TRANSNORDESTINA

Ex-presidente de Suape diz que não foi procurado pelo governo Raquel Lyra, mas garantiu que é possível viabilizar a Transnordestina

Roberto Gusmão, atual secretário-executivo do Ministério de Portos, participou do programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal

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Filipe Farias

Publicado em 14/02/2023 às 13:45
Ferrovia Transnordestina na cidade em Salgueiro, sertão do Estado - DIEGO NIGRO/ACERVO JC IMAGEM

O ex-diretor-presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape, Roberto Gusmão, afirmou não ter ficado surpreso com a ausência de Pernambuco da Transnordestina, que no projeto inicial teria um trecho ligando o município de Salgueiro ao Porto de Suape. Porém, em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o atual secretário-executivo do Ministério de Portos garantiu que é possível reverter a situação junto ao governo federal.

"Essa mesma notícia já tinha sido dita pelo antigo Ministério da Infraestrutura. A intenção do governo de Bolsonaro, junto com a empresa TLSA (Transnordestina Logística S.A), era a retirada do trecho que ligaria Salgueiro e Suape. O governador Paulo Câmara chegou a reunir a bancada federal, houve uma mobilização também junto à bancada estadual... Fizemos uma grande mobilização, não para aceitar o que estava sendo estabelecido pelo ministério, mas para deixar claro que a gente continuava na luta para fazer o ramal de Suape. E, diante disso, trabalhamos para ter uma alternativa, e conseguimos", garantiu Roberto Gusmão.

Para o secretário-executivo, agora cabe ao governo do Estado saber dialogar com o novo governo federal, que tem toda disposição em ajudar Pernambuco. "Deixamos pronto um contrato de autorização ferroviária. O que é isso? Para se ter uma noção, 80% da malha atual do País foi feita através de autorização ferroviária no tempo do império. O governo federal tirou essas autorizações para que o ente privado faça e execute as obras de ferroviárias. Com isso, ela só liga o que achar necessário para o seu negócio. E tudo é por conta e risco dele (do ente privado), ao invés de uma concessão, que é uma delegação do estado", explicou Gusmão.

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"Fizemos uma mobilização intensa e conseguimos a viabilização da autorização ferroviária, porque a gente só teria uma opção jurídica se conseguisse outra, já que em Pernambuco a concessão foi dada a TLSA, que demonstrou não ter interesse de fazer o ramal em Pernambuco. O interesse dela é no Porto de Pecém, no Ceará. Com essa autorização ferroviária, agora, Pernambuco precisa saber o que vai pedir ao governo federal para viabilizar o empreendimento", complementou.

ESCANTEADO PELO GOVERNO ESTADUAL

Questionado se o governo estadual o procurou para ajudar na transição, o Roberto Gusmão negou qualquer contato da equipe de Raquel Lyra. "Eu sai (da presidência) no dia 30 de outubro e não fui procurado para fazer qualquer tipo de transição relativo à Suape. Acho que o que falta é uma comunicação (do governo do Estado) para saber o que realmente temos de fazer e, juntos, conseguir esse empreendimento que está encaminhado. O que falta é colocar para o governo federal, que hoje é parceiro, algo que não tínhamos no anterior (com Bolsonaro), e pedir o necessário para viabilizar a Transnordestina", declarou o ex-diretor-presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape. "Estou à disposição do governo para passar as informações necessárias para a concretização desse empreendimento", esclareceu.

O antigo gestor do Porto de Suape ainda apontou o caminho para a viabilização do trecho pernambucano na Transnordestina. "Eu tenho a impressão que se a gente conseguir que a Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) faça uma chamada pública no trecho que está sendo retirado, a autorização ferroviária que já existe pega essa área que está 80% desapropriada. Faltam dois trechos que os laudos estão totalmente atualizados pelo governo anterior e que custa R$ 20 milhões para quem assuma o trecho e resolva o problema da viabilidade técnica e financeira do grupo Brasil Exploração Mineral (Bemisa), que é onde tem a carga de minério e de ferro para viabilizar a estruturação de todo o empreendimento com as cargas que Suape tem", explicou Roberto Gusmão.

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