O prefeito reeleito de Jaboatão Anderson Ferreira (PL) anunciou nesta terça-feira (17) o apoio à candidatura de Marília Arraes (PT) no segundo turno da eleição do Recife, após reunião entre os dois no final da tarde. O apoio de Anderson se une ao do Podemos, partido da Delegada Patrícia, que ficou em quarto lugar na disputa, de ex-senador Armando Monteiro (PTB) e do deputado estadual Álvaro Porto (PTB). Marília tem articulado apoios desde o início da semana, depois de ter obtido 27,95% dos votos e passado para o segundo turno contra João Campos (PSB). O apoio do presidente estadual do Cidadania e deputado federal Daniel Coelho também é cogitado.
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Anderson saiu vitorioso nas urnas, com 54,26% dos votos, já no primeiro turno na eleição de Jaboatão, o segundo maior colégio eleitoral de Pernambuco, atrás apenas de Recife. Ele também é presidente do PL-PE - partido que em Recife integrou a coligação do candidato Mendonça Filho - e uma das principais lideranças da oposição em Pernambuco.
"Nosso trabalho tem feito a diferença em Jaboatão, mas é importante que o Recife também volte a fazer a diferença. Só assim a Região Metropolitana do Recife vai conseguir combater os problemas sociais que vêm se acumulando e que causam reflexo para todos", afirmou Anderson Ferreira.
Ao longo da campanha, com mais intensidade nessa reta final, Marília procurou se colocar como legítima candidatura de oposição ao PSB do prefeito Geraldo Julio, que apadrinha João Campos. “Anderson tem feito um grande trabalho em Jaboatão, e dado exemplo de como se cuida das pessoas. Tenho certeza de que faremos uma grande parceria e juntos vamos resgatar o desenvolvimento econômico e social dos municípios da Região Metropolitana do Recife", apontou Marília.
Em nota enviada à imprensa nesta terça-feira (17), o presidente estadual do Podemos e deputado federal Ricardo Teobaldo explicou que, agora, sem a Delegada Patrícia na disputa, o partido enxerga em Marília a representação da oposição ao PSB. "Nestas eleições fizemos uma dura oposição ao PSB e enxergamos que esta oposição está representada de forma muito clara na candidatura de Marília, que é um quadro de renovação dentro de seu partido e, há muitos anos, faz oposição ao PSB, a despeito de posicionamentos divergentes de seus correligionários", falou.
O presidente ainda disse que respeitava a decisão da ex-candidata Patrícia em se abster do apoio ao PSB ou PT, e que os militantes do partido têm liberdade para escolher o posicionamento que preferirem.
"Mesmo tendo recebido mais de 100 mil votos dos recifenses, a candidata do Podemos não conseguiu chegar ao segundo turno, e já anunciou que irá se abster de apoiar qualquer candidatura nesta nova etapa eleitoral. Mesmo respeitando a posição da candidata, o Podemos vem a público, e de forma institucional, declarar o seu apoio a Marília Arraes", diz outro trecho da nota.
Assim como Armando Monteiro, Ricardo Teobaldo já esteve no palanque do PT. Na eleição de 2016, o Podemos, que ainda se chamava PTN, integrou a coligação "Recife Pela Mudança" que tinha como candidato João Paulo, à época, filiado ao PT e, hoje, filiado ao PCdoB. A chapa era formado por PRB (hoje, Republicanos), PT, PTN (hoje, Podemos), PTdoB (hoje, Avante) e PTB.
Após garantir que não ia apoiar o PSB no segundo turno das eleições majoritárias no Recife, o ex-senador Armando Monteiro Neto (PTB), em conversa com a reportagem do JC, confirmou, nesta terça-feira (17), que vai apoiar Marília Arraes.
"Diante do cenário que se desenhou no segundo turno, Marília representa a expressão da oposição ao projeto do PSB e oposição à gestão do PSB no Recife. Ela é a expressão do que parece ser um reposicionamento do PT em Pernambuco no sentido de fazê-lo um partido independente e não linha auxiliar do PSB, como vinha sendo com cargos no governo e na Prefeitura do Recife. Existe o PT governista e existe, agora, com Marília, a perspectiva de um PT independente, que se coloca claramente como oposição ao PSB", afirmou Armando Monteiro Neto.
Cabe destacar que o apoio do ex-senador não representa o apoio de seu partido, o PTB, pois a sigla baixou uma resolução em setembro proibindo alianças com PT, PSOL, PDT, PCdoB, REDE, PSB, PCB, PSTU e PCO. Hoje, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson é alinhado ao presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido).
Não será a primeira vez que Armando Monteiro Neto estará em um palanque do Partido dos Trabalhadores. Na última eleição municipal do Recife, em 2016, ele estava na coligação do candidato a prefeito João Paulo, que estava no PT e, hoje, integra o PCdoB. A chapa era formado por PRB (hoje, Republicanos), PT, PTN (hoje, Podemos), PTdoB (hoje, Avante) e PTB.
Além de senador, Armando foi ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Dilma Rousseff e votou contra o impeachment da presidente petista no Senado. Ele também já elogiou o ex-presidente Lula em diversas ocasiões, o classificando como "a maior liderança popular do Brasil".
Já em 2018, quando a candidatura de Marília Arraes a governadora de Pernambuco foi rifada pelo próprio PT em troca de uma aliança com o PSB, Armando Monteiro saiu em defesa da neta de Miguel Arraes. Ele chegou a classificar o ato como "um golpe no PT de Pernambuco".
Outro membro do PTB a apoiar Marília Arraes foi o deputado estadual Álvaro Porto. De acordo com o parlamentar, é momento de unir forças para remover o PSB do Executivo da capital.
"Entro na campanha porque Marília demonstrou que tem força para administrar a cidade e sabemos que ela vai fazer o que deve ser feito: abrir todas as contas da Prefeitura, expondo aos órgãos de fiscalização e à Polícia Federal as irregularidades e os desmandos da gestão socialista”, disse o parlamentar em nota.
Para Porto, a candidatura de Marília representa, agora, o "não que a população do Recife deu ao PSB no primeiro turno". "Grande parte do eleitorado do Recife não aguenta mais este grupo que está aí e disse isso nas urnas. É esta realidade que nos motiva a declarar apoio a Marília", disse o deputado.
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