A cinco dias da data de retorno das aulas, clima é de intensas negociações entre Estado e professores

Dia decisivo será na próxima segunda-feira, quando os professores resolvem se retomam o ensino presencial
Ciara Carvalho
Publicado em 17/10/2020 às 2:00
APOIO Maria Luiza Barros e a filha Taissa, no último dia 6, quando a estudante voltou à escola. A jovem espera que Estado e professores entrem em acordo e as aulas recomecem Foto: BRENDA ALCÂNTARA/JC IMAGEM


A cinco dias da data prevista para retomada das aulas presenciais para as turmas do 3º ano do ensino médio da rede estadual, o clima ainda é de intensas negociações entre a Secretaria Estadual de Educação e os professores da rede pública. Nesta sexta-feira (16), o Sintepe, sindicato que representa os docentes, divulgou uma nota, afirmando que não há garantia de que o retorno às escolas acontecerá na próxima quarta-feira (21), data já anunciada pelo governo do Estado.

Para tentar chegar a um acordo e evitar o prolongamento do confronto judicial, uma nova rodada de reuniões vem sendo realizada. Na sexta (16) Estado e sindicato se encontraram para discutir os dados epidemiológicos da pandemia e os impactos na educação. Neste sábado (17) a direção do Sintepe se reúne para avaliar o resultado das visitas realizadas às escolas ao longo da semana. Mas o dia decisivo para os 90 mil alunos do 3º ano da rede estadual será na próxima segunda-feira (19), quando, pela manhã, haverá a reunião final com o Estado, e, à tarde, a categoria decide, por meio de assembleia virtual, se cumpre ou não o calendário proposto pelo governo.

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O comunicado emitido pelo Sintepe foi uma resposta ao anúncio feito pela Secretaria de Educação, na última quinta-feira (15), confirmando a reabertura das unidades de ensino. "O dia 21 de outubro, apontado pela Secretaria de Educação como 'certo' para o retorno às atividades presenciais não é consenso com o sindicato. Na assembleia, de forma autônoma e soberana, definiremos os nossos encaminhamentos", enfatizou, em nota, o Sintepe. Apesar do recado duro, o esforço tem sido para se chegar a um entendimento.

Nesta sexta um passo importante foi dado nesse sentido. Uma comissão do Sintepe se reuniu com a equipe técnica da Secretaria de Educação e com representantes da Secretaria Estadual de Saúde, para discutir questões epidemiológicas, como taxa de contaminação e a média móvel de casos do novo coronovírus no Estado. Os dados foram apresentados por Wanderson Oliveira, ex-secretário Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e atual consultor do governo de Pernambuco.

"Do ponto de vista dos dados, a apresentação foi substancial. Vamos discutir as informações com os especialistas em saúde que estão nos ajudando na tomada de decisões. Até hoje todos os nossos argumentos e posicionamentos foram baseados na avaliação de médicos e profissionais da área", afirmou o presidente do Sintepe, Fernando Melo.

VISITA ÀS ESCOLAS

O resultado parcial das vistorias feitas nas escolas de ensino médio da rede estadual de Pernambuco pode representar um indicativo positivo na construção de um diálogo entre professores e governo do Estado. Após visitar quase 50% das 758 unidades de ensino da rede pública, o Sintepe avaliou que, em média, 80% das escolas vistoriadas atendem o protocolo sanitário estabelecido para retomadas das aulas presenciais.

"Do ponto de vista estrutural, verificamos que a maior parte das escolas visitadas está dentro das exigências previstas no protocolo. Precisamos concluir todas as visitas para ter o cenário completo. Essa é a avaliação até o momento", diz o presidente do Sintepe, Fernando Melo. Ele observa, no entanto, que a pauta de discussões com o governo do Estado envolve outros pontos de negociação.

"Todo esse debate, em torno da volta às aulas presenciais, diz respeito a uma série de questões, como os aspectos pedagógicos, o calendário 2020 e 2021, as orientações e procedimentos sobre os grupos de risco. Tudo isso estará na pauta da nossa assembleia, na próxima segunda-feira, e pesará na decisão da categoria", afirma o representante do sindicato.

A jovem Taissa Barros, 18 anos, vai acompanhar com atenção o resultado da reunião dos professores, marcada para começar às 14h30. No último dia 6, ela foi uma das alunas do 3º ano da Escola de Referência de Ensino Médio Santa Paula Frassinetti, no Espinheiro, na Zona Norte do Recife, que conseguiu voltar à sala de aula, após quase sete meses longe da escola. "Eu estava apreensiva, mas fiquei tranquila porque todos os protocolos foram seguidos, o distanciamento, as normas sanitárias, pelo menos na minha escola foi tudo bem", contou.

A alegria da estudante, no entanto, demorou só um dia. Uma liminar suspendeu o retorno presencial dos alunos da rede pública. A medida foi posteriormente derrubada pela Justiça, mas o Estado decidiu só retornar após acordo com os professores. "A ansiedade é muito grande por essa decisão. Tem muita coisa em jogo para gente que está cursando o 3º ano. Entre os meus amigos, todos querem voltar", diz a jovem.

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