Pelo menos 2.500 pessoas foram vítimas de golpes com vacinas falsas contra a covid-19 em duas grandes cidades indianas, Mumbai e Calcutá - informou nesta sexta-feira (25) a polícia, que fez uma série de prisões.
De acordo com a polícia de Mumbai, uma dose de solução salina foi administrada a cerca de 2.000 pessoas que acreditavam estar recebendo uma injeção da vacina contra o coronavírus.
Dez pessoas foram presas, incluindo dois médicos de um hospital privado em Mumbai, a capital financeira da Índia, relatou a polícia, em uma entrevista coletiva nesta sexta.
Em Calcutá, capital do estado de Bengala Ocidental, a polícia prendeu um homem que se fazia passar por um funcionário público com mestrado em genética e que administrava nada menos que oito postos de vacinação fraudulentos.
Pelo menos 250 pessoas com deficiência e transexuais foram vacinadas com doses falsas em um desses locais. Ao todo, quase 500 pessoas foram vítimas de uma injeção falsa em Calcutá.
Frascos apreendidos foram fraudulentamente rotulados como a vacina contra o coronavírus da AstraZeneca, comercializada na Índia sob o nome de Covishield, informou o agente de Calcutá Atin Ghosh.
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"A etiqueta da Covishield cobria o rótulo de uma solução de sulfato de amicacina 500 mg, um antibiótico usado para tratar infecções bacterianas do trato urinário, ossos, cérebro, pulmões e sangue, entre outros", disse Ghosh à AFP.
O golpe veio à tona depois que a atriz e política Mimi Chakraborty, que recebeu uma dose falsa da vacina em um desses locais, suspeitou e alertou a polícia.
A polícia apreendeu documentos de identidade falsos na residência do suspeito, usados por ele para se fazer passar por funcionário do Ministério da Informação, ou por vereador. Seu carro tinha adesivos do governo de Calcutá.
Várias vítimas se disseram "em pânico" com um possível impacto negativo em sua saúde, segundo Debashis Barui, autoridade médica em Calcutá.
"Em caso de emergência, as autoridades organizarão plantões médicos na região para cuidar daqueles que receberam falsas doses", disse Barui à AFP.
Uma das vítimas, Ruma Sikdar, de 35 anos, experimentou uma sensação de sonolência associada a desconforto no braço.
"O que me preocupa é como conseguir uma dose real antes que a terceira onda chegue", declarou a dona de casa.
"Não pensava que isso poderia acontecer enquanto o mundo luta contra a pandemia", reagiu Debjit Majumdar, um estudante também vítima do golpe.