Os Estados Unidos acusaram novamente a Rússia nesta quarta-feira (22) de manter uma "escalada" na fronteira com a Ucrânia, mas assinalaram que esperam continuar o diálogo diplomático com Moscou.
"A Rússia continua a escalada e não parou de reforçar sua presença militar" na fronteira, disse à AFP um porta-voz da diplomacia americana, que também ressaltou que Washington e seus aliados estão monitorando a situação "de perto".
A declaração coincide com um relatório da Alemanha que confirmou novos "movimentos de tropas" do lado russo.
"Existe uma linha de comunicação e de contato diplomático aberta e esperamos que continue", declarou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, durante sua coletiva de imprensa diária.
Os países do Ocidente acusam Moscou de concentrar dezenas de milhares de tropas na fronteira com a Ucrânia com o objetivo de preparar uma eventual invasão.
O Kremlin, por outro lado, avalia que são as atitudes de Washington e da Otan que realmente representam uma ameaça, em razão de seu apoio político e militar a Kiev.
"Qualquer nova agressão contra a Ucrânia acarretará graves consequências", previu o porta-voz do Departamento de Estado americano, retomando a advertência de sanções sem precedentes emitidas pelos americanos e seus aliados.
"Pedimos firmemente à Rússia que inicie uma desescalada, retirando suas tropas da fronteira com a Ucrânia", acrescentou o funcionário.
"Nosso objetivo é a desescalada através da diplomacia. Os Estados Unidos estão prontos para assumir a via diplomática em janeiro por meio de vários canais."
Essas ameaças, no entanto, não impediram que o presidente russo, Vladimir Putin, adotasse um tom particularmente veemente nesta terça-feira.
"Caso se mantenha a linha claramente agressiva de nossos colegas ocidentais, tomaremos as medidas militares e técnicas de represália adequadas, reagiremos de maneira firme às ações não amistosas [...] estamos no nosso direito", declarou Putin durante um pronunciamento ao alto comando das Forças Armadas e do Ministério da Defesa da Rússia.
"O presidente Putin se dirige a seu próprio público, que não são os Estados Unidos", comentou Psaki nesta quarta.
"A Otan é uma aliança defensiva. Não temos intenções agressivas contra a Rússia", explicou a porta-voz americana. "A retórica agressiva vem de apenas um lado e acredito que todo o mundo poder ver isso claramente", assinalou.