Natural de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, o jogador de futsal Ewerton Florêncio, 32 anos, tenta sair da Ucrânia em meio à invasão russa. Ele mora na Ucrânia há quase dois meses e viu a cidade onde vive, Kherson, ser tomada pelos militares russos após tiroteios e bombardeios.
Na manhã desta quinta-feira (3), Ewerton concedeu entrevista à GloboNews e comentou sua situação. Ele está com mais dois brasileiros e conta com o suporte de uma tradutora ucraniana.
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"Os militares russos invadiram nossa cidade e foi bastante tenso. Hoje, graças a Deus, está mais tranquilo, pessoas já andam nas ruas, estão comprando alimentos e água, que é o fundamental. Dois dias atrás, o mercado estava fechado, mas houve uma trégua e conseguimos comprar e ficar com estoque maior", disse.
Há uma semana, o ala estava disputando a liga de futsal da Ucrânia. Agora, está esperando pela chance de deixar o país. "O plano é sair o mais rápido possível. Agora que deu uma tranquilizada, talvez possamos seguir a estrada com segurança, ir ao país mais próximo e pegar um voo para o Brasil. É o que mais queremos, sair dessa guerra. E torcemos que acabe a guerra, o povo ucraniano é do bem e a gente torce pela paz", afirmou o pernambucano.
Ewerton tem contato com a embaixada brasileira na Ucrânia, mas disse que não há possibilidade de ajuda a todos os brasileiros no País. "A embaixada vem se comunicando com a gente, dando força, mas a logística é complicada, são vários brasileiros, em várias cidades, não dá para juntar todos e poder retirar. Temos uma base de como sair daqui, mas precisamos de segurança e não sabemos como está a estrada. Temos próximas as fronteiras com a Moldávia, Romênia e Polônia, que fica um pouco mais longe. Ficamos querendo que se resolva rápido e sair o mais rápido possível", disse.
Há três dias, ele já tinha cobrado uma ajuda das autoridades em relação aos brasileiros que estão no País. "Queremos que os nossos governantes se movam para tirar o mais rápido a gente daqui. É uma situação que nós brasileiros nunca passamos e não desejamos isso para ninguém. É uma tensão muito grande estar perto de conflitos, é muito triste", disse o jogador.
Guerra
O jogador disse estar seguro em um apartamento com mais dois jogadores brasileiros, Daniel Rosa e Cláudio Garcia. Ele conta a tensão na cidade antes e depois da invasão russa.
"Quando fui comprar água, passamos pela prefeitura e estava rodeada de militares russos, com fuzis, prestando atenção em quem passa, mas, graças a Deus, sem atingir civis e prédios. Estão querendo tomar a cidade na paz, teoricamente. Nossa tradutora vai atualizando das notícias da cidade, a internet funciona bem, está tranquilo, na medida do possível. Mas, os últimos dois dias foram tensos. Escutávamos barulho de bombas, de tiros, alguns muito próximos ao nosso apartamento. Poderiam ser civis ou militares ucranianos em conflito com russos. Escutamos tiroteio, bombardeios. Ontem tranquilizou, mas ao longo do dia ainda se ouve alguns tiros e bombas. Também vi ontem bastante tanque de guerra, com militares russos com fuzis em cima", destacou o brasileiro.
A família de Ewerton está em Caruaru. Nas redes sociais, ele vem compartilhando o dia a dia em meio ao conflito. O jogador já sentiu a falta de alguns produtos na cidade, como carne e ovos, mas conseguiu manter um bom estoque para aguardar o momento da saída da Ucrânia. Antes de se mudar ao país, ele estava no Cazaquistão, onde atuou por quase cinco temporadas.
De Pernambuco para o mundo
Ewerton Florêncio estava atuando no Futebol 7 pelo Caruaru City, em 2016, quando foi contratado pelo futsal europeu para disputar a liga da Letônia, pelo FK Nikas, da cidade de Riga.
Ele chegou a ter passagens no futsal pelo Sport, Santa Cruz, Central e na Seleção de Pernambuco, antes de sair do Brasil. Em 2010, foi campeão do Brasileiro Sub-20 pelo Sport, campeão Pernambucano 2013 e da Copa Pernambuco 2014 pelo Central.
No Futebol 7 Society, foi campeão Pernambucano e artilheiro do Pernambucano 2015 - Serie A2 pelo Caruaru City SC.