O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse, na manhã desta segunda-feira (7), não estar frustrado com o resultado da votação no Supremo Tribunal Federal (STF), que rejeitou a possibilidade de reeleição ao posto de Maia e, também, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
"De jeito nenhum (estou frustrado). Agora, os quatro ou cinco nomes que tenho para a sucessão trabalham com mais energia. É um grupo que representa uma Câmara contra a interferência de outro Poder. Precisamos de candidato que faça a Câmara livre de interferência", afirmou Rodrigo Maia em entrevista à Globo News. Ele ainda apontou cinco deputados que podem ser lançados com seu apoio. São eles: Baleia Rossi (MDB-SP); Marcos Pereira (Republicanos-SP); Luciano Bivar (PSL-PE); Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Elmar Nascimento (DEM-BA).
>> STF barra reeleição de Maia e Alcolumbre na Câmara e no Senado respectivamente
O julgamento da ação protocolada pelo PTB começou na última sexta e se estende até o fim da próxima semana. Os 11 votos já foram registrados mas, até que o resultado seja proclamado, os ministros ainda podem mudar de posicionamento.
Maia disse respeitar a decisão do Supremo. "Acho que a decisão precisa ser respeitada. Em outras decisões foram feitas mutações no que está na Constituição, como no caso da prisão em segunda instância, nessa se seguiu o que está na Carta Magna, mas o que for decidido precisa ser respeitado", destacou.
A candidatura apoiada pelo governo Jair Bolsonaro à Presidência da Câmara deve ser a do deputado federal Arthur Lira (PP), líder do Centrão. Lira está em um campo político diferente de Rodrigo Maia, por estar mais alinhado com Bolsonaro, enquanto Maia viveu turbulência com o governo durante seu mandato na Câmara.
Ainda assim, Maia disse que não trabalha contra Lira, mas em favor da independência da Casa. "Vamos trabalhar a favor da Câmara, que por muitos anos foi apêndice de governo, mas na minha Presidência foi de diálogo e muita independência. Desde o governo Michel Temer, do qual o meu partido era aliado, e, agora, mais ainda, pelo perfil que mudou. Não teremos uma candidatura contra o governo, não é contra ninguém, é em favor da Câmara. Mas, infelizmente, a candidatura do governo é conta Maia, mesmo depois de tudo que aprovei", lamentou o parlamentar.
Durante a entrevista, que foi conduzida pela jornalista, Andréia Sadi, Rodrigo Maia teve de responder se enxerga Bolsonaro como favorito na eleição de 2022 para a Presidência da República. Segundo Maia, os próximos meses serão decisivos para se afirmar esse favoritismo do presidente, ou não.
"Hoje, não posso dizer se Bolsonaro é, ou não, favorito para a reeleição. Os próximos meses serão decisivos, e o presidente vai ter de decidir se continua no campo dele ou se caminha ao centro. Ele tem um núcleo de apoio inicial que ele respeita muito, eu também respeitaria, mas as decisões do governo em relação às pautas do Congresso será decisivo. O governo trabalha para ser popular com austeridade ou caminha para flexibilização sendo populista? As pessoas acham que a vitória das eleições municipais foram mais duras para Bolsonaro do que a vitória de Joe Biden (nos Estados Unidos). Eu acho que o Biden tem um peso maior nesses movimentos populistas ou populares, que o impacto dessa vitória é maior que o impacto das eleições municipais, até porque Bolsonaro não tinha candidatos", afirmou Rodrigo Maia.
Maia também voltou a citar o nome do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), como um dos nomes para se dialogar em 2022. Já no sábado (5), em entrevista ao jornal O Globo, Maia afirmou que para a eleição presidencial o "caminho de centro continua aberto", citando o nome do governador Paulo Câmara (PSB) como um bom quadro para uma "grande aliança de centro".
>> Centro ganha força para 2022, mas Bolsonaro e o PT não estão fora do páreo pela Presidência
"O que é necessário é uma grande aliança de centro. Que haja maturidade. Acho que temos nesse campo uma grande convergência em grandes assuntos. O importante é que que consigamos discutir a questão econômica. Há nomes como (João) Doria, (Luciano) Huck, Paulo Câmara", disse Rodrigo Maia. "O PT, apesar de ter força inicial, a eleição de 2020 mostrou que eles precisam se reorganizar. Vejo que a centro-direita e centro-esquerda terão dificuldade de forma separada, unida será candidatura favorita ou com chances no segundo turno contra o candidato à reeleição (Bolsonaro), completou.