Defesa de Mirtes, mãe de Miguel, afirma esperar que denúncia contra Sarí seja recebida integralmente

Sarí foi denunciada pelo crime de abandono de incapaz. Na denúncia, o promotor responsável, Eduardo Tavares, ainda pediu um agravante de pena porque o crime ocorreu contra criança em meio à conjuntura de calamidade pública
JC
Publicado em 14/07/2020 às 13:25
MOBILIZAÇÃO A mãe do menino, Mirtes Renata, e representantes de entidades pedirão justiça em frente à 1ª Vara Foto: DAY SANTOS/JC IIMAGEM


Por meio de nota, a defesa de Mirtes Renata da Silva afirmou esperar que o "magistrado competente" receba, de forma integral, a acusação feita na manhã desta terça-feira (14) pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) contra Sarí Corte Real, acusada pela morte do menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, que caiu do nono andar de um prédio de luxo na área central do Recife depois de ser deixado sozinho no elevador.

O advogado de Mirtes, Rodrigo Almendra, disse, também, que, apesar da pandemia, o Tribunal de Justiça tem sido ágil na resolução dos processos, e acredita que o empenho se refletirá na 1ª Vara dos Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital, para onde o processo foi encaminhado.

"Mirtes Renata, mãe do pequeno Miguel Otávio, recebe auspiciosamente a notícia do oferecimento da denúncia pelo delito de abandono qualificado contra Sari Corte Real. A expectativa é que a imputação seja integralmente recebida pelo magistrado competente. Caberá ao promotor de justiça, titular da ação penal pública, o protagonismo da acusação. O Tribunal de Justiça, por meio de seu presidente, tem implementado esforços para dar celeridade aos processos de natureza criminal durante a situação de emergência sanitária (COVID-19). Acreditamos que esse empenho se refletirá, também, nos autos do processo criminal que principia na 1ª Vara dos Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital", diz a nota, assinada pelo advogado.

» Na denuncia a Sarí, Ministério Público sugere que abandono em meio a uma pandemia agrava pena

» Caso Miguel: MPPE denuncia Sarí Corte Real por abandono de incapaz 

Sarí foi denunciada pelo crime de abandono de incapaz. Na denúncia, o promotor responsável, Eduardo Tavares, ainda pediu um agravante de pena porque o crime ocorreu contra criança em meio à conjuntura de calamidade pública (período da pandemia do novo coronavírus). A pena prevista para o crime de abandono de incapaz é de 4 a 12 anos de reclusão. Com o agravante, há uma maior possibilidade de a acusada pegar a pena máxima, caso seja condenada pela Justiça.

"Eu sinto que fiz tudo o que podia", diz Sarí Corte Real

Mãe e avó de Miguel ganhavam até gratificação por produtividade em Tamandaré

AS INVESTIGAÇÕES

Miguel caiu do nono andar do Edifício Píer Maurício de Nassau, localizado no bairro de São José, Centro do Recife, no dia 2 de junho. Ele foi deixado sozinho no elevador por Sarí, então patroa da mãe do garoto, a empregada doméstica Mirtes Souza, que tinha descido para passear com o cachorro da empregadora. 

A perícia realizada pelo Instituto de Criminalística (IC) no edifício constatou que Sarí apertou o botão da cobertura, antes de deixar a criança sozinha no elevador. Ao sair do equipamento, o menino passa por uma porta corta-fogo, que dá acesso a um corredor. No local, ele escala uma janela de 1,20 m de altura e chega a uma área onde ficam os condensadores de ar. É desse local que Miguel cai, de uma altura de 35 metros.

Ao reconstituir a dinâmica que antecedeu a queda da criança, a perícia conclui que a morte foi "acidental, e não provocada". O termo "provocada" é para deixar claro que Miguel não se suicidou nem foi empurrado por ninguém.

Segundo o delegado Ramon Teixeira, depois de deixar a criança sozinha no elevador, Sarí voltou para fazer as unhas com a manicure que estava em sua casa. No dia da queda, o delegado chegou a autuar em flagrante a então patroa da mãe do garoto por homicídio culposo. Ela pagou fiança de R$ 20 mil e foi liberada.

Na conclusão do inquérito, Ramon Teixeira mudou o entendimento da tipificação penal. Ele também descartou a possibilidade do homicídio doloso e do dolo eventual foram afastadas. O delegado ressaltou que, apesar de ser um caso difícil, o inquérito buscou agir de forma isenta. "A gente sempre sempre zelou pela transparência, porque a sociedade merece e precisa de respostas para o que aconteceu. Desde o primeiro momento agimos com zelo, exclusivamente pautado pela técnica", disse. 

 

 

TAGS
pernambuco caso miguel mppe
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory