Os aproximadamente oito quilômetros da orla de Olinda vêm recebendo reparos desde junho de 2021, em uma revitalização de uma ponta a outra, que engloba desde a Praia do Farol até a Praia de Rio Doce. Hoje, já são vistos os resultados, como pinturas nas muretas, que ganharam as cores da bandeira da cidade, ajustes estruturais em equipamentos como as escadarias, instalação de novas lixeiras e o começo das obras para implantar banheiros públicos. O que chama atenção, no entanto, é a falta de reformas nos quiosques, os quais muitos estão pichados e outros abandonados.
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Renata de França, de 34 anos, que há 14 anos trabalha em um dos quiosques da Praia do Quartel, disse que já conversou com a Prefeitura sobre a necessidade de uma reforma, que foi justificada pela pandemia. "Existe sim um projeto, mas a questão agora é colocar em prática", afirmou. Mesmo assim, reconhece melhorias na região. "Com a pandemia, tiveram muitas dificuldades, mesmo assim já estão havendo algumas transformações boas visíveis. A Prefeitura tem cuidado mais da orla, da segurança e da limpeza", pontuou.
Recentemente, Recife vivenciou uma longa discussão sobre os quiosques da Orla de Boa Viagem, que em novembro de 2021, um ano após apresentação de projeto, ganharam uma data de início para revitalização. Antes, era previsto que as obras começassem em fevereiro de 2022, mas o início foi adiado para março. A previsão de conclusão é de 15 meses. Em Olinda, ainda não há previsão para que isso aconteça. Por nota, a prefeitura da cidade informou que "está realizando um estudo para requalificação dos quiosques, e que esta etapa deve ser concluída em 45 dias."
O ponto onde Renata trabalha é mais movimentado da orla. Com brinquedos e equipamentos de ginástica recentemente reinaugurados, o local atraía pessoas mesmo em uma segunda-feira, dia de visita da reportagem do JC ao local. "Antes era bem pior, hoje está um pouquinho melhor. A maior obra é nas escadarias de madeira, que estavam podres, mas agora estão recuperando. Estava precisando. A pintura está recente, então ainda está ótima", afirmou o aposentado Manoel Alves, 73 anos, que mora na cidade há mais de 40 anos.
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No trecho compreendido entre a Praia do Farol e a Praia dos Milagres, no entanto, só as escadarias foram reformadas e pintadas; enquanto as muretas continuam cinzas. Em alguns lugares, havia lixo nas pedras e placas de concreto que caíram do parapeito, além de calçadas, placas com aviso sobre riscos de incidentes com tubarões e bancos estarem quebrados.
Para a comerciante Claudielane Ramos, de 46 anos, esta é a altura mais esquecida da orla da cidade para as autoridades. Ela, que administra um comércio que há décadas está em sua família, disse “não ver melhorias no local”. “Esse começo da praia é abandonado, não vejo reparos, apesar de muita gente vir tomar banho aqui, na chamada antiga ‘Praia do Bate-Papo’. Os próprios frequentadores vivem colocando lixo pela praia, nós quem recolhemos; mas a Prefeitura disse que a reforma vai chegar aqui, estamos esperando”, disse.
O secretário-executivo de manutenção urbana de Olinda, Aluísio Andrade, explicou que o "banho de loja" ainda chegará ao local, até meados de abril. "Agora estamos em Bairro Novo, mas esse é um serviço dinâmico que estamos executando. Se fosse só manutenção, acabaria mais rápido, mas fomos in loco para perguntar a população do que ela precisava. Alguns serviços são mais estruturais, precisam de mais cuidado e tempo para serem executados", explicou.
O aposentado Luiz Carlos Pereira, 67, que costuma correr diariamente no calçadão, também aponta o perigo aos pedestres pela falta de ciclofaixa nessa extensão, o que faz com que as bicicletas subam nas calçadas, e a carência de iluminação à noite. "Quem vem para a praia pra descontrair não consegue, porque passa bicicleta e as vezes até moto [no calcadao]. Não tem um guarda municipal, ninguém fiscalizando para mandar descer. Além disso, Olinda como um todo é deficiente em iluminação pública, e na orla nem se fala. Precisa melhorar", pediu.
Segundo Aluísio, a iluminação da orla é deficitária por furtos de cabeamento. "A maioria era subterrâneo, mas colocávamos em um dia, e à noite já tinham levado. Tivemos que lançar cabos aéreos em alguns pontos, mas mesmo assim furtavam. Estamos intensificando as equipes de manutenção, que ficam por lá quatro dias por semana, principalmente em Bairro Novo e Rio Doce, e o problema já tem melhorado", avaliou.
Novos banheiros
Uma demanda antiga entre comerciantes e frequentadores da praia é a falta de banheiros públicos na orla. "[Hoje] mal tem banheiro público, essa é uma deficiência muito grande de Olinda. Qual turista vai querer vir para uma praia assim? No Recife e em Jaboatão têm, mas aqui não", disse Luiz Carlos. Em 31 de janeiro de 2022, a Prefeitura de Olinda informou ter dado o primeiro passo para a construção de três banheiros fixos no calçadão. Ao todo, serão três equipamentos, um em Bairro Novo, perto da antiga Praça do Quartel, outro no final de Casa Caiada e um terceiro na Praia da Santa, em Rio Doce, próximo ao limite com a cidade de Paulista, único que já tem o espaço cercado para início das obras.
A primeira etapa dos trabalhos começou com a fundação ligar as redes de água e esgoto. Toda estrutura tem previsão de ser concluída num prazo entre 60 e 90 dias. Para a construção dos equipamentos, são gastos R$ 181 mil dos cofres municipais. Os banheiros terão 32 metros quadrados e contarão com quatro sanitários, sendo um masculino e outro feminino e mais dois para pessoas com mobilidade reduzida. Eles terão iluminação iluminação zenital, com entradas de luz por meio de pequenas ou grandes aberturas para proporcionar iluminação durante todo o dia. A gestão dos banheiros à própria Administração Municipal.