PSOL desiste de candidatura própria no Recife e propõe frente de oposição com Marília Arraes

Grupo de militantes e dirigentes do PSOL questionam a regularidade da decisão e querem manter pré-candidatura de Paulo Rubem
Luisa Farias
Publicado em 08/07/2020 às 16:57
Severino Alves, presidente do PSOL-PE Foto: Foto: Divulgação


Atualizada às 18h49

Após reunião plenária na noite dessa terça-feira (7), O PSOL decidiu desistir de uma candidatura própria para a disputa pela Prefeitura do Recife nas eleições deste ano, com o objetivo de firmar aliança com a pré-candidata Marília Arraes (PT) e outros partidos de esquerda. 

O PSOL tinha duas pré-candidaturas postas: a do presidente estadual Severino Alves e a do ex-deputado federal Paulo Rubem. Uma outra corrente do partido permanece defendendo o nome de Paulo Rubem Santiago e questiona a regularidade da decisão do partido tomada nessa terça (7). 

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Apesar de ter se colocado como pré-candidato, Severino vinha se manifestando a favor de uma alternativa de esquerda em oposição aos apoiadores do governo do presidente Bolsonaro (sem partido) no Recife e também ao PSB, que governa a cidade desde 2013 com o prefeito Geraldo Julio. O nome socialista para disputar a sucessão de Geraldo deve ser o do deputado federal João Campos. 

"No ano passado a gente acreditava em um ambiente de discussão de nomes. Com o avançar da conjuntura política e fazendo um balanço político que há duas prioridades no processo eleitoral (oposição ao bolsonarismo e ao PSB no Recife), a gente avaliou que o investimento político na construção de uma frente de esquerda é necessário", afirmou o presidente estadual. 

Participam da reunião nomes como o vereador do Recife, Ivan Moraes (PSOL) e o mandato coletivo das co-deputadas Juntas, da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

"O PSOL é hoje o único partido que faz oposição à esquerda na Câmara e eu sinto que muita gente que milita na base de partidos que estão no governo, como o PT, estão descontentes com a gestão. Acho importante esse diálogo e acho que ainda cabe mais gente e outros partidos. A gestão de Geraldo afastou de vez a prefeitura de movimentos e organizações sociais que são muito atuantes na cidade. Esse descontentamento é visível dentro e fora dos partidos", afirmou Ivan Moraes nessa terça-feira (7). 

Partidos

No radar do PSOL estão partidos à esquerda do PSB em Pernambuco, a exemplo do PCB, a UP, partido recém-criado e a Rede Sustentabilidade. "A proposta dessa frente não é só partidária, mas é também de atores políticos nesse cenário que atores que possam contribuir com esse processo de acúmulo dessa frente", explica Severino. 

Questionado sobre o PDT, que tem o deputado federal Túlio Gadêlha como pré-candidato, Severino lembra que, assim como PT, o partido está na base aliada do PSB no estado. "Como também está parte do PT local ainda, mas a diferença de que ha uma sinalização nacional estabelecida no PT pela candidatura de Marília, de túlio ainda não há, mas a gente vê também Túlio como uma figura importante de oposição ao PSB no estado, achamos que ele junto com a frente pode cumprir um papel importante", afirmou. 

Grupo defende candidatura própria

Um grupo de dirigentes e militantes do PSOL afirma que a decisão tomada na terça (7) não está de acordo com o regimento e o estatuto da sigla, por ter sido feita em uma instância inadequada e sem a participação dos filiados. Segundo o grupo, ela vai de encontro a uma posição tomada pelo próprio partido no âmbito estadual de lançar candidatura própria, além de desrespeitar resolução do Diretório Nacional, do dia 30 de junho, que recomenda realização de prévias nos municípios quando há mais de um pré-candidato. 

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"Por quatro votos colhidos entre os sete membros do Diretório Municipal decidiu-se indevidamente pelo apoio ao nome externo, substituindo-se assim, dessa forma, a deliberação dos milhares de filiados do PSOL em Recife, a ser tomada em convenção municipal e, dessa maneira, cassando-se indevidamente a pré-candidatura do Professor Paulo Rubem Santiago", diz trecho de uma nota divulgada pelo grupo. 

O grupo decidiu levar a pré-candidatura de Paulo Rubem para a Convenção Municipal, que deve ocorrer nos dias 18 e 19 de julho, e apresentar esses questionamentos para a Direção Nacional do partido. "Quando você tem em qualquer cidade mais de um nome, a resolução diz que serão feitas prévias, dentro do processo democrático. Na apresentação dele (na reunião dessa terça, 7) Severino retirou o nome dele indicando apoio a uma candidatura de fora do partido. Se ele retirou o nome dele só ficou o meu, esse nome tem que ser levado para a apreciação dos filiados para saber se eles querem ou se querem uma outra tática", resumiu Paulo Rubem. 

Assinam a nota o Secretário Geral Nacional do PSOL Leandro Recife, o secretário de Organização do Diretório Estadual do PSOL-PE, José Gomes Neto, Isis Silva e Cleide Andrade, da Direção Estadual do PSOL, o presidente do Diretório Municipal do PSOL no Recife, Dayvison Caetano, Gabriel Augusto e Áurea Cisneiros, membros da Direção Municipal do PSOL Recife e o próprio Paulo Rubem. 

Marília Arraes 

O aceno do PSOL fortalece a pré-candidatura de Marília Arraes, que tem a benção da Direção Nacional do PT mas enfrenta resistência do diretório do PT no Recife, a favor da manutenção da aliança com o PSB. Nas eleições de 2018, após não conseguir viabilizar sua candidatura ao Governo de Pernambuco, a petista declarou apoio à candidata do PSOL, Dani Portela. 

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Nesta terça-feira (7), ela também saiu em defesa da formação de uma frente de oposição no Recife com a participação do PT e do PSOL. 

"PT e PSOL precisam firmar esta união porque está claro que tanto do ponto de vista nacional, com Bolsonaro, quanto aqui em Pernambuco e no Recife, com Governo do Estado e Prefeitura, o que se oferece é muito ruim para a população. Não há projetos de transformação social, mas apenas acertos políticos para manter no poder grupos que não têm compromisso em mudar a realidade das pessoas", disse a petista. 

Severino Alves alega que o PSOL não tem como objetivo interferir na dinâmica interna do PT. "Mas o que a gente tem dialogado no âmbito nacional entre e executiva do PSOL e do PT que a candidatura de Marília está consolidada em virtude", afimou. 

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O Diretório Nacional do PT chegou a lançar uma resolução recomendando o lançamento de candidaturas próprias em todas as capitais da Região Nordeste. A resolução trazia os nomes de Marília, do ex-deputado federal Márcio Macêdo, em Aracaju (SE) e o deputado estadual Fábio Novo, em Teresina (PI), e falava do acompanhamento da construção de candidaturas nas outras capitais. 

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