Ao longo de seu mandato como presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ) não deu seguimento à tramitação dos processos de impeachment contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Porém, nos últimos dias, temas como o colapso da saúde em Manaus, no Amazonas e a briga política com João Doria (PSDB), envolvendo a gestão sobre a vacina contra o coronavírus, entre outros, fizeram com que os autores dos pedidos de impeachment fizessem uma pressão, nas redes sociais e em setores da oposição, para que o tema não seja engavetado.
>> Placar do Impeachment de Bolsonaro: veja posição de deputados sobre processo contra o presidente
>> Bolsonaro tenta falar com presidente da China para obter insumos de vacinas contra covid-19
>> Pedido coletivo de impeachment contra Bolsonaro vai incluir colapso por falta de oxigênio no Pará
Na última sexta-feira (15), panelaços contra o presidente foram realizados e no próximo sábado (23) deve haver uma carreata no Recife, organizada pelo PT, em defesa do impeachment. Hoje, dos 61 pedidos de impeachment contra Bolsonaro, 21 têm relação com o comportamento do presidente e do seu governo durante o combate à pandemia.
Parlamentares pernambucanos estão se posicionando sobre o impeachment, mas, até o momento, a grande maioria ainda não se pronunciou sobre o assunto. Além disso, apenas deputados de partidos de oposição, como PSB, PT e PDT, se manifestaram sobre o afastamento de Bolsonaro nas redes sociais.
A deputada federal Marília Arraes (PT) defendeu o impeachment nas redes sociais e afirmou que: "Não há transparência. O Congresso precisa retomar os trabalhos imediatamente e agir contra essa gestão genocida. Os partidos de oposição estão alinhados e vamos até o fim", afirmou a deputada.
Outro a defender o impeachment foi o deputado federal Wolney Queiroz (PDT), ele repercutiu nas redes sociais a fala do presidente de que cabe às Forças Armadas decidir se um povo vai viver na democracia ou na ditadura. "Bolsonaro só esquece que as Forças Armadas não estão a serviço da 'familícia' e sim do povo e do Estado Democrático de Direito! As Forças Armadas devem proteger a Constituição. Ou agimos agora ou o Brasil além de mergulhar no caos, afundará nas sombras", escreveu Wolney.
No PSB, ainda não há consenso. O deputado federal Danilo Cabral (PSB), por exemplo, já cobrou, por meio de uma hashtag, o 'impeachment urgente' de Bolsonaro. Porém, seu colega de partido e também deputado Felipe Carreras discorda de uma discussão sobre impeachment neste momento. Carreras vem destacando ser oposição a Bolsonaro, mas disse que o foco deve estar na vacinação contra a covid-19.
Em seguida, o parlamentar ressaltou ser de oposição. "Que fique claro: sou oposição ao Governo. A abertura de um processo de impeachment cabe, exclusivamente ao presidente da Câmara. Não concordo que seja o momento para isso. É hora do parlamento mostrar compromisso e atenção com a vacinação. O foco deve ser salvar vidas", escreveu Carreras, no Twitter.
O deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB) também se pronunciou em favor do impeachment e disse que Bolsonaro ''desrespeita'' a Constituição Nacional. "Bolsonaro é a principal vertente para o fascismo. O destino do Brasil não pode ficar nas mãos dele", afirmou.
Confira como os deputados se posicionaram no Twitter:
Basta! #ImpeachmentBolsonaroUrgente pic.twitter.com/n3CqMBiGLt
Impeachment
Caso o próximo presidente da Câmara, que será definido no início de fevereiro, decida levar à votação o impedimento, seriam necessários ao menos 342 deputados (dos 513) votando a favor, ou seja, dois terços da Casa. Isso para que o processo siga em frente, pois a votação da Câmara é apenas uma das etapas. Se aprovar o parecer, a Câmara está autorizando a instauração de processo contra a presidente da República. Caberá ao Senado processar e julgar a presidente. Se a Câmara rejeitar, o caso não vai ao Senado – é arquivado.
A escolha do novo presidente da Câmara será um fator decisivo para o seguimento, ou não, de um processo de impeachment. Até o momento, são nove candidatos e dois com maiores chances: Arthur Lira (PP) e Baleia Rossi (MDB). Congressistas já apontam que se Arthur Lira vencer, Bolsonaro estará "salvo", visto que o presidente da República apoia a candidatura do alagoano na Câmara.