URBANISMO

Pintadas e restauradas: uma nova cara para as pontes do Centro, parte da identidade do Recife

Após tempos precisando de reparos, as pontes do Centro vêm ganhando uma repaginada desde o final de 2021. Manutenção custa R$ 957.577,07 e deve terminar no final de fevereiro

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Katarina Moraes

Publicado em 18/01/2022 às 13:40
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Não à toa conhecida como “Veneza Brasileira”, Recife depende de suas mais de 50 pontes para possibilitar deslocamentos. Sem elas, o único meio de transporte até a Ilha de Antônio Vaz e ao Bairro do Recife, por exemplo, seria por barcos. Além de proporcionarem essa facilidade de locomoção, a beleza delas junto às paisagens foram e são capazes de inspirar músicos e poetas, formando a identidade da capital para o Brasil e mundo. Assim, preservá-las é também manter viva a construção da cidade que conhecemos hoje - e, finalmente, é o que tem acontecido nos últimos meses.

Após tempos precisando de reparos, as pontes do Centro vêm ganhando uma repaginada desde o final de 2021, seguindo uma tendência da gestão atual em focar esforços na região, que atualmente está abandonada em diferentes aspectos, tanto de moradia, quanto de manutenção. Ao todo, são gastos R$ 957.577,07 em sete equipamentos. O prazo de término da ação é até o final de fevereiro.

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Até a publicação desta matéria, já estavam prontas a Maurício de Nassau, que manteve as cores amarela, marrom claro, framboesa e cinza, e a Buarque de Macedo, que, antes nos mesmos tons da Maurício de Nassau, agora está verde, laranja e marrom claro. Os olhos mais atentos também perceberam a mudança na Ponte Princesa Isabel, que liga a Rua da Aurora ao Palácio do Campo das Princesas. Além de manter o verde, agora estampa um framboesa. Durante visita da reportagem, ajustes eram feitos nas suas características luminárias.

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TÁ BONITA Ponte Princesa Isabel, que liga a Rua da Aurora ao Palácio do Campo das Princesas, agora está pintada em tons de verde e de framboesa, dando um colorido mais especial para o espaço - DAY SANTOS/JC IMAGEM
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Ponte Maurício de Nassau nas cores marrom claro, framboesa, amarelo e cinza escuro - DAY SANTOS / JC IMAGEM

Segundo a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), responsável pela manutenção das pontes, a paleta de cores escolhida considerou uma base neutra com cores quentes, que sugerem energia e alegria, contrapondo ao próprio aspecto mais cinzento do entorno, formado por prédios e pavimentação. “As cores no tom terracota e azul, apesar de ainda manterem contraste, são de espectro mais sóbrio, evocando natureza e imponência. Esses tons de cores harmonizam entre si, inserindo-se nas paisagens que tanto marcam o Recife e o definem como a Veneza Brasileira”, explicou a pasta.

A Ponte Limoeiro, que também vem precisando de um "banho de loja", ganhará, além de nova coloração em tons de laranja e framboesa, um parapeito de concreto no lugar do atual, que é de metal. Ainda estão em processo de renovação a Ponte Velha, cuja cor atualmente está descascando, mas será amarela e cinza, a Duarte Coelho, que terá tons de laranja e verde, e a da Boa Vista (ou de Ferro) que, segundo comerciantes locais, teve as lâmpadas furtadas nos últimos meses.

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Ponte Velha precisa de manutenção. Segundo a Prefeitura do Recife, será renovada em breve - DAY SANTOS / JC IMAGEM
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Ponte Duarte Coelho também deverá ter as cores renovadas - DAY SANTOS / JC IMAGEM
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Ponte da Boa Vista vem tendo as lâmpadas saqueadas, segundo comerciantes locais - DAY SANTOS / JC IMAGEM

"O pessoal saiu tirando tudo à noite para vender. Ela fica completamente escura. Aqui no Centro, falta uma melhoria como um todo, não temos infraestrutura para trabalhar. Mas ultimamente vi que a Ponte está sendo pintada", apontou Paulo Roberto Gomes, de 53 anos, que tem um comércio de família na Rua Velha há quase 40 anos.

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Também são feitas "pinturas dos postes metálicos, das obras artísticas, da meso estrutura e a recuperação do guarda corpo e seus ornamentos". Além das pontes, serviços similares são realizados, segundo a Emlurb, em parte dos cais da Alfândega, Martins de Barros e da Detenção.

Mas um importante equipamento do Centro ficou de fora. A histórica Ponte Giratória, ou 12 de setembro, ligação do bairro de São José ao do Recife, na foz do Rio Capibaribe, não estrou no pacote - e está, em aparência, em pior estado hoje. A pintura dos parapeitos praticamente já não existe e as bases estão visualmente desgastadas. Há pouco mais de um ano, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE) apontou que ela apresentava sinais de degradação. 

Sobre isso, a Prefeitura respondeu que abriu licitação no valor de R$ 9.473.411,82 em novembro de 2021 para sua recuperação. A expectativa é de que o processo licitatório dure três meses e que a intervenção seja concluída em até 18 meses. 

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Ponte Giratória não foi incluída no pacote de melhorias para pontes do Recife. Licitação está aberta para recuperação do equipamento - DAY SANTOS / JC IMAGEM
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Ponte Giratória não foi incluída no pacote de melhorias para pontes do Recife. Licitação está aberta para recuperação do equipamento - DAY SANTOS / JC IMAGEM

Ainda, a Emlurb explicou que são feitas vistorias periódicas com equipes técnicas especializadas nas pontes da cidade a cada cinco anos. "As vistorias são feitas a pé e também com auxílio de barcos. Os técnicos analisam e catalogam os principais problemas encontrados nas partes superiores e inferiores das estruturas, a exemplo de ferragem exposta, trincas, destacamento de partes em concreto, condições dos passeios, rede de iluminação, guarda corpo e pintura."

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