RECICLAGEM

No Dia Mundial do Meio Ambiente, conheça a iniciativa do RioMar Recife que auxilia catadores de lixo e promove a reciclagem

No Dia Mundial do Meio Ambiente, conheça a iniciativa do RioMar Recife que auxilia catadores de lixo e promove a reciclagem

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 05/06/2021 às 7:00
Cooperativa Pró-Recife tem acesso a todos os resíduos do RioMar Recife, e os catadores não precisam ir até as ruas para recolhê-los - JÚLIO RODRIGUES/JC IMAGEM

Com informações do repórter Michael Carvalho, da TV Jornal

Há 15 anos, a Cooperativa Pró-Recife, situada no bairro da Imbiribeira, Zona Sul da capital pernambucana, nasceu com a missão de capacitar catadores de lixo para que se tornem referência em coleta seletiva de materiais recicláveis e na geração de trabalho e renda; uma preocupação enfatizada também pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) e comemorado neste 5 de junho. Os resíduos que chegam até a instituição são trazidos de várias empresas da cidade. Entre elas, o RioMar Recife, parceiro desde 2012.

Dessa forma, a cooperativa tem acesso a todos os resíduos do shopping, e os catadores não precisam ir até as ruas para recolhê-los, o que, para José Cardoso, que encabeça a Pró-Recife junto a esposa, Roberta Santana, é um alívio. “É muito difícil sair de manhã, às vezes sem ter tomado café, sem ter tido uma alimentação, em uma aventura, sem saber o que vai encontrar na rua”.

O trabalho no centro de compras começa já na limpeza das lixeiras. O material que pode ser reaproveitado é levado para triagem e depois encaminhado para a Central de Resíduos do RioMar. É no espaço de 235 m² onde tudo é preparado para seguir no caminhão da Pró-Recife e da Copagres, duas cooperativas que trabalham em semanas alternadas para coletar o material.

“Além da questão ambiental de diminuir o descarte desse material em aterros, existe a questão social, já que a gente consegue dar visibilidade a essas pessoas que se encontram muitas vezes em situação de vulnerabilidade social nas ruas. A gente consegue reconhecer esses trabalhadores e essas trabalhadoras como agentes protagonistas do meio ambiente”, relata a analista de Meio Ambiente do RioMar, Jussara de Paula,

Além do RioMar Recife, outros seis shoppings com participação do Grupo JCPM também possuem centrais de resíduos: Salvador Shopping, Salvador Norte Shopping, RioMar Aracaju, Jardins, RioMar Fortaleza, RioMar Kennedy, RioMar Recife. Ao longo do último ano, foram segregados 1.857,7 toneladas de recicláveis, beneficiando 154 pessoas que atuam diretamente nas 7 centrais com uma renda de R$ 571 mil ao todo.

Desde a inauguração do RioMar, as idas e vindas de Roberta e José nas ruas deram lugar à atuação em um ambiente estruturado localizado no próprio shopping, onde recebem toneladas de papel, papelão, plástico, vidro, alumínio e outros itens que são vendidos novamente para a indústria. Dois filhos do casal, já adultos, atuam também com reciclagem na central. A cooperativa chega a receber, em épocas de grande fluxo de vendas, entre 10 e 14 toneladas de papelão por semana.

A família agora soma até dois salários-mínimos por mês a partir de uma coleta estruturada, sem a necessidade de atravessar a cidade com o peso de uma carroça. Roberta de Santana se diz grata pela iniciativa do mall, que garante o sustento da casa e ainda ajuda o meio ambiente. “É importante para a cooperativa e para os catadores. Reconhecer os catadores e dar esse espaço para a gente já é uma vitória”, agradece.

História da Cooperativa Pró-Recife

Filha mais nova de uma família com outros três irmãos, Roberta cresceu se dividindo entre estudos e a geração de renda com recicláveis. Aprendeu o valor da reciclagem com a mãe, com quem percorria as ruas do bairro de Afogados apostando numa espécie de “corrida” com os carros de coleta de lixo da Prefeitura que passavam entre a tarde e a noite. “A gente precisava ir na frente para poder pegar o material antes da coleta”. De carroça em carroça, seguiu até os 30 anos de idade gerando renda e sustentando os cinco filhos que tinham nascido até então.

A urgência da venda e a falta de contato com a indústria faziam o valor do material recolhido ficar abaixo do potencial. Em meio a essa dinâmica, ela conheceu José Cardoso, atual marido, com quem teve mais dois filhos. “Descobri minha gravidez carregando fardo trabalhando na central de resíduos quando já estava com seis meses”, relembra ela. A aproximação entre os dois surgiu quando Roberta tentava se qualificar para melhorar o trabalho na reciclagem e formular uma melhor maneira de comercializar os produtos era fundamental.

José Cardoso já trabalhava com reciclagem de forma mais estruturada e orientava comunidades na melhor formação da comercialização a partir de diálogo com a indústria. Juntos, ele e Roberta começaram a trabalhar na formação do que seria a Cooperativa Pró-Recife, que é atualmente presidida por Roberta.

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