Black, um filhote de seis meses sem raça definida, foi atacado por um pitbull nessa quinta-feira (29) na UR-7 Várzea, Zona Oeste do Recife. Ele sofreu perfurações no pescoço, teve a costela quebrada e a pata machucada. Segundo moradores do local, o cão, que é violento e já partiu para cima de outros animais, é mantido sempre preso em uma casa.
Segundo a dona do filhote, a dona de casa Isabela Vanessa, de 33 anos, o dono do pitbull se prontificou a pagar pelos remédios, mas não quis bancar o internamento de Black. “Ele disse que era só uma briga de cachorro. A gente não tem condições financeiras de interná-lo”, disse à TV Jornal.
O filho dela, Ian Miguel, de 6 anos, é muito apegado ao animal, e teve dificuldades até para dormir no dia do incidente. "Tive que dar um calmante ao meu filho ontem porque ele ficou chorando muito, pensei que meu filho ia enlouquecer de tanto gritar", afirmou.
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Ao vivo, a criança orou pela saúde do bicho. “Deus, eu queria que o Black não morresse, [queria] que ficasse comigo. Meu sonho era que ele não morresse".
Vizinhos contam que o pitbull nunca é levado para passear, e que constantemente se solta. "O medo é muito grande de que ele pegue meus filhos, meus netos, e as crianças. Ele tem que ser responsabilidade", disse Tereza de Jesus.
Após a transmissão da reportagem, médicos veterinários e advogados entraram em contato com a família para custear o tratamento do animal e entrar com processo contra o tutor do pitbull.
Pitbulls são naturalmente perigosos?
Especialistas, médicos veterinários e adestradores ouvidos pela coluna Meu Pet garantem que pitbull é, por natureza, uma raça dócil e calma, muito usada como uma espécie de "babá" de crianças antigamente. O que explica os casos de ataques é o animal ter sido criado em um ambiente que o tornou mais violento, ou o desejo de marcar território contra outro cachorro.
“Ele é um animal forte, mas não é agressivo, é manso; tanto que não é um cachorro de guarda. Quando ataca, é porque existiu algum gatilho ou porque desenvolveu transtornos que não são inerentes à raça e que qualquer animal teria, dependendo da criação. O que acontece é que ele tem uma mordida muito forte, [com impacto] que pode chegar até uma tonelada, por isso os ataques são noticiados, e as pessoas entram em pânico e passam a ter horror da raça”, explica a médica veterinária Cristiane Aguiar.
“Esse ataque poderia ter vindo de um vira-lata, golden, de um labrador ou de um shih-tzu, o que muda é o estrago que é feito, porque a mordida de um cão de raça pequena seria imperceptível. O tutor tem que saber o potencial e o temperamento do cachorro e os ambientes em que ele vai”, defende a adestradora Crislane Santos.
Entretanto, ainda que o pit tenha crescido em um ambiente ou sob estímulos que o tornaram mais violento, é possível reverter esse quadro, segundo Cristiane. “O comportamento pode ser revertido, não é necessário eutanasiar o animal por isso. Ele deve passar alguns dias em observação, deve ser levado para um adestramento e fazer avaliações com uma veterinária que trabalhe com comportamento animal para entender por que ele está agredindo.”
“Os cães educados dessa forma ficam com traumas e descontrolados, isso não é saudável, eles não são felizes. Mas tem como voltar a uma vida saudável e social sim, com muito cuidado e muito treino, porque o cachorro aprende desde que nasce até morrer”, afirma Crisline.
Mesmo assim, a opinião de Reginaldo, após o trauma, é que pitbulls não convivam junto a seres humanos. “Temos que sensibilizar o pessoal que esses cachorros são perigosos e matam. Gosto de animais, mas alguns não dá para ter convívio com ser humano”, disse.