Em três crimes diferentes, cercados de mistério, três mulheres foram assassinadas em Pernambuco na quarta-feira (6). Dois destes casos aconteceram no Grande Recife, e um no Sertão do estado. A Polícia Civil investiga as três execuções.
Uma catadora de recicláveis, identificada como Marta Maria da Silva, de 34 anos, foi morta com um tiro na cabeça embaixo de uma árvore. O crime aconteceu na Rua Bruno Maranhão, no bairro da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR). Nenhum objeto da mulher foi levado.
De acordo com a polícia, o suspeito de cometer o homicídio conhecia bem a rotina da vítima e o local, já que o crime aconteceu em uma rua vazia, ao lado de um matagal.
Bruno Magalhães, delegado responsável pelo caso, revelou ainda que a execução não deve se tratar de um feminicídio. "A princípio não foi um feminicídio, a vítima não tem um relacionamento, trabalhava com a reciclagem, então a princípio estamos trabalhando com a possibilidade de alguma rixa, alguma rivalidade que ela possa ter tido e a pessoa chegou sorrateiramente, sem ela perceber, e efetuou os disparos na cabeça", explicou.
Agora, a polícia segue com as investigações a fim de identificar e localizar o suspeito. Imagens das câmeras de segurança de empresas localizadas na rua em que o crime aconteceu serão solicitadas para auxiliar na apuração do caso. Além disso, parentes da vítima serão chamados para prestar depoimento na delegacia. O caso será conduzido pela 11ª Delegacia de Homicídios.
Já a outra vítima, identificada apenas como Vitória, foi uma cobradora de transporte alternativo do município de Igarassu, segundo testemunhas. O crime aconteceu na Avenida Mário Melo, no centro da cidade, em uma área comercial com bastante movimento e com um ponto de transporte alternativo de lotação.
De acordo com perícia realizada pelo Instituto de Criminalística (IC), a mulher foi atingida por pelo menos seis tiros de arma de fogo e o crime tem características de execução. "Ela foi executada pelas costas, a grande parte dos disparos ela recebeu quando estava caída do solo. Então evidencia realmente uma intenção de executá-la", explicou o perito Betson Fernandes.
Investigações da p olícia apontam que a mesma mulher poderia estar envolvida com o tráfico de drogas e já havia sofrido uma tentativa de homicídio. A ordem de execução teria vindo de um traficante, que já se encontra no sistema prisional.
"Segundo informes, ela teria algum tipo de envolvimento com o tráfico de drogas. Nós ouvimos também que ela teria sofrido um atentado nas últimas semanas, que ela teria tido um conflito neste mundo do tráfico de drogas e alguém, inclusive que está em um presídio, teria dado ordem para que matassem ela", revelou Antônio de Campos, delegado responsável pelas investigações.
A terceira mulher também foi morta a tiros. O crime aconteceu no município de Betânia, Sertão do estado. Esta, uma jovem de apenas 20 anos, foi assassinada junto com o marido, de 21 anos. A filha do casal, de pouco mais de um ano, estava no local do crime mas não foi atingida. A criança foi encontrada ao lado do corpo da mãe.
Segundo testemunhas, o casal estava em casa, no Sítio Riacho do Saco, quando foi abordado por suspeitos que chegaram em carros e motos, efetuaram disparos e logo em seguida fugiram do local. Autoria e motivação do crime serão investigados pela Polícia Civil.
Violência contra mulher
Segundo balanço enviado pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS), entre janeiro e novembro de 2020, o número de vítimas de violência doméstica e familiar contra a mulher nas delegacias de Polícia Civil de Pernambuco caiu 3%. Passando de 38.847 nesse período em 2019 para 37.716 no ano passado.
Os casos de feminicídio, no entanto, aumentaram. Dados, também da SDS, apontam que 66 mulheres foram vítimas de feminicídio entre janeiro e novembro de 2020. Um número de ocorrências maior, se comparado ao que foi registrado no mesmo período de tempo em 2019, quando foram 52 vítimas fatais.
Os três casos descritos nesta reportagem, de acordo com investigações preliminares da polícia, não são considerados feminicídio, quando a vítima é morta simplesmente por ser mulher, nem são casos de violência doméstica.