Primeiro convidado da TV JC para a série de sabatinas sobre educação que o Jornal do Commercio está promovendo em parceria com o Todos Pela Educação, Mendonça Filho (DEM) afirmou que, caso já estivesse no comando do Executivo da capital pernambucana neste momento, defenderia o retorno imediato das aulas na rede pública municipal, desde que o movimento não gerasse riscos à saúde de estudantes e professores. A entrevista durou aproximadamente 30 minutos e foi ao ar nesta terça-feira, às 19h.
"Eu defenderia (o retorno às aulas), mas na rede municipal nós não temos uma infraestrutura adequada (para receber os alunos). 70% das escolas da rede sofrem com infiltrações, são condições precaríssimas. As escolas do Recife estão absolutamente distantes de dar uma garantia mínima para educadores, professores, demais profissionais que atuam nela e, principalmente, para as crianças. O meu compromisso como prefeito é garantir a todas as crianças acesso à infraestrutura educacional e qualidade educacional que possa garantir a elas o mesmo padrão das escolas privadas", detalhou o democrata.
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Desde o início da pandemia provocada pelo coronavírus, no início deste ano, as escolas do Estado estavam fechadas. Em outubro, o governo estadual liberou a retomada das aulas presenciais no ensino médio. No fim do mês, a Secretaria Estadual de Educação divulgou um calendário autorizando o retorno gradativo das aulas presenciais para o ensino infantil e fundamental em instituições particulares. O cronograma não vale para a rede pública.
Durante a entrevista, Mendonça disse concordar com o retorno das aulas nas escolas particulares, mas afirmou que se sente triste por não haver, até o momento, uma previsão de quando as atividades serão normalizadas nos ensinos infantil e fundamental da rede pública. "Eu lamento que a gente não possa assegurar às crianças e aos jovens do Recife e de Pernambuco o mesmo contexto (das escolas particulares). Já existe uma defasagem muito grande entre estudantes de escolas particulares e estudantes de escolas públicas e a pandemia veio para agravar isso. É lamentável o fato de que alunos de escolas particulares e de nível superior já estão frequentando escolas, mas com relação à área pública não há sequer uma data para isso", disparou o candidato.
Mendonça, que foi ministro da Educação do governo do presidente Michel Temer (MDB), também aproveitou a ocasião para ressaltar ações promovidas durante sua gestão à frente do MEC e tecer críticas duras à condução de políticas educacionais durante os governo do PT e do PSB no Recife. "Como ministro da Educação, em uma leva só eu liberei seis Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) para o atual prefeito, Geraldo Julio (PSB). Quantas saíram do papel? Nenhuma. Por que? Porque o prefeito não teve capacidade de disponibilizar terrenos. Incompetência, inoperância e falta de vontade política de resolver isso. Mas nós temos vontade política e vamos fazer com que essas soluções não fiquem no meio do caminho", declarou.
Questionado acerca de detalhes sobre as ações de valorização profissional para os professores da rede municipal que cita no seu programa de governo, o candidato disse ter o desejo de promover reajustes salariais e investir na qualificação da categoria. Além disso, o democrata afirmou que pretende reduzir ao máximo o número de contratados na gestão através da realização de concursos públicos.
"Eu fui abordado por um professor em Casa Amarela que pediu que eu garantisse para ele que se fosse eleito iria fazer concurso para professor. As gestões do PT e do PSB gostam muito de fazer contrato temporário. Prometem, prometem e nunca fazem concurso. A quantidade de temporários é gigante e o meu compromisso é de fazer concurso. Sem isso você não motiva, não engaja, não realiza uma verdadeira revolução pelo compromisso do professor. Não há como promover um salto de qualidade (na educação) se você não tiver o professor como base, elemento de fortalecimento de toda a reestruturação da área da educação", detalhou Mendonça.
Na sabatina, o postulante também reapresentou suas propostas de governo para a educação, como a criação de 10 mil novas vagas em creches, o Programa Aluno Conectado e a instalação de escolas em tempo integral para o ensino fundamental. Ao explicar de onde viria o dinheiro para fazer todas essas coisas, o ex-governador de Pernambuco afirmou que buscará apoio do governo federal, mas que retirará grande parte dessa verba do que considera "desperdício" da atual gestão. "Graças a Deus eu sei fazer dinheiro. Eu sei tirar dinheiro do desperdício. A máquina municipal gasta R$ 49 milhões por ano em manutenção predial, R$ 20 milhões por ano em aluguel de veículos, cerca de R$ 70 milhões em publicidade. Vamos tirar esse gasto supérfluo e destinar para a área que é prioritária", finalizou.
As sabatinas seguem nesta quarta-feira (4), quando a repórter Margarida Azevedo entrevistará a candidata do PT à Prefeitura do Recife, Marília Arraes, também às 19h. Na quinta-feira (5), o entrevistado será João Campos (PSB), às 18h, e na sexta-feira (6) será a vez da Delegada Patrícia (Pode) ser sabatinada, às 19h. As entrevistas vão ao ar nas redes sociais do JC e no canal da TV JC no Youtube.