Conflito

GUERRA RÚSSIA E UCRÂNIA: Primeiros refugiados ucranianos chegam à Hungria e à Romênia

Após uma série de ameaças, a Rússia invadiu a Ucrânia

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AFP

Publicado em 24/02/2022 às 18:19
Prédio bombardeado em Chuguiv, na Ucrânia - ARIS MESSINIS / AFP

"Todo mundo que pode está fugindo", explica Krisztian Szavla, um dos primeiros refugiados ucranianos que chegaram à Hungria nesta quinta-feira (24) a partir da Transcarpathia (oeste), onde vive uma grande minoria húngara.

"Não queremos passar pelo que eles estão passando nas montanhas do leste, acordando com sirenes e os russos bombardeando sua cidade", diz o ucraniano de 28 anos em um posto de gasolina em Záhony, do lado húngaro da fronteira.

Durante a madrugada, o barulho temido há vários dias acordou a capital ucraniana em pânico. Às 4h30, explosões rasgaram o céu de Kiev pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. Ao amanhecer, as primeiras sirenes de alerta tocaram por vários minutos nos alto-falantes da capital. "Acordei com o barulho das bombas, fiz as malas e saí correndo", disse à AFP Maria Kashkoska, de 29 anos, abaixada em uma estação do metrô, onde encontrou refúgio.

A região ucraniana de Transcarpathia, isolada do resto do país pelas montanhas dos Cárpatos, é um mosaico de grupos étnicos no qual os húngaros são a maior população (130.000 pessoas).

Uma mulher ferida do lado de fora de um hospital após o bombardeio na cidade de Chuguiv, no leste da Ucrânia - ARIS MESSINIS / AFP
O corpo de um foguete preso em um apartamento após bombardeio nos arredores do norte de Kharkiv, Ucrânia - SERGEY BOBOK / AFP
Restos de um míssil na cidade de Kharkiv, no leste da Ucrânia - ARIS MESSINIS / AFP
Interior da Zona de Exclusão, em Chernobyl. Local foi invadido pela Rússia no confronto com a Ucrânia - Reprodução/YouTube (60 Minutes)
Prédio bombardeado em Chuguiv, na Ucrânia - ARIS MESSINIS / AFP
Avião militar ucraniano com 14 pessoas a bordo caiu ao sul de Kiev nesta quinta (24) - HANDOUT / UKRAINE EMERGENCY MINISTRY PRESS SERVICE / AFP
Usina Nuclear de Chernobyl foi local de um desastre nuclear e virou "cidade fantasma". Agora, é palco da guerra entre Rússia e Ucrânia - Reprodução/YouTube
Militares da Ucrânia na região de Lugansk - ANATOLII STEPANOV / AFP
Fumaça preta saindo do aeroporto militar de Chuguyev, na Ucrânia - ARIS MESSINIS / AFP
Explosão em Chuguiv, na Ucrânia - ARIS MESSINIS / AFP
Explosão em Chuguiv, na Ucrânia - ARIS MESSINIS / AFP
Militares da Ucrânia em Kiev - DANIEL LEAL / AFP
Militares da Ucrânia em Lugansk - ANATOLII STEPANOV / AFP
Militares da Ucrânia - ANATOLII STEPANOV / AFP

"Por outro lado, há filas de uma hora para comprar gasolina, caixas eletrônicos de bancos estão vazios, como prateleiras de lojas", diz Szavla, que planeja ficar com amigos no leste da Hungria por um tempo.

"Tenho mulher e uma filhinha. Não quero que ela cresça sem pai", diz o profissional de marketing, que admite estar fugindo do recrutamento militar.

"Situação horrível"

Ao longo desta quinta-feira, a polícia húngara reportou longas filas para entrar no país que compartilha uma fronteira de 140 quilômetros com a Ucrânia.

Segundo a agência de notícias húngara MTI, "pelo menos 400 a 500 pessoas" cruzaram a fronteira a pé.

"A situação na Ucrânia é horrível, meus amigos e familiares ficaram em Kiev e em outras cidades próximas à fronteira", explicou Bogdan Khmenitski, um médico ucraniano de 33 anos, enquanto empurrava uma mala de volta para a Ucrânia.

"Decidimos abreviar uma viagem a uma conferência em Budapeste para ajudar na Ucrânia", disse ele à AFP junto com outros dois colegas médicos.

Eles esperam poder chegar a Kiev de carona.

"Depois do ataque de hoje, temos que levar em conta que haverá um número significativo de cidadãos ucranianos chegando à Hungria e possivelmente solicitando o status de refugiado", disse o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, em um vídeo nesta quinta-feira.

"Estamos prontos para atendê-los, somos capazes de enfrentar esse desafio de forma rápida e eficiente", acrescentou. Um mapa postado ontem na página de Orban no Facebook sugeriu que a Hungria pode ter que acolher 600.000 refugiados.

"Danos colaterais"

Na vizinha Romênia, a polícia disse nesta quinta-feira que cerca de 5.300 pessoas entraram da Ucrânia (com a qual tem uma fronteira de 615 quilômetros). No dia anterior foram 2.400.

Várias centenas de ucranianos cruzaram a fronteira em Sighetu Marmatiei, de acordo com imagens de televisão.

"Muitos perguntam como chegar à Polônia ou à República Tcheca", diz o prefeito da cidade, Vasile Moldovan.

Segundo o ministro da Defesa, Vasile Dancu, a Romênia planeja abrigar os refugiados em seis ou sete regiões próximas à fronteira.

"Estamos preparados para administrar esse dano colateral" da invasão à Ucrânia, disse ele.

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