Após o pedido de demissão de Sergio Moro do governo federal, o Brasil tem um novo ministro da Justiça e Segurança Pública. Trata-se de André Luiz de Almeida Mendonça, de 46 anos, que estava ocupando, até então, a Advocacia-Geral da União (AGU). A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (28).
Além disso, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também nomeou Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal (PF), no lugar de Maurício Valeixo, que foi exonerado na última sexta-feira (24).
>> Bolsonaro diz que Moro cobrou indicação para vaga no STF antes de demissão
>> Moro mostra suposta troca de mensagens que comprovariam acusações contra Bolsonaro, diz jornal
André Mendonça é aliado de Bolsonaro e um dos nomes cotados pelo presidente para assumir a vaga de Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal (STF), depois de sua aposentadoria, que se dará em novembro. Jair Bolsonaro, inclusive, já disse considerar Mendonça para o STF por se encaixar no perfil "terrivelmente evangélico".
Antes da escolha, o nome cotado para o cargo foi o do ministro Jorge Oliveira, porém, logo a sua possível indicação foi contestada por ele ter proximidade com a família Bolsonaro, o que poderia ser questionado mais à frente.
Nomes como o do ministro do Tribunal Superior do Trabalho Ives Gandra Martins e do desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4 ) Thompson Flores, que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à prisão, também eram cotados para a vaga de Moro.
Com a ida de André Mendonça para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o procurador-geral da Fazenda Nacional, José Levi Mello do Amaral Júnior, assume a vaga na Advocacia-Geral da União (AGU).
O novo diretor-geral da Polícia Federal, Alexandre Ramagem, estava à frente a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele teve o nome questionado pelos senadores Randolfe Rodrigues e Fabiano Cantarato por ser amigo de Carlos Bolsonaro, filho do presidente que, hoje, é investigado pela PF por suposto esquema criminoso de espalhar fake news.
Bolsonaro foi questionado sobre a proximidade de Ramagem com seu filho e respondeu a uma seguidora nas redes sociais. "E daí? Antes de conhecer meus filhos eu conheci o Ramagem. Por isso, deve ser vetado? Devo escolher alguém amigo de quem?", afirmou.
Na última sexta-feira (24), Sergio Moro, anunciou a demissão após um ano e quatro meses à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O estopim para a saída foi a decisão de Bolsonaro de trocar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, indicado para o posto por Moro.
O ex-juiz e, agora, ex-ministro explicou que o problema não foi a troca em si, mas o motivo pelo qual Bolsonaro tomou a atitude. Segundo Moro, o presidente quer "colher" informações dentro da PF, como relatórios de inteligência.
"O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, que ele pudesse colher relatórios de inteligência, seja diretor, seja superintendente. E realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação", declarou Moro em coletiva.
No mesmo dia, o presidente da República realizou coletiva para rebater Sergio Moro e afirmou que nunca interferiu em qualquer investigação da PF, mas disse que procurou saber, “quase implorando”, sobre casos como o da facada que sofreu durante a campanha eleitoral de 2018. “Não são verdadeiras as insinuações de que eu desejaria saber sobre investigações em andamento”, declarou.