A lenda da construção da nova passarela em frente ao Hospital das Clínicas, na BR-101, continua. Após três anos de espera, as obras foram paralisadas cerca de quatro meses após o início, e não têm data para serem finalizadas.
Enquanto o Departamento de Estradas e Rodagens de Pernambuco (DER-PE) diz aguardar autorização da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) para continuar o serviço, a CPRH afirma que o projeto nunca teve análise solicitada.
A autorização é necessária porque o projeto prevê que parte da passarela ocupe o jardim projetado por Roberto Burle Marx (1909 - 1994), na antiga sede da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife. Nele, há árvores frondosas que precisam de autorização oficial para serem retiradas.
Por não ter recebido pedido de análise, a CPRH mandou paralisar o serviço. A estrutura deveria ter sido construída em 2018, quando a anterior foi demolida, e é considerada fundamental para a travessia segura de pedestres na rodovia.
Apesar de ser considerada fundamental, diferentes departamentos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - responsável pelo conjunto da Sudene - relataram o descontentamento com o projeto em reportagem do JC em novembro do último ano.
As críticas iam desde a falta de acessibilidade aos pacientes com dificuldades de locomoção até a destruição parcial do jardim projetado por Burle Marx.
Por isso, na manhã dessa terça-feira (26), a CPRH e o DER-PE participaram de reunião junto aos departamentos de arquitetura e engenharia da UFPE para discutir o projeto. “Há duas questões importantes apontando contra o projeto atual: o dano ao jardim e a falta de acessibilidade. Cabe à universidade com estudiosos mudá-lo e achar uma nova solução”, pontuou a arquiteta e urbanista Ana Rita Sá Carneiro.
Enquanto isso, pedestres continuam em risco
Situada na Cidade Universitária, na Zona Oeste do Recife, a passarela é uma demanda urgente dos pedestres, que se arriscam atravessando a rodovia. Quando concluída, permitirá a retirada do semáforo instalado em 2018 - já que a existência do equipamento no local é contra a recomendação das regras de segurança viária, segundo a coluna Mobilidade, deste JC.
O autônomo Gilberto da Silva é um dos que se arriscam diariamente na BR-101. "A pista é perigosa, fácil de ter acidente. já morreu muita gente aí. Com a passarela, é melhor, porque aqui é ruim de atravessar e o sinal demora muito", disse.
Até a interrupção dos serviços, havia sido fundado o pilar central da passarela e parte da rampa no terreno do HC. A planta prevê fundações em estacas pré-moldadas em concreto protendido, com rampas, escadas e trecho principal de passagem. Tudo pelo custo de R$ 730 mil, com recursos do governo federal.
Por nota, o DER-PE esclareceu que o “prazo para início de execução das obras será imediato à liberação de retirada de parte dessa vegetação”, e que a previsão é de que a implantação seja executada ainda este ano. Por fim, disse que "as intervenções já iniciadas na obra serão utilizados na construção do equipamento", e que, até o momento, "não efetuou nenhum pagamento pelas ações já executadas."