Com a atividade econômica mais descentralizada entre os municípios de Pernambuco e impactada pela crise em 2019, o Recife teve seu protagonismo minado em relação ao Produto Interno Bruto, dentro do Estado e na participação no País. Embora na publicidade retratada como capital do Nordeste, pelo menos no que diz respeito à produção de riqueza, de 2002 a 2019, a capital pernambucana perdeu posições e chegou ao ano anterior ao início da pandemia fora do ‘top 10’, atrás de cidades como Fortaleza (única do Nordeste entre os 10 maiores PIBs) e Salvador.
Embora tenha crescido, entre 2002 e 2019, período avaliado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB do Recife em valores correntes ficou em R$ 54,6 bilhões em 2019. O valor fez com que a cidade caísse da 11ª posição (quando em 2002 detinha um PIB de R$ 14,1 bilhões) para a 13ª, sendo ultrapassado por Guarulhos e Fortaleza, que subiram de posição no ranking.
Levando-se em conta as principais capitais do Nordeste, o IBGE mostra que Salvador já se colocava em melhor posição que o Recife em 2002, quando ocupava o oitavo lugar no ranking, com R$ 15,7 bilhões. Mesmo caindo posições, em 2019 o PIB da capital baiana ficou em R$ 63,8 bilhões, mantendo-a à frente do Recife, na 12ª posição.
Ainda no Nordeste, apenas Fortaleza figura entre as 10 cidades com maiores valores do PIB em 2019. A cidade cearense acumulou um PIB de R$ 67,4 bilhões naquele ano, subindo da 12ª posição, em 2002, para a 9º posição no ano de 2019.
A variação da participação do PIB do Recife na composição do Produto Interno Bruto nacional caiu 0,2% no período analisado pelo IBGE, o que denota certa estabilidade já que a participação que era de 1% agora está em 0,7%. Nas cidades nordestinas em comparação, a participação no PIB nacional foi de 0,9%.
Dos 25 maiores resultados do PIB em 2019, representando 36,2% do montante nacional, Pernambuco era representado apenas pelo Recife.
Dentro do Estado, demonstrando a descentralização das atividades econômicas, os maiores PIBs foram apresentados pelo Recife, Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca, Goiana, Cabo de Santo Agostinho, Caruaru, Petrolina, Olinda, Paulista, e Vitória do Santo Antão. Esses municípios representam 64,13% do Valor Agregado Bruto (VAB) estadual dos Serviços (principal atividade econômica).
O Recife está no grupo de capitais que representam menos de 30% do PIB de seus estados, com um percentual de 27,6%. Ao todo, 12 capitais apresentam essa condição. Mesmo perdendo participação no Estado, inclusive na comparação com 2018, quando o resultado era 28,12%, o Recife segue sendo o maior PIB do Estado, tendo na sua composição do VAB a Agropecuária (0,11%); Indústria (11,95%) e Serviços (87,94%).
Em todo o País, o resultado de 2019 mostra que oito municípios responderam por quase um quarto do PIB nacional, representando 14,7% da população brasileira. Os 70 municípios com maiores PIBs representavam, aproximadamente, metade do total e um pouco mais de um terço da população do País. São Paulo, que estava na liderança em 2002, manteve-se em 2019. Antes eram R$ 188,7 bilhões (PIB em 2002). Em 2019, R$ 763,8 bilhões.
Para a Prefeitura do Recife, o resultado mais relevante diz respeito ao PIB per Capita, que leva em conta a divisão pelo número total da população.
"Recife foi uma das poucas capitais nordestinas que apresentou crescimento da renda per capita de 2018 para 2019 e, entre estas, foi uma das que mais cresceu (Salvador e Fortaleza, por exemplo, ficaram estagnadas). Recife produziu em 2019, mais uma vez, o maior PIB per capita entre as capitais nordestinas e por larga vantagem (R$ 33,2 mil). A cidade vem crescendo mais do que as outras capitais da região e ampliando a distância na renda per capita. Fortaleza apresentou renda per capita de R$ 25,3 mil e Salvador, de R$ 22,2 mil", justifica a prefeitura.
Segundo a PCR, na comparação entre PIB total (e não per capita), é natural que haja diferenças por conta do tamanho dos territórios e das populações de cada cidade. "Recife, com o território metropolitano bastante adensado, tem população de 1,7 milhão de habitantes, enquanto que Fortaleza tem 2,7 milhões e Salvador tem 2,9 milhões. Por isso, o melhor indicador para comparar o nível de riqueza é o de renda per capita para que sejam comparadas situações similares. Ainda assim, é possível comparar a variação anual, caso em que Recife teve um avanço no PIB de 2018 para 2019 de 4%, enquanto que Fortaleza e Salvador tiveram variações que não chegaram a 0,5%".
Outra opção salientada pela gestão é a comparação entre regiões metropolitanas, já que as três capitais possuem região metropolitana com populações similares, em torno de 4 milhões de pessoas. "Nesse caso, a Região Metropolitana do Recife, incluindo-se Goiana (atualmente fora da RMR), voltou a igualar na liderança com a de Salvador em termos de PIB, o que não ocorria desde os anos 1970, quando a capital baiana teve um salto com a chegada do polo petroquímico", aponta a PCR.
Quanto à variação na participação do PIB do Recife no PIB estadual, a gestão justifica que a diminuição relativa se deu pelo aumento acelerado do PIB em outros municípios, "em particular com a chegada de empreendimentos novos em municípios como Goiana e Ipojuca. Não é uma queda do Recife, mas o crescimento de outros municípios".
Os dados, como são de 2019, referem-se ao período em que a cidade era comandado pelo prefeito Geraldo Julio (PSB). Para 2021, na atual gestão de João Campos (PSB) ainda não há indicadores para o PIB municipal. Este ano, a PCR acredita já ter sinais fortes de "virada econômica no Recife", com os dados do emprego.
Segundo dados do Caged, indicados pela PCR, Recife tem o maior estoque per capita de empregos com carteira assinada ativos entre as capitais nordestinas. Em outubro, foi a capital do Nordeste que mais gerou empregos (mais de 4,4 mil), já está em um patamar de empregos ativos superior ao melhor momento pré-pandemia e já acumulou, desde o início do ano, um saldo de mais de 24,6 mil empregos formais. O que segundo a gestão foi possível graças às ações do Recife Virado, que contempla ampliação do investimento público e estímulo e facilitação do investimento privado.
Segundo a prefeitura, houve a combinação da chegada de 37 novos grandes investimentos privados a curto, médio e longo prazos e com o estímulo a obras e iniciativas públicas. A prefeitura tem evitado maiores gastos com investimentos diretos de grande porte na cidade, já que deu início a uma política austera para organizar o Caixa e conseguir acessar linhas de crédito com aval da União, mirando ações de infraestrutura a partir de 2022.