O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teria afirmado a aliados que pode dar aval à sequência de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) até o final do seu mandato, que se encerra na próxima segunda-feira (1°). As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
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Três políticos próximos ao democrata confirmaram ao periódico que Maia teria ameaçado dar prosseguimento ao pedido de impedimento do chefe do Executivo federal. Além dos aliados, outro parlamentar afirma ter ouvido essa informação do coordenador político do governo, o ministro-general Luiz Eduardo Ramos.
Mais cedo, Maia, no entanto, negou, em entrevista à CNN Brasil, que tenha ameaçado abrir um processo de impeachment contra Bolsonaro durante conversa por telefone com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.
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“Não falei de impeachment e fui grosseiro, de fato”, disse Maia. O deputado afirmou que já enviou pedido de desculpas a Ramos. “Como ele não ia me atender, pedi que uma pessoa ligasse para ele, que deixasse registrado que de fato elevei o tom demais, de forma desnecessária”.
Ameaça em reunião
A ameaça de Maia em deflagrar o impeachment contra Bolsonaro não se restringem apenas a informações de bastidores. As notas taquigráficas da reunião da Mesa Diretora da Câmara, no dia 18 de janeiro, trazem declarações do deputado, que havia se irritado com a fala de uma aliada do candidato à presidência da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que o acusou de adotar uma atitude ditatorial na Casa.
Segundo os documentos da Casa, o democrata respondeu lembrando a defesa que Bolsonaro faz da ditadura e disse: "E, se o presidente continuar apoiando vocês nesse clima pesado, ele vai levar um impeachment pela frente, hoje ou amanhã".
Legislação
Pela Constituição, cabe ao presidente da Câmara decidir, de forma monocrática, se autoriza ou não a abertura de um processo de impeachment contra o presidente da República. O impeachment só é autorizado a ser aberto com aval de pelo menos dois terços dos deputados (342 de 513). Após a abertura, pelo Senado, o presidente é afastado do cargo.
No cenário atual, Jair Bolsonaro já é o presidente mais questionado em um único mandato. Ao todo, oficialmente, a Câmara contabiliza 62 pedidos de impeachment contra o capitão reformado. A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) contabilizou 65 petições contra si, mas em dois mandatos: 14 no primeiro e 51 no segundo.