Única deputada federal pernambucana na atual legislatura - eleita com a segunda maior votação do estado - e vereadora do Recife por três mandatos, a candidata a prefeita do Recife Marília Arraes (PT) disputa pela primeira vez nessas eleições um cargo do Poder Executivo. Marília encabeça a coligação “Recife Cidade da Gente”, composta pelo PT, PSOL, PTC e PMB, e tem como candidato a vice-prefeito o advogado e ex-superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) João Arnaldo.
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Diferentemente de 2018, quando teve sua candidatura ao Governo de Pernambuco rifada em nome de uma aliança entre PT e PSB, desta vez Marília consolidou o seu nome sem maiores dificuldades, com a benção do PT Nacional. Isso fez com que ela tivesse mais tempo para se preparar para a disputa, tempo esse utilizado para discutir desde o início do ano as problemáticas da cidade com especialistas, setores econômicos e a própria população, o que subsidiou a formulação do seu programa de governo “Recife Cidade Inteligente”, pautado no combate às desigualdades.
Veja imagens da campanha de Marília Arraes:
A candidata tem pelo menos três programas já estruturados nas áreas da educação, economia e moradia a serem implementados pela sua gestão caso ela seja vitoriosa nas urnas.
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Com o programa Florescer, Marília pretende fazer um diagnóstico do déficit de vagas nas creches municipais e zerar a fila, atendendo todas as crianças de 0 a 4 anos do Recife. “Vamos criar espaços comunitários, adaptando imóveis das próprias comunidades para fazer essa creche e vamos capacitar mães da própria comunidade para trabalharem nesses espaços com toda a orientação pedagógica e nutricional. É importante dizer também que essas mães que deixarem os seus filhos na creche vão ter uma rede de apoio de combate à violência doméstica, de capacitação profissional, de inserção em programas de assistência social também”, explica Marília, em entrevista ao JC.
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Já o Programa Retomada é uma proposta de auxílio popular com uma linha de crédito de R$ 1 mil a R$ 5 mil voltada para microempreendedores. O pagamento será feito em 24 meses sem juros e a prefeitura deve subsidiar metade do valor emprestado.
Com o Programa Revitalizar, Marília pretende requalificar o Centro do Recife, atraindo as pessoas para morarem no local, por meio da construção de habitacionais e reforma de imóveis abandonados. “Nós temos que envolver a iniciativa privada nessa questão da requalificação. Mas nós vamos também discutir com eles uma contrapartida em relação, por exemplo, às palafitas que existem na própria Ilha Antônio Vaz. A requalificação do Centro não pode ser vista só o Marco Zero, Guararapes. Tem todo o centro expandido, uma parte que foi esquecida, que é a parte mais pobre, e que pode ter também a colaboração da iniciativa privada para combater essa situação de desigualdade que as pessoas vivem”, afirmou Marília.
Ainda na questão da moradia, a petista também propõe a realização de obras estruturais nos morros da capital pernambucana, e promete acabar com um terço dos pontos de risco nos dois primeiros anos de mandato.
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Marília tem dito que a demanda da saúde básica é uma das mais urgentes do Recife. Por isso, ela propõe o aumento de pelo menos 25% das equipes de saúde da família, a criação de três centros de medicina diagnóstica e instituição do Programa Farmácia do Bairro. “Vamos abrir um credenciamento para as farmácias de bairro e que as pessoas possam sair do posto de saúde e retirar o seu remédio na farmácia de bairro. Isso facilita a aquisição de medicamentos, gera uma economia para a prefeitura”, explica.
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PT
Mesmo tendo seguido com a sua candidatura em 2020, Marília precisou lidar com um embate direto não com os seus adversários na disputa, mas sim com o grupo petista ligado ao PSB que queria a manutenção da aliança entre as duas siglas e, portanto, era contra o lançamento de candidatura própria do PT. No início da campanha, ela chegou a ser criticada por eles por não fazer uma defesa contundente do legado do PT e do ex-presidente Lula, e também por não se utilizar com frequência da cor vermelha e da estrela, símbolo do partido. Na época, ela rechaçou as críticas e as classificou como “desonestas”.
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Uma das lideranças do PT, Oscar Barreto chegou a ensaiar uma dissidência para apoiar João Campos (PSB), mas acabou entregando o seu cargo de secretário de Saneamento Básico do Recife. Com isso, o partido deixou de participar da atual gestão municipal. Em paralelo, Marília e Humberto Costa - que elegeu-se senador na chapa do governador Paulo Câmara em 2018 - começaram a se aproximar.
A gente combate os poderosos, porque na vida a gente precisa ter coragem<br>Marília Arraes
A ligação histórica entre PT e PSB no estado e no Recife vem sendo rejeitada no discurso da candidata, que busca diferenciar a sua candidatura da de João Campos (PSB) seu principal adversário, salientando o fato de ter rompido com os socialistas já há alguns anos.
A petista foi até São Paulo no final de outubro para gravar vídeos para o guia eleitoral com o ex-presidente Lula. Depois de uma fase inicial de apresentação de propostas na campanha, ela passou a salientar mais o apoio dele e também a defesa do legado do seu avô Miguel Arraes.
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O slogan “É Lula, é Arraes, é Marília Arraes” agora encerra a maioria das suas propagandas. Ainda assim, ela critica o uso, segundo ela, eleitoreiro do nome de Arraes feito pelo PSB e diz que nunca fez da política “um assunto de família”.
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“Arraes não é o meu sobrenome e o PT não é só o meu partido. Pense num orgulho que eu tenho de carregar no nome e no lado esquerdo do peito essas duas histórias de luta de resistência, de defesa da democracia e de combate às desigualdades. Mas não esqueça: Eu sou Marília”, diz a candidata em um dos seus guias eleitorais.
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