possível usar equipamentos da Huawei

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AFP

Publicado em 04/11/2021 às 20:56
Leilão de infraestrutura de bandas de telefonia móvel 5G na Agência Nacional de Telecomunicações, em Brasília - EVARISTO SA / AFP

O Brasil avançou nesta quinta-feira (4) na licitação da rede 5G, a maior da história do país no setor das telecomunicações, com 15 empresas participantes e a expectativa de atrair investimentos de cerca de R$ 50 bilhões.

No primeiro dia de abertura dos envelopes e análise das propostas, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) atribuiu as frequências mais interessantes aos principais players do setor. Às 17h30 (horário de Brasília), o total das licitações superava os R$ 6 bilhões.

O governo estima que a licitação do 5G, uma das primeiras da América Latina e considerada por especialistas uma das maiores do mundo, deveria alcançar quase R$ 50 bilhões (em torno de US$ 9 bilhões) entre investimentos em infraestrutura e concessões em quatro blocos subdivididos.

Entre as vencedoras - Claro (filial da mexicana América Móvil), Telefônica Brasil (dona da Vivo e filial do grupo espanhol) e Tim (filial da Telecom Itália) - foram distribuídas licenças de alcance nacional no principal bloco para operação na faixa de 3,5 GHz.

Com a nova rede, o Brasil aspira promover o crescimento econômico com maior eficiência para os diversos setores produtivos, e conexão para mais brasileiros, instituições de ensino e até rodovias.

O processo licitatório, que pode se estender até sexta-feira (5), inclui uma rede paralela para uso exclusivo do governo, na qual não será possível usar equipamentos da empresa chinesa Huawei. A companhia foi excluída pelos termos do edital, em meio a uma disputa geopolítica por acusações de espionagem feitas, especialmente, pelos Estados Unidos.

As definições para a montagem da nova rede começaram pela manhã com um martelo simbólico do presidente Jair Bolsonaro em evento em Brasília, onde destacou o avanço "histórico" na conectividade do país.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, destacou que o país será o primeiro da América Latina a ter 5G. "Vamos mostrar para o mundo que o Brasil agora vai virar um hub de inovação para que a gente possa receber empresas, investimentos (...) e exportar tecnologia", estimou.

Entre as 15 empresas que apresentaram propostas, cinco já oferecem serviços de telecomunicações no país. As outras dez são empresas menores, especialmente de serviços de banda larga por fibra ótica.

Ums das novas operadoras será a Winity II Telecom, o primeiro vencedor do dia, que prometeu levar internet a rodovias e locais mais remotos.

O cálculo oficial prevê em torno de R$ 39 bilhões (ou US$ 7 bilhões) de investimentos em infraestrutura, incluindo equipamentos e torres de transmissão, no vasto território brasileiro. Especialistas estimam que o 5G precisa de entre quatro e dez vezes mais antenas do que o vigente 4G.

Além disso, o governo espera arrecadar cerca de R$ 3 bilhões (US$ 545 milhões) para o uso das frequências e destinar outros R$ 7 bilhões (US$ 1,27 milhão) à conectividade das escolas públicas.

Segundo Faria, a implementação do 5G poderia representar um crescimento de 10% só para o agro, um setor com potencial de impulsionar 2,5% do PIB na próxima décda.

Essa rede permitirá conectar aparelhos entre si e na nuvem, com tempos de resposta imediatos, possibilitando, por exemplo, o desenvolvimento de cidades inteligentes, veículos autônomos ou cirurgias à distância.

Enquanto se prepara para dar este salto para o futuro, o Brasil buscará incluir 40 milhões de pessoas sem conexão e compensar o atraso das áreas menos desenvolvidas, como da Amazônia.

"Visitei comunidades indígenas e o que pediram? Pediram internet (...) Não são apenas os indígenas, são quase 10.000 localidades pequenas que não têm internet e agora vão ter", disse Bolsonaro.

Embora a licitação tenha demorado meses e o país esteja atrasado em relação a outros da Europa e Ásia, a chegada da nova tecnologia ao Distrito Federal e nas 26 capitais estaduais está prevista até 31 de julho de 2022.

No restante das cidades, com populações maiores que 30.000 habitantes, o 5G chegará entre 2025 e 2028.


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