O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu nesta quinta-feira (21) uma mobilização como "em tempos de guerra" para enfrentar a covid-19, anunciando um endurecimento das normas sobre o uso de máscara e quarentena obrigatória para viajantes que entram no país.
O presidente democrata dedicou seu primeiro dia de governo à prioridade mais urgente, a luta contra a pandemia, no país com o maior número de mortes pela covid-19.
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Ao assinar uma série de decretos, Biden anunciou que "quem viaja de outro país para os Estados Unidos deve passar por um teste antes de entrar no avião e ficar em quarentena quando chegar".
A exigência de um teste já havia sido ordenada pelo governo anterior, mas o isolamento era apenas uma recomendação.
Biden explicou que a medida se deve às novas cepas do vírus detectadas em outros países, em um momento em que os Estados Unidos já sofreram mais de 400 mil mortes pela pandemia, valor que supera o número de soldados americanos que morreram durante a Segunda Guerra Mundial.
O presidente afirmou ainda que vai fazer com que cientistas e especialistas trabalhem livres de "qualquer interferência política e que possam tomar suas decisões com base estritamente na ciência".
Um gesto para a OMS
O novo governo dos Estados Unidos agradeceu nesta quinta-feira à Organização Mundial da Saúde (OMS) por seu papel de liderança na luta contra a pandemia e garantiu apoio financeiro, uma reviravolta em relação à estratégia mantida pelo ex-presidente Donald Trump.
Os Estados Unidos, que anunciaram seu retorno à OMS na quarta-feira, "pretendem cumprir suas obrigações financeiras para com a organização", disse o imunologista Anthony Fauci em uma reunião do conselho executivo da agência da ONU.
Determinado a deixar claras as diferenças com seu antecessor desde o início, o 46º presidente dos Estados Unidos também expediu uma ordem executiva para tornar obrigatório o uso de máscaras em prédios federais e "estender os requisitos para o uso de máscaras em viagens interestaduais, em trens, aviões e ônibus."
O presidente advertiu em seu discurso de posse que a covid-19 está prestes a atingir sua "fase mais difícil e mortal", enquanto Fauci indicou em uma entrevista coletiva na Casa Branca que o número de infecções continua a ser "muito alto e que há um aumento nas hospitalizações".
Biden também espera convencer os congressistas republicanos a aprovar um novo pacote de ajuda de 1,9 trilhão de dólares com o objetivo de amenizar os efeitos da pandemia na economia.
O plano inclui cheques para famílias, verba para reabertura de escolas, dinheiro para agilizar exames e vacinas, liquidez para pequenos negócios e mais ajuda alimentar.
Primeira confirmação
Biden também tem esperança de que os legisladores deem luz verde para uma mudança radical na política de imigração, um dos pilares do mandato de seu antecessor.
Depois de anular um decreto na quarta-feira que proibia a entrada de cidadãos de países predominantemente muçulmanos nos Estados Unidos e de suspender a construção do muro na fronteira com o México, o presidente espera que o Congresso aprove um ambicioso projeto de lei de imigração.
O texto fornece um "caminho para a naturalização" para os mais de 10 milhões de imigrantes ilegais que vivem nos Estados Unidos, com termos e condições.
Em sinal de que os tempos estão mudando, o ex-líder do Senado Mitch McConnell - que agora dirige uma bancada minoritária - prometeu trabalhar com Biden "sempre que possível".
A Câmara Alta confirmou por grande maioria a nomeação de Avril Haines, ex-número dois da CIA, como Diretora de Inteligência.
Espera-se que o Congresso continue o processo de confirmação do gabinete de Biden, incluindo o de Antony Blinken como chefe da diplomacia americana.
No plano da política externa, alguns aliados e sócios dos Estados Unidos já comemoraram a chegada do novo presidente.
Foi o caso da chanceler alemã Angela Merkel, que garantiu nesta quinta-feira que há espaço para uma cooperação "mais ampla" com Biden do que com Trump, apesar dos persistentes pontos de atrito, especialmente sobre o polêmico projeto do gasoduto Nord Stream 2 da Rússia.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, será o primeiro líder estrangeiro a encontrar com Biden, na sexta-feira. O diálogo deve ser especialmente sobre o projeto do gasoduto Keystone, apoiado pelo Canadá, mas que Biden prometeu suspender durante a campanha.