Com informações da repórter Beatriz Albuquerque, da TV Jornal
A mãe do jovem assassinado na última sexta-feira (8) por um empresário de 50 anos no Edifício Morada dos Navegantes, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, desabafou, em entrevista à TV Jornal, sobre o caso. O estudante Breno Felipe Machado, de 28 anos, era o namorado da enteada do suspeito, que atirou contra si mesmo e morreu no local.
Segundo Maria Laudjane, o filho já comentava sobre o que se passava na família, e que ele não concordava. No entanto, a mulher não quis entrar em detalhes sobre o assunto, visando preservar a nora.
"No domingo ele veio para minha casa e me explicou o que estava acontecendo, que não cabe a mim falar. Ele voltou para a casa da namorada na quarta, porque amava ela. Meu filho estava no lugar errado e na hora errada. Ele morreu em ato heróico. Queria que ele tivesse sido covarde; mas se tivesse sido, não seria ele", disse a mãe, Maria Laudjane.
As investigações partem da premissa de que o empresário não aceitou o fim do relacionamento com a ex-companheira, e decidiu se vingar. Por isso, na manhã de sexta, rondou o prédio onde eles moravam por horas, até conseguir entrar pela garagem quando um carro estava saindo. Então, pegou o elevador, subiu até o 4º andar e atirou contra a ex, de 50 anos, a filha dela, 20, e contra Breno. Depois, se matou.
As três vítimas foram socorridas. Ele, baleado no peito, até o Hospital da Restauração (HR), na área central do Recife, onde deu entrada às 9h28 e veio a óbito às 10h15. A mulher e a filha até o Complexo Hospitalar Unimed Recife - que não informa à imprensa sobre o estado de saúde de ambas.
Durante entrevista no Instituto Médico Legal (IML) do Recife, nesse sábado (9), quando foi reconhecer o corpo de Breno, Maria Laudjane afirmou que a nora estava estável. Ainda, comentou sobre a relação de amor que o filho e a jovem tinham.
Dinâmica do crime em condomínio
O então casal teria se mudado para o apartamento no último domingo. No entanto, o relacionamento foi rompido nesta semana, e o condomínio recebeu ordens da mulher de que o homem estava proibido de entrar.
Vídeo mostra que ele ficou rondando o local por horas e entrou pela garagem quando um carro estava saindo. Então, subiu até o apartamento e chamou todos os ocupantes para o hall.
"Ele ficou arrodeando o prédio todinho. A ordem era para ele não subir mais, porque não morava mais aqui, já que estava separado. Mas ele pegou a passagem do carro que estava saindo e subiu a rampa armado", relatou o zelador Roberto dos Santos.
O zelador disse que chegou a conversar com o homem, que pediu para ele se afastar.
"Eu cheguei perto dele e perguntei 'não é nada com a gente, né?', e ele disse, 'não, só vou pegar o elevador', e eu disse 'você não sabe que não pode?' e ele mandou eu me afastar", afirmou o zelador.
"A gente ligou para o apartamento e disseram 'não deixe subir', mas como a gente não deixaria? Se estava armado? Quatro ou cinco minutos depois escutamos os tiros", completou.
Lá, desferiu os tiros e depois tirou a própria vida com um tiro na cabeça. Equipes do Instituto do Criminalística (IC) encontraram o corpo dele caído no hall.
"A situação se deu no corredor. Ele se suicidou com um disparo na cabeça. A gente verificou que tinha uma vítima próxima ao local onde ele se lesionou, de 30 a 50 centímetros, lesionada, e que ele se suicidou ao lado dela", disse o perito Ranon Barros.
"Há duas perfurações nas paredes do hall. Fizemos registros e imagens para determinar se houve algo no apartamento ou não", completou.
A costureira Marla Souza, que mora no prédio ao lado, ouviu os disparos. "Os tiros foram um em sequência do outro, escutamos três tiros e depois mais dois, [enquanto gritavam] ‘solta, me larga’. Mas a gente não sabia de onde vinha. Foi desesperador", contou.
O trânsito da Rua dos Navegantes havia sido bloqueado pela polícia, mas já foi liberado.
Viaturas do SAMU, da PMPE, da PCPE e do Instituto de Medicina Legal (IML) estiveram no local. Por nota, a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) informou que as equipes estão em diligências e "ainda não é possível passar mais informações" sobre o caso.
Feminicídios em Pernambuco
A coluna Ronda JC informou que a Secretaria de Defesa Social (SDS) somou, entre janeiro e maio deste ano, 34 casos de feminicídio. Foram 12 mortes a menos do que no mesmo período de 2021. Além disso, 16.614 vítimas de violência doméstica procuraram as delegacias do Estado para denunciar seus agressores neste ano.