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Coluna social deve ser um jornal dentro do jornal

O Jornal do Commercio sempre se destacou na área do colunismo social...

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João Alberto

Publicado em 02/04/2024 às 20:30 | Atualizado em 02/04/2024 às 22:12
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O colunismo social nasceu no começo dos anos 20, nos Estados Unidos com Walter Winchell, filho de imigrantes judeus, que criou a primeira coluna especializada em notícias sobre ricos e famosos da época. Tornou-se uma das figuras mais importantes de Nova York. No Brasil, o colunismo social nasceu com Álvaro Americano, que era editorialista de "O Globo", onde criou a coluna do Swann, que circulou por muitos anos e foi, depois, assinada por Ricardo Boechat, Carlos Leonam, Fred Sutter, Zózimo Barrozo do Amaral e Ancelmo Gois.

A crônica social no Brasil no estilo norte-americano foi Antônio Bernardez Müller, conhecido por Maneco pelos amigos e que se consagrou com o pseudônimo Jacinto de Thormes, que se tornou literalmente venerado no Rio de Janeiro. Foi quando surgiu Ibrahim Sued, de origem modesta, que começou como fotógrafo de eventos sociais até criar a coluna "Zum-Zum" no jornal "Vanguarda", no Rio de Janeiro, até se transformar na grande marca do colunismo social brasileiro, tendo como auxiliares alguns dos maiores jornalistas do país. Tinha um estilo elegante de vestir.

Tive a oportunidade de conhecê-lo, inclusive de ser recebido para jantar no seu apartamento. Costumava me informar quando passava pelo Recife, rumo a Paris, nos aviões da Panair do Brasil, que faziam parada técnica de duas horas nos Guararapes e os passageiros desembarcavam, e eu ia conversar com ele.

Fui convidado para a deslumbrante festa em que comemorou os 30 anos de carreira no Copacabana Palace. Destacou-se também na televisão, onde teve programa diário, criando frases antológicas, como: "De leve", "Sorry, periferia", "Depois eu conto", "Ademã que eu vou em frente", "Os cães ladram e a caravana passa", "Olho vivo, que cavalo não desce escada"; para lembrar algumas das muitas.

Depois de IbraHim Sued, a grande revolução foi "Zózimo Barrozo do Amaral", filho de família ilustre carioca revolucionou o colunismo social com sua coluna no Jornal do Brasil. Tive a felicidade, no início da carreira, de estagiar com ele, conhecer seu método de trabalho (muito trabalho...), sempre inspirado numa fase que era um mantra para ele: "a coluna deve ser um jornal dentro de outro", abordando os mais variados assuntos. Um ensinamento que nunca deixei de usar. Depois de décadas no Jornal do Brasil, mudou-se para "O Globo", onde ficou até falecer. Foi substituido no JB por Danusa Leão, que também fez sucesso.

Um cronista que brilhou, pelo estilo descontraído, foi Daniel Más, que eu trouxe uma vez ao Recife. Tinha uma coluna de duas páginas no "Correio da Manhã, um jornal que marcou época depois da Revolução de 1984. Em São Paulo, o pernambucano Tavares de Miranda brilhou por anos na Folha de S. Paulo, no espaço que hoje é de Mônica Bérgamo. Também se destacou Giba Um, pseudônimo de Gilberto Luiz Di Pierro, que veio várias vezes ao Recife.

O Jornal do Commercio sempre se destacou na área do colunismo social, com Altamiro Cunha, Alex, Orismar Rodrigues, Roberta Jungmann, Flávia de Gusmão e Mirella Martins, que me sucederam no Social 1. Cada um no seu tempo brilhou.

Nos suplementos que circulavam aos domingos, também se destacaram Zilde Maranhão, Helena Pessoa de Queiroz, Danilo Marcos,Thais Notare, e, no Diario da Noite, espécie de edição vespertina do Jornal do Commércio, Fátima Bahia, Antônio Azevedo, Moysés Kestman. No Diario de Pernambuco, Paulo do Couto Malta, Edmundo Morais, Cacho Borges, Fernando Barreto. E, hoje, Paula Losada e Cleodon Coelho.

A Folha de Pernambuco também com profissionais importantes: Mariana de Almeida, Paula Imperiano, Simone Lima e Roberta Jungmann.

Vivi, nestes 56 anos de coluna, mudanças radicais. No começo, basicamente era a cobertura de festas, que aconteciam em ambulância nos clubes sociais, jantares em casas de famosos, casamento badalados. Tinha que dar todos os detalhes e uma interminável lista de presenças, detalhe que minha boa memória ajudava, sempre tive o hábito de não usar caderneta de anotações. A lista terminava sempre com "entre outros". O que levou um médico famoso do Recife, que eu esquecia de citar, a se chamar entre os amigos de "Entre outros".

Exatamente depois do estágio no Jornal do Brasil, comecei a dar notas de política, de economia, de futebol, de exposições de pintores. Atualmente, a prática, que aprendi com Zózimo virou rotina de todas as colunas sócias. Que hoje deixaram de se dirigir apenas aos ricos e bem sucedidos. Tornou-se leitura de todos os públicos. Com a principal característica de ter notas curtas, facilitando a leitura, tem espaço de destaque em todos os jornais e originou dezenas de blogs especializados na área.

Em resumo, a crônica social de hoje é bem melhor, com o número de leitores crescendo. Tive o privilégio de acompanhar esta mudança.

 

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