POLÍCIA

Polícia diz que filho de líder rural teria sido morto em Barreiros por traficantes que queriam comprar terra do pai

A investigação apontou que o pai da criança não quis vender as terras e que, por isso, teria sido alvo de uma tentativa de homicídio que acabou tirando a vida do filho

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 17/02/2022 às 17:11 | Atualizado em 19/02/2022 às 10:48
Coletiva na Policia Civil sobre o caso da criança de 9 anos que foi assassinada em Barreiros. - GUGA MATOS/JC IMAGEM

A Polícia Civil afirmou, nesta quinta-feira (17), que Jonatas Oliveira, de 9 anos, teria sido morto por traficantes que queriam comprar as terras do pai dele, o líder rural Geovane da Silva Santos, para criar cavalos. O crime ocorreu em Barreiros, Mata Sul do Estado, no último dia 10. A investigação apontou que Geovane não quis vendê-la e, por isso, teria sido alvo de uma tentativa de homicídio que acabou tirando, por engano, de acordo com os depoimentos dos suspeitos, a vida do filho. A família da vítima não estaria envolvida na rede de tráfico.

"Os suspeitos disseram que fazem parte de uma rede de tráfico de drogas na região e que seus líderes estariam interessados em um pedaço de terra que seria do pai da vítima para que eles criassem cavalos. Foram com um valor que é pouco para o valor da terra, e o dono, então, teria rejeitado. Eles ficaram chateados e foram cobrar ao pai da criança", contou o delegado Marcelo Queiroz, titular da Delegacia de Palmares, designado para o caso.

Até agora, dois homens foram presos, Manoel Bezerra Siqueiro Neto e Michael Faustino da Silva, e um adolescente de 15 anos foi apreendido. Os três foram encontrados pela polícia no Engenho Cocal Grande, na área rural de Tamandaré. O adolescente e um dos presos teriam confessado a participação.

COLETIVA Investigadores deram informações sobre andamento do inquérito, sem prazo para conclusão - GUGA MATOS/JC IMAGEM

Por Geovane ser presidente da associação de agricultores familiares do local, acreditava-se que o crime aconteceu por um conflito rural. Ainda que esta não seja a principal linha de investigação, o delegado afirmou que nenhuma versão está descartada, e que o caso continuará a ser investigado até a conclusão do inquérito.

Na decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), ficou definido que os dois presos devem ficar em celas separadas dos demais, para evitar ameaças à integridade física dos investigados a pedido dos próprios custodiados.

Os suspeitos contaram aos policiais que, na noite do crime, seis ou sete homens invadiram a casa, renderam os presentes e atiraram no ombro do pai da criança, que conseguiu fugir pelos fundos da casa. "A versão de um deles é de que eles teriam achado que o pai teria corrido para debaixo da cama, e então teriam alvejando, de forma incorreta, a criança."

Nenhum dos suspeitos disse que atirou na criança, mas que ficaram do lado de fora da casa, armados, para conter uma possível fuga. "Como foram detidos, é normal que eles tentem se livrar da responsabilidade do tiro no menor, e passá-la para quem ainda não foi localizado", pontuou o delegado.

A polícia acredita que o mandante do crime já está recluso no sistema carcerário, mas não deu detalhes sobre onde estaria e quem seria. O delegado disse ainda que mais duas pessoas foragidas também possam estar envolvidas.

ENCONTRO

A coletiva aconteceu um dia antes da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), sob presidência do deputado Carlos Veras (PT/PE), sair em missão oficial, autorizada pela Presidência da Câmara, para acompanhar as investigações do caso. O objetivo é prestar assistência à família e ouvir a comunidade. Também estão previstas, nesta sexta-feira, reuniões com o prefeito do município, com o governador de Pernambuco e o presidente do Tribunal de Justiça do estado. No último 15 de dezembro, a comissão fez diligência na Mata Sul após ter recebido denúncias de agricultores sobre conflitos agrários na região.

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