Futebol pernambucano anseia por profissionalização para retomar protagonismo no Nordeste
Times cearenses e baianos ultrapassaram as equipes pernambucanas em organização, visibilidade e conquistas
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Se em décadas passadas, o torcedor pernambucano se orgulhava de ter o futebol mais forte do Nordeste, com os três grandes clubes - Náutico, Santa Cruz e Sport - brilhando nacionalmente, lotando estádios e fazendo campanhas vitoriosas; agora, o sentimento e a realidade já não são mais os mesmos. E para retomar o protagonismo da Região, o Trio de Ferro precisará desenvolver cada vez mais a gestão profissional para retomar dias vitoriosos. Algo que os rivais nordestinos fizeram ao se estruturarem e, atualmente, dominam o futebol nordestino.
Nesta temporada, os baianos terão a dupla Bahia e Vitória na Série A do Brasileirão. Já os cearenses, com o Fortaleza, bateu na trave na busca pela conquista do primeiro título internacional de um time do Nordeste, e ficou com o vice-campeonato da Copa Sul-Americana 2023, ao perder para a LDU. Apesar de deixar escapar o troféu da competição continental, o Tricolor do Pici se tornou o primeiro time nordestino a conseguir se manter na Série A por seis anos consecutivos, desde que a competição passou a ser disputada no modelo de pontos corridos. O seu arquirrival Ceará não fica atrás e, além de ser o atual campeão da Copa do Nordeste, se tornou um clube estruturado e financeiramente rentável.
Santa Cruz
Por falar em Nordestão, um clube pernambucano não fatura o título da competição há oito anos; o último foi o Santa Cruz, em 2016. Porém, de lá para cá, muita coisa mudou pelas bandas do Arruda. O clube colecionou rebaixamentos e, nesse ano, sequer tem uma Série para disputar, ficando de férias em pleno mês de março. Porém, ao menos, devido a campanha no Estadual, garantiu vaga na Série D de 2025 e mira um novo recomeço para se reerguer, quem sabe já sob administração de uma SAF, algo discutido internamente no clube.
Sport
Na Ilha do Retiro, o Sport vem se especializando em bater na trave. Nas duas últimas edições da Copa do Nordeste, o rubro-negro chegou à final, mas acabou sendo derrotado para os dois cearenses: Fortaleza, em 2022; e Ceará, em 2023. Na Série B não foi diferente. Nas duas últimas temporadas, apesar de entrar na competição como um dos favoritos, o Sport fez boas campanhas e, na reta final, derrapou e não conseguiu o acesso. Com isso, vai disputar pelo terceiro ano consecutivo a Segundona, algo que nunca aconteceu desde o início da Era dos pontos corridos. Porém, em 2024, sob a batuta do técnico argentino Mariano Soso, o Leão espera voltar a figurar na elite do futebol brasileiro. Nesse primeiro semestre, o time vem conseguindo êxito nas três competições que está disputando: está com uma mão na taça do Pernambucano após vencer o primeiro jogo da final por 2x0; terminou na 1ª colocação do Grupo A na fase de grupos do Nordestão; e também está classificado à terceira fase da Copa do Brasil. Ânimo para entrar bem na Série B e, quem sabe, no segundo semestre, conseguir o tão sonhado acesso à Primeira Divisão.
Náutico
Nos Aflitos, se dentro de campo o Náutico ainda está em busca de dias melhores - tem difícil missão no segundo jogo da final do Pernambucano, passou para próxima fase da Copa do Nordeste de forma irregular, como o 4º do seu grupo, e seguirá pelo segundo ano consecutivo na Série C -, fora dele a gestão timbu tem realizado um trabalho de reestruturação do clube e conta com o apoio do torcedor. A prova disso é que a torcida alvirrubra, no ano passado, elegeu pela terceira vez na história uma chapa de oposição, encabeçada pelo advogado Bruno Becker, e que tem a jornalista Tatiana Roma como vice-presidente, algo inédito nos 122 anos de fundação no Náutico - uma mulher ocupando um cargo na direção executiva. Isso evidencia a intenção de promover um modelo de gestão inclusivo e com a participação de todos e todas.
VIOLÊNCIA NO FUTEBOL
Para piorar ainda mais a imagem do futebol pernambucano, fatos lamentáveis fora de campo ganharam repercussão nacional. No último dia 21 de fevereiro, após o empate entre Sport 1x1 Fortaleza, na Arena de Pernambuco, o ônibus da delegação cearense foi atacado por integrantes da torcida uniformizada do Sport, que arremessaram bombas e pedras, deixando sete jogadores feridos com os estilhaços de vidro. O atentado ocorreu a 8 km da Arena, na BR-232, mas ninguém ainda foi preso pela polícia.
Esse não foi o único caso de violência urbana em dia de jogos na capital pernambucana nesse ano. Na mesma semana do episódio com o Fortaleza, novas cenas de violência foram protagonizadas por torcedores da uniformizada rubro-negra, desta vez, nos arredores do estádio dos Aflitos, após o clássico entre Náutico x Sport, pelo Campeonato Pernambucano.
Entretanto, as agressões não estão se limitando fora das praças esportivas. Em março, depois do empate entre Náutico 1x1 CRB, pelo Nordestão, cenas lamentáveis de violência na sede alvirrubra foram registradas na saída da torcida. Em imagens que circularam nas redes sociais, vários seguranças particulares contratados pelo clube aparecem agredindo alguns torcedores. Um deles, completamente rendido e cercado por cerca de 10 seguranças, começa a ser agredido... Chegando a ter um escudo
quebrado por um dos agressores, que deveria garantir a segurança no clube, mas protagonizou atos violentos. Em nota, o presidente Bruno Becker garantiu a rescisão de contrato com a empresa de segurança, que por sua vez, repudiou o ato e afastou o profissional do serviço.
Seja dentro ou fora dos estádios, as autoridades pernambucanas estão perdendo de goleada para os 'pseudo-torcedores', que saem às ruas para promover a violência e o caos social. Seguros de que sairão impunes para seguirem sujando a imagem do futebol do nosso estado. Ou os clubes rompem em definitivo com essas torcidas uniformizadas, cortando qualquer relação e providenciando medidas enérgicas para impedir a entrada deles nos estádios, junto com o apoio da Polícia Militar, Ministério
Público e Governo do Estado, ou seguiremos reféns dos baderneiros.
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