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Saque do FGTS: especialistas dizem que o ideal é usar valor de até R$ 1 mil para pagar dívidas

Economistas alertam que é preciso ter cuidado ao utilizar os valores para não desperdiçar sem necessidade ou, ainda pior, contrair novas dívidas

Cadastrado por

Ana Maria Miranda

Publicado em 20/04/2022 às 12:46
Saque do FGTS extraordinário começou nesta quarta-feira (20) para os trabalhadores nascidos em janeiro - TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM

O cenário de crise econômica, acentuada pela pandemia da covid-19, que envolve desemprego, diminuição de renda e inflação alta, faz com que os brasileiros vejam no saque extraordinário do FGTS 2022 um respiro em meio ao aperto nas contas e endividamento.

Apesar disto, especialistas alertam que é preciso ter cuidado ao utilizar os valores para não desperdiçar sem necessidade ou, ainda pior, contrair novas dívidas.

Primeiro, vale lembrar que o valor de até R$ 1 mil de contas ativas e inativas, que pode ser sacado a partir desta quarta-feira (20) para os nascidos em janeiro, já pertencem ao trabalhador.

"Não é um recurso que o governo está dando, ele só está deixando você sacar parte do dinheiro que já é seu. Mas se você saca hoje, não vai ter esse valor no futuro", avisa o economista, consultor e professor universitário Sandro Prado.

Tendo isso em mente, o trabalhador deve analisar a situação das contas familiares para decidir se irá sacar e como irá utilizar o dinheiro.

Os economistas ouvidos pelo JC não aconselham usar o valor para o consumo, e orientam que quem está endividado ou inadimplente pegue o recurso do FGTS para tentar se livrar das dívidas e limpar o nome.

"Se a pessoa estiver passando por um grande desequilíbrio financeiro, estiver devendo no cartão de crédito, cheque especial, pagando juros absurdos, pegou dinheiro com agiota ou tem algum outro compromisso que não está conseguindo honrar, vale a pena sacar para quitar dívidas", opina Prado.

A mesma opinião é compartilhada pelo professor e economista Edgard Leonardo, que acredita que a grande massa da população, que vem sofrendo com o desemprego e a inflação, deve evitar que o endividamento se torne inadimplência, principalmente no cartão de crédito, considerado o vilão de várias famílias devido aos altos juros: "Grande parcela da população consome abaixo do necessário, então vai querer satisfazer necessidades familiares mais urgentes. Mas é preciso ter cuidado para não deixar que o benefício se torne uma base de endividamento".

O professor exemplifica: se em uma casa, duas pessoas têm direito a sacar R$ 1 mil do FGTS e elas decidem comprar uma televisão no valor de R$ 4 mil, pagando a metade à vista e parcelando o restante, pode acontecer de, no período de pagamento das parcelas, alguma delas perder o emprego ou acontecer alguma outra emergência em que haja necessidade dos recursos. Como a família não criou uma reserva de emergência, pode acabar se prejudicando com a dívida contraída.

Sandro Prado também acredita que não vale a pena utilizar o dinheiro do FGTS para comprar alimentos, eletrodomésticos, entre outros. "A pessoa vai estar consumindo agora, mas deixando de ter o dinheiro em um momento futuro".

A também professora e economista Amanda Aires avalia que os recursos devem ser utilizados com inteligência, "principalmente para as pessoas que têm renda mais baixa ou estão endividadas, para quitar parcelas em atraso, contas, ou até antecipar uma conta que virá no futuro, para ter uma situação mais tranquila depois".

Para Aires, diante do quadro de desemprego e endividamento, o ideal é não gastar em consumo. "Use o dinheiro com parcimônia e faça o pagamento de dívidas", orienta.

Outros investimentos

Quem está em uma situação um pouco mais confortável no que diz respeito às contas também pode utilizar o dinheiro do FGTS para fazer novas aplicações financeiras, com rendimentos melhores do que o do fundo. Os economistas avaliam que esta alternativa é interessante, uma vez que o rendimento do FGTS é de apenas 3% ao ano.

Algumas opções apontadas são o CDB e o Tesouro Direto. Até a poupança rende mais do que o FGTS. Para fazer essas aplicações, o trabalhador pode procurar o banco de sua preferência e se informar melhor sobre as possibilidades.

Quem já tem um negócio também podem utilizar o valor do saque extraordinário do FGTS para promover alguma melhoria na empresa, com o mesmo cuidado para não contrair novas dívidas.

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