Com informações de Amanda Remígio, da TV Jornal
Dois dias antes de completar dois anos da sua maior perda, Mirtes Renata recebeu ligações acima do comum. Era a resposta pela luta que vem travando na Justiça desde que perdeu o filho Miguel. Sarí Corte Real foi condenada a 8 anos e seis meses pelo crime de abandono de capaz com resultado de morte no caso do menino Miguel. Mas, Mirtes não ficou satisfeita. Hoje, ela fez uma mobilização no Centro do Recife, no dia que marcou a morte do filho, ao lado de movimentos sociais. Sobre a ponte de ferro, no bairro da Boa Vista, uma faixa com a mensagem "Queremos justiça por Miguel" ficou estendida aos transeuntes.
Organizado com a Articulação Negra Pernambuco (Anepe) e a Change.org, o ato relembrou os dois anos de morte de Miguel. Para Mirtes, a mobilização significou dar continuidade à luta na justiça. "Não estou satisfeita com a pena de 8 anos e 6 meses. Era para ser a sentença máxima pelo crime que ela cometeu. E muito menos satisfeita ainda pelo fato dela recorrer em liberdade. Tudo bem, eu sei que está na lei, mas sei que essa lei não é aplicada para todos. Ela teve privilégio de que essa lei fosse contemplada para ela de uma forma certa. E isso devia ser para todo mundo, mas não é", disse Mirtes no protesto.
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"Isso foi uma pequena parte da nossa vitória, dessa luta que a gente vem travando há dois anos. Não só minha, mas dos movimentos sociais que estão comigo nessa luta e de toda sociedade civil, que não é só do Brasil, mas fora do Brasil. E a gente vai continuar lutando até que ele esteja na cadeia. Porque o objetivo da nossa luta é essa: não só a condenação, mas a prisão dela", comenta Mirtes, que vai recorrer da decisão judicial.
Luta pelo filho
Além de ter um significado pessoal, o dia 2 de junho também se transformou em luta para Mirtes. Então, estamos aqui hoje, marcando os dois anos de passagem de Miguel. Sendo bem sincera, Não está sendo fácil, dois anos sem meu filho. É doloroso demais. É doloroso demais não ter meu filho em casa para dar beijo, abraço, cuidar, educar meu filho, dar muito amor meu filho. Escolhemos aqui pelo fato de que recife ocorreu essas chuvas, essa tragédia, e também pelo fato de consciência não fizemos em frente às torres gêmeas para não atrapalhar o trânsito no momento que estamos vivendo delicado".
"Precisamos deixar as vias livres para o trânsito de ambulâncias, corpo de bombeiros, defesa civil e principalmente carros que estão levando donativos para a periferia, que está sofrendo com o deslizamento de barreiras e tudo mais. De qualquer forma, estamos aqui marcando os dois anos sem Miguel", comentou.
Além dos atos, a mãe também conta que foram protocolados em 24 casas legislativas o Dia do Menino Miguel. A proposta é de ser um dia de combate à violência contra as crianças, principalmente as negras, como o filho dela.
INSATISFAÇÃO
Além da insatisfação com o resultado, Mirtes afirmou também que foi comunicada diretamente pela justiça depois que já havia saído na imprensa. "Eu achei estranho, o juiz não ter dito diretamente a mim e aos advogados. Porque tem uma página que podemos acompanhar o processo. E lá não tinha nada. Do nada, todo mundo começou a noticiar, ficamos de surpresa. Só tivemos acesso, ontem, que lemos tudo. O certo é passar primeiro a informação para a gente e não para mídia", explicou.