Após ter sido levado para Argentina pelo pai, Carlos Attias, em 2015, o menino Carlinhos, hoje com 13 anos, voltou para o Recife na madrugada desta terça-feira (9), acompanhado da mãe, Cláudia Boudoux, da irmã, Carla Boudoux, e do secretário executivo da Secretaria de Justiça de Direitos Humanos (SJDH) de Pernambuco, Eduardo Figueiredo. A família do menino, que já estava na Argentina desde o dia 31 de janeiro, aguardava somente a liberação da justiça para reencontrar Carlinhos e trazê-lo de volta ao Brasil.
Com cartazes e camisas personalizadas com a foto do menino, familiares aguardavam ansiosos pela chegada dos três, que ocorreu por volta das 2h20. Cláudia Boudoux, bastante abalada, optou por não gravar entrevista.
As passagens de avião para buscar o menino foram custeadas pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH). O secretário da pasta, Pedro Eurico, também foi recebê-los no Aeroporto Internacional Gilberto Freyre, no Recife.
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“A volta de Carlinhos é uma vitória dos Direitos Humanos, uma vitória daqueles que acreditam na liberdade e no respeito às instituições”, disse o gestor. Além dele, uma psicóloga da SJDH também acompanhou a chegada da família.
Em nota, a Polícia Federal informou que o desembarque de Cláudia, Carla e Carlinhos ocorreu com tranquilidade e normalidade. O voo procedente da Argentina fez uma escala no aeroporto de Guarulhos, no Estado de São Paulo, e depois chegou ao Aeroporto Internacional dos Guararapes. Tanto em Guarulhos quanto no Recife a família foi recepcionada por agentes da PF.
Entenda o caso
Carlinhos foi levado pelo pai para a Argentina no dia 25 de dezembro de 2015, quando tinha 8 anos. Ele deveria ter sido devolvido à mãe dois dias depois, o que não aconteceu.
"Depois disso, nunca mais soube dele. Só fui descobrir que Carlos fugiu com meu filho no Carnaval, quando consegui uma ordem para entrar no apartamento dele", afirmou a mãe do garoto ao JC, na ocasião. No local, não havia vestígios nem do pai nem do garoto.
Durante a judicialização do processo sobre a guarda de Carlinhos, foi apurado que o pai dele teria contratado uma idosa de 80 anos para tomar conta temporariamente do garoto, em um local não divulgado. Carlos Boudoux foi preso no dia 15 de janeiro de 2020, mas Carlinhos permaneceu desaparecido. A idosa também foi presa. No dia 19 de janeiro de 2021, o menino se apresentou em uma delegacia argentina.
Em entrevista à Rádio Jornal, o pai de Carlinhos, em prisão domiciliar, se defendeu sobre a acusação de sequestrar o filho. De acordo com o homem, a última vez que teve notícias do garoto, antes dele se apresentar na delegacia, foi em fevereiro de 2019 quando, segundo ele, o menino fugiu de casa após descobrir que o pai não viajaria com ele para o Recife por conta de restrições pedidas pela mãe.
"Eu o garanti que o acompanharia para poder assegurar que ele pudesse se apresentar ao juiz pernambucano e dissesse qual era a vontade dele, no que diz respeito ao local de onde morar e as garantias de não voltar a sofrer maus tratos por parte da família materna. No entanto, isso não pôde ser possível, devido ao fato de que a mãe de Carlinhos não cumpriu com a obrigação dela de retirar as restrições contra mim, em função da alegada inadimplência com a pensão alimentícia. Comuniquei, então, ao juiz e ao meu filho que eu não estava em condições de viajar por causa dessas restrições e que Carlinhos deveria viajar sozinho. Foi assim que meu filho ficou revoltado e preferiu fugir de casa, antes que voltasse a ficar em perigo com a família materna", completou.