Como costuma ocorrer a cada dois anos, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal iniciaram o ano completamente imersos nas negociações ligadas às disputas pelo comando das Casas Legislativas. Na Câmara, dois candidatos devem concorrer ao posto, os deputados federais Baleia Rossi (MDB-SP) e Arthur Lira (PP-AL). Já no Senado, um pernambucano está entre os cotados para a disputa, Fernando Bezerra Coelho, mas como o seu partido, o MDB, decidiu ainda dezembro lançar apenas uma candidatura para o pleito deste ano, ele precisará conquistar apoio interno e bater outros três postulantes da legenda antes de ser confirmado na corrida pelo cargo.
Além de FBC, que é líder do governo Jair Bolsonaro (sem partido) na Casa, os senadores emedebistas Simone Tebet (MS), Eduardo Braga (AM) e Eduardo Gomes (TO) se apresentaram para disputar a sucessão de Davi Alcolumbre (DEM-AP). Se for confirmado pela agremiação e chegar a vencer a eleição no Senado, Fernando Bezerra será o primeiro senador de Pernambuco a assumir a presidência da Casa Alta desde a redemocratização, em 1985. Antes disso, o último pernambucano a ocupar o cargo foi o tio de FBC, Nilo Coelho, em 1983, quando o País ainda estava sob o regime militar.
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"O MDB tem amplas chances de, em parceria com outras frentes, apresentar um projeto de gestão para a mesa diretora que leve em consideração o empoderamento da bancadas e senadores a partir da tese da proporcionalidade, pois eu creio que exista, hoje, um protagonismo excessivo da presidência do Senado. É necessário que as deliberações do presidente da Casa façam eco às preocupações do governo brasileiro, para sairmos da pandemia com esperança de emprego, renda e estabilidade", afirmou FBC.
Atualmente, o MDB possui a maior bancada do Senado, com 13 senadores. De acordo com Fernando Bezerra, esse número deve crescer mais um pouco nesta quarta-feira (6), com as filiações dos senadores Rose de Freitas (ES), ex-Podemos, e Veneziano Vital do Rêgo (PB), ex-PSB. A caminho de Brasília, o senador pretende usar os dias que passará na capital federal para sentir o clima em torno da sua candidatura e "ver como as coisas estão evoluindo". O parlamentar acrescenta que o partido deve anunciar sua decisão entre os dias 15 e 20 de janeiro.
Além do MDB, o DEM já afirmou que terá candidato à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), que conta com a bênção de Alcolumbre para a disputa. Para vencer a competição, marcada para o próximo mês de fevereiro, são necessários 41 dos 81 votos da Casa.
O movimento suprapartidário Muda Senado também prometeu lançar um nome e já tem vários pré-candidatos lançados, como os senadores Álvaro Dias (Podemos-PR), Mara Gabrilli (PSDB-SP) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE), por exemplo. Com 21 membros, o grupo tem encontrado resistência em conquistar votos de senadores de fora do coletivo, o que tornaria muito difícil a eleição de um dos seus integrantes.
Desde a redemocratização brasileira, há 35 anos, apenas dois partidos foram eleitos para a presidência do Senado Federal, o MDB e o DEM. Das 20 eleições para o cargo que ocorreram de lá para cá, os emedebistas venceram 17, sendo 15 regulares e duas especiais, estas últimas realizadas para completar mandatos interrompidos pela renúncia do presidente no início da legislatura.
Um dos fatores que explicam essa hegemonia do MDB é o fato de que, recorrentemente, a sigla é a detentora da maior bancada do Senado. Segundo dados da Agência Senado, "foram 18 eleições da mesa diretora no início de cada legislatura desde 1985, e o partido chegou ao pleito em 1º de fevereiro com a maior representação na Casa em 16 delas. Uma das exceções foi o ano de 1997, quando tinha um senador a menos do que o PFL, e o resultado foi a primeira vitória de (Antônio Carlos Magalhães) ACM, representante da maior bancada".