Por Davi Saboya, Fernando Castro e Filipe Farias
A paralisação do futebol devido à pandemia do novo coronavírus não provocou apenas a abstinência do torcedor de ir ao estádio ver o seu time em campo. A ausência das partidas vem provocando bastante preocupação entre os dirigentes dos clubes pernambucanos. O primeiro mês sem as receitas provenientes jogos (bilheterias, bares e patrocinadores pontuais) foi passado com muito sufoco. Do Trio de Ferro da capital, apenas o Náutico está com os salários de funcionários e elenco em dia. Enquanto que o Santa Cruz deve o mês de março e o Sport parte de fevereiro e março (que venceu no último dia 15). Além disso, o departamento de marketing dos três clubes viram a receita proveniente do quadro de sócios cair drasticamente; já que com a quarentena, muitos torcedores passaram a ter outras prioridades e deixaram de pagar suas mensalidades.
A situação também é muito preocupante nos times do interior e não é muito diferente da realidade do futebol feminino no Estado.
Mesmo sendo o único time da capital que conseguiu honrar suas contas nesse primeiro mês sem futebol, a situação do Náutico não é das melhores. O clube vem sofrendo com uma série de dificuldades financeiras: perdas no quadro de sócio, adiamento nos pagamentos dos patrocinadores, prejuízos sem as receitas de bilheteria dos jogos, bares e aluguéis da sede dos Aflitos, além da incerteza quanto ao pagamento da cota de televisionamento da Série B. Apesar das adversidades, a diretoria alvirrubra conseguiu manter a saúde financeira do clube.“O Náutico não está tranquilo.Estamos com os vencimentos em dia com todos os funcionários e atletas, só que todo mês é um desafio. Conseguimos pagar a folha graças a receita de sócios, eles entenderam o momento de tanta calamidade e estamos precisando realmente da ajuda deles. Perdemos o patrocínio do clube praticamente todos, perdemos receitas dos jogos, receita dos bares, aluguéis da sede, várias receitas foram totalmente perdidas”, avaliou o presidente alvirrubro Edno Melo.
Ao contrário dos coirmãos, o Santa Cruz não conta com a ajuda financeira das cotas de televisionamento. O que exige bastante 'contorcionismo' da direção tricolor para esticar o dinheiro do clube. "Tem sido muito difícil. A gente vem se pautando no equilíbrio desde que a nossa gestão começou, buscando diminuir despesas, otimizar receitas, mas saímos de uma situação de um planejamento bem feito, com questão de patrocínio, recebimentos de outros clubes, alguns interromperam os pagamentos - o Vitória, na opção de compra do zagueiro João Victor -, mas isso não é só com o Santa Cruz é um fenômeno do futebol brasileiro e mundial. Quem tem cota da Série A e B é difícil, mas pelo menos eles têm uma garantia. No nosso caso não, a gente só vive da questão do campo, renda de bilheteria e bares. A receita de sócios também está muito atrelada aos jogos, porque os sócios pagam as mensalidades para ter um desconto e uma condição de ir aos jogos, então, quando o futebol para é claro que o número de sócios diminui", contextualizou Constantino Júnior, presidente tricolor, lamentando a queda de 40% dos sócios adimplentes nesse período de pandemia.
A lamentação do Sport não foge muito da que foi apontada pelas diretorias de Náutico e Santa Cruz. Para o presidente rubro-negro, Milton Bivar, fica até difícil mensurar o prejuízo diante de tal crise mundial. "A dificuldade é imensa. Não tem como estimar numa crise feito essa. Até porque a receita sofre uma queda quase que na totalidade. Sem jogos, perdemos patrocinadores, renda de bilheteria, arrecadação dos bares, sócios que não estão indo atualizar os vencimentos no clube, vivendo o dia a dia. Perdemos bem dizer tudo", lamentou o mandatário leonino. E, como se não bastassem todas as dificuldades provenientes da paralisação do futebol por conta do coronavírus, o Leão ainda precisa colocar em ordem suas dívidas passadas. A intenção da diretoria é definir o quanto antes uma solução para o caso André. Uma das maiores dívidas do clube atualmente. O Sport tem um débito estimado em R$ 5,5 milhões junto ao Sporting, de Portugal.
Esse aperto financeiro tem dificultado também o planejamento de contratações de Náutico, Santa Cruz e Sport. Nesse mês de paralisação de futebol, a direção coral não contratou nenhum jogador. O último acerto foi com o atacante paraguaio Derlis Alegre, anunciado no intervalo do jogo contra o Botafogo-PB, no dia 12 de março. Já a diretoria timbu conseguiu reforçar o elenco de Gilmar Dal Pozzo com a chegada dos meias Dadá Belmonte e Júnior Brítez. Da mesma forma, a direção leonina anunciou, durante a quarentena, a contratação de duas peças: o lateral-direito Patric e o atacante Ronaldo, com o presidente Milton Bivar afirmando que os já estavam apalavrados antes mesmo da paralisação do futebol por conta da covid-19 e que, no momento, iria dar uma pausa nas buscas por reforços.