A alta demanda por insumos e equipamentos para o atendimento e tratamento de pacientes com diagnóstico ou sintomas do novo coronavírus (covid-19) fez com que os preços dos produtos disparassem. Uma máscara modelo N95, por exemplo, era adquirida pelo poder público por menos de R$ 3 antes da pandemia. Hoje, chega a custar R$ 19.
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Além das máscaras N95, modelo mais sofisticado de proteção respiratória, as máscaras cirúrgicas também tiveram o preço afetado, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES). De R$ 0,60, passaram a custar mais de R$ 2. Entre os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), a SES ainda destacou o aumento do valor dos aventais utilizados por profissionais da saúde, que custavam entre R$ 2 e R$ 3 antes da pandemia e hoje são encontrados no mercado por R$ 10.
Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (23), o secretário de saúde do Estado, André Longo, lamentou a escalada de preços e a dependência da importação de materiais e equipamentos de outros países, como a China. "É lamentável a escalada de preços nesta pandemia. A dependência da China vai precisar ser revista depois desta pandemia. É uma lição que teremos que aprender. A indústria nacional de equipamentos médicos precisa de incentivos e estímulo, para que não fiquemos de joelhos pedido a outras potências econômicas que nos atendam. Acabamos tendo que nos curvar diante de preços abusivos para salvar vidas."
O secretário ainda lamentou os investimentos em ciências e tecnologia no País. "Temos um dos piores balanços comerciais na área da saúde. Temos U$ 10 bilhões de déficit anuais, o que indica a dependência de importação. O governo federal deve ditar uma política que atente para isso."
Secretário de saúde do Recife, Jailson Correia endossou a fala. "Temos pequenos investimentos ao longo de décadas, um problema gravíssimo de dependência. Se chega a pagar 5 e até 10 vezes mais para comprar insumos. O País precisa investir em ciência e tecnologia. A falta de desenvolvimento tecnológico cobra um preço. Essa é uma das lições que precisam ser duramente aprendidas."
Não só os insumos e equipamentos aumentaram de preço durante a pandemia. Com média de 90% dos leitos destinados à covid ocupados no Estado (97% de UTI e 80% de retaguarda), Pernambuco tem apostado na utilização de leitos da rede privada para atender pacientes com diagnóstico confirmado ou sintomas do novo coronavírus e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). De acordo com André Longo, o custo dos leitos de UTI, que antes da pandemia custavam R$ 1 mil por dia, duplicaram de preço, passando para R$ 2 mil por diária.
"Estamos realizando uma série de reuniões capitaneadas pelo Sindicato dos Hospitais junto à rede privada para estabelecer patamares de remuneração de leitos privados, para que sejam utilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Temos um conjunto de leitos à disposição em hospitais que, inclusive, nunca tiveram a tradição de atender o SUS, como os hospitais Santa Joana, São Marcos e Albert Sabin", detalhou Longo. Segundo ele, a negociação diz respeito aos leitos ociosos, já que as unidades de saúde têm enfrentado a alta demanda por leitos de pacientes com plano de saúde.
Pernambuco registrou 306 novos casos do novo coronavírus (covid-19) entre a quarta (22) e a quinta-feira (23). Trinta novos óbitos pela doença também foram registrados, de acordo com a SES. Com os novos números, passam para 3.604 o número de casos confirmados no Estado, com 312 óbitos.
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Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes.
- Ficar em casa quando estiver doente.
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
- Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
- Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.