Com informações da repórter Renata Araujo, da TV Jornal
No Sítio Camboa, em São Caetano (Agreste de Pernambuco), a família da dona de casa Maria das Dores da Conceição comemora, nesta véspera de Natal, as doações recebidas da sociedade em geral. Após a veiculação de reportagem na TV Jornal, no último dia 10, foram várias as pessoas que fizeram gestos de solidariedade e doaram dinheiro, comida, ração para os pets, brinquedos e roupas. Agora, ela agradece tudo o que recebeu.
"Sinto gratidão. Meus filhos e eu temos hoje como tomar café da manhã, almoçar e jantar. É muito emocionante para uma mãe poder ter o que eles devem comer", conta Maria das Dores. Os filhos também já começaram a realizar exames médicos e estão em acompanhamento por profissionais de saúde, graças ao apoio de pessoas que se comoveram com a história da família.
No início do mês, Maria das Dores estava com as panelas vazias sobre o fogão, aguardava doações e desejava que seu marido conseguisse fazer algum bico para trazer dinheiro para casa. Mãe de seis filhos, Maria chorava a fome das crianças. Dessa vez, o problema da fome não é transitório. A pandemia, o desemprego, a inflação e a perda de renda empobreceram ainda mais a população.
Em Pernambuco, a situação é ainda mais frágil do que no Brasil. Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que o Estado tem 11,8% de sua população vivendo na extrema pobreza. No País, esse índice é bem inferior, ficando em 5,7%. Com esse resultado, Pernambuco tem a terceira pior situação do Brasil, atrás apenas do Maranhão e do Amazonas.
O resultado negativo vem se repetindo há anos seguidos. O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan), confirma que a fome é mais presente entre as populações rurais.
A pobreza das populações rurais, sejam elas de agricultores familiares, quilombolas, indígenas ou ribeirinhos, tem reflexo nas condições de segurança alimentar. Nessas áreas, em todo o País, a fome se mostrou uma realidade em 12% das residências.