Um casarão histórico localizado em Rio Formoso, na Mata Sul de Pernambuco, está passando por um processo de restauro para recuperação dos seus traços originais. A edificação, que fica no Engenho Machado, remonta ao século 19 e é citada em um dos diários do Imperador Dom Pedro II, durante passagem pelo Estado em 1859.
Hoje, estão sendo recuperados os pisos, escada e assoalhos do primeiro andar do imóvel a partir de um financiamento de R$ 250 mil do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura-PE).
Mas a reforma do imóvel começou ainda em 2007, quando o juiz de Direito Francisco Julião de Oliveira Sobrinho o comprou. À época, apenas as paredes estavam de pé, mas em ruínas; toda a parte de telhado já não existia e a vegetação estava tomando a parte interna da casa. Mas, com recursos próprios, ele interrompeu um lento e profundo processo de deterioração.
Primeiro, ele restaurou a estrutura fundamental e, na sequência, a sua parte interna, com assoalhos e janelas. Com a morte do proprietário, em 2016, a família deu seguimento ao projeto.
Como contrapartida, os herdeiros abrem a edificação para visitação de alunos de escolas públicas do município e já promoveram uma oficina gratuita sobre preservação do patrimônio histórico, tanto para moradores como para trabalhadores técnicos que trabalhariam nesta obra ou em outras intervenções com foco na preservação do patrimônio histórico.
“Esse projeto vai além da questão da recuperação do imóvel histórico, que, por si só, é muito importante: é um projeto que busca integrá-lo à comunidade, seja pela visitação dos estudantes, seja pelo curso de preservação do patrimônio, como também tem potencial para exploração como ponto turístico e cultural”, explica a arquiteta Maryanne Oliveira, responsável técnica pelo projeto de restauro e filha do idealizador do restauro.
IMPORTÂNCIA HISTÓRICA E CULTURAL
O edifício, com piso e primeiro andar, é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) desde 1979. Ele tem uma arquitetura colonial típica das edificações da época.
Há registros da passagem do imperador d. Pedro II pelo casarão quando visitou Pernambuco nos meses de novembro e dezembro de 1859, em uma das suas incursões pela Mata Sul. A passagem está registrada no diário “Viagem a Pernambuco”, onde ele registrou: “De tarde fui ao alto da Fazenda Machado (...) donde se vê a barra do Rio Formoso com o célebre reduto (...) mostrando-me a direção do rio ou gamboa e do canal, que reúne os rios Formoso e Sirinhaém” (páginas 118 e 119).
Segundo a família proprietária, o projeto de restauração vai continuar gradualmente. Cada nova etapa precisa da aprovação dos órgãos que cuidam da preservação do patrimônio histórico com a finalidade de não descaracterizar a edificação. “Projetos como este, de restauro do casarão e resgate da sua história, ajudam a reforçar identidades locais”, afirma a arquiteta Maryanne Oliveira.